Culinária equatoriana, saiba o que o onde comer no Equador

Muito semelhante à peruana e ainda pouco conhecida internacionalmente, a culinária equatoriana entrou para a minha lista de melhores lugares para comer na América do Sul. Com influências andinas e espanholas, mistura os frutos do mar do Pacífico com as iguarias cultivadas por indígenas da Amazônia e dos Andes. Neste artigo vai encontrar experiências gastronômicas e algumas das diferentes comidas tradicionais do Equador.

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Do cacau ao chocolate

Onde comprar e degustar chocolate no Equador

Em Quito

Republica del Cacao
Uma cafeteria com variedade em chocolates que caem muito bem como uma pausa da caminhada até para ingerir uma glicose e aguentar firme na altitude de 2.850 metros. Pedi chocolate quente em um balde de cerâmica em formato de cacau.
Onde: Venezuela, 976.

Yumbos Chocolate
Rápida aula e degustação, no entanto, achei as barras artesanais caras comparadas às outras opções. Localizado em uma casa colonial em frente à Plaza San Francisco, vale a visita pela arquitetura e vista elevada para a praça. A degustação foi parte do tour Mitad del Mundo.

Onde: Sebastián de Benalcázar.

Experiências da culinária equatoriana

A melhor maneira de experimentar a autêntica cozinha e observar a rotina dos equatorianos é almoçar nos mercados ou huecas (restaurantes familiares de bairro). Cada região tem os seus pratos típicos e nesses locais terá uma visão conforme o destino. Uma boa forma de encontrar esses lugares é seguir os moradores ou contratar um tour guiado como fiz em Quito. Embora tenham turistas, a maioria das mesas está cheia de moradores comendo a qualquer hora do dia.

Em Quito

Atente aos curandeiros xamânicos exercendo seu ofício no Mercado San Francisco e não deixe de passar pelo Mercado Iñaquito. Veja os endereços dos locais visitados:

Mercado Iñaquito
Onde: Avenida 10 de Agosto e o Rio Amazonas, tem acesso por todas as ruas ao redor.

Mercado San Francisco
Onde: em frente a Plaza San Francisco.

Cebiches de la Rumiñahui

Onde: rede de restaurantes em diferentes locais de Quito.

Ananá Café (hueca)
Onde: Gil R. Dávalos, bairro Mariscal.

Experiência sensorial da Quinti Travel

Para além do paladar e o comer com os olhos, a oportunidade de usar os outros sentidos durante uma refeição às cegas. A proposta da Quinti Travel é trabalhar com provedores locais e se envolver mais profundamente com as pessoas e a cultura do lugar. Fez tanto sucesso que essa atividade ganhou o Prêmio de Turismo Responsável WTM Latin America em 2023.

Já participei de degustações sensoriais para ativar os sentidos, mas essa te mostra por outro ângulo ainda não cogitado por mim: como os teus amigos ou parentes com deficiência visual comem? Convidar eles para uma refeição sensorial é praticar inclusão e mostrar empatia por se colocar no lugar do outro que vai se sentir inserido e feliz por fazer parte daquele momento.

Embora no dia não tivesse nenhuma pessoa com deficiência visual, foi uma amostra de experiência inclusiva possível de praticar em qualquer lugar. Começa desde a entrada no restaurante quando os olhos são vendados e uma pessoa te acompanha pelos corredores e escadas até a mesa, os integrantes se acomodam e o jantar inicia. Antes das refeições um treino com objetos e ingredientes para usar o olfato e as mãos, acertei alguns, mas nem todos.

Quem me levou para esse jantar foi a guia Jenny Loachamín.

Cozinha baseada em plantas e experiências na La Cuchara Orgánica

O centro cultural gastronômico La Cuchara Orgánica traz algumas experiências incríveis na cidade de Calacalí, um dos pontos exatos por onde passa a linha do Equador próximo a Quito. Ali, Pastora Tugulinago e sua família plantam, preparam refeições, trazem convidados e compartilham conhecimentos de bem-estar e slow food.

Cheguei para um almoço vegetariano e fui convidada a sentar no gramado com Aya Amatu para uma cerimônia indígena de relaxamento e agradecimento com pedras, flores, frutas e plantas desenhando uma mandala com fogo no centro. Foi para deixar as energias negativas de lado e se preparar para receber o alimento vegetariano.

De entrada provei o tradicional Tamal Quiteño (bolo de milho recheado com vegetais e embrulhado em folha de bananeira). O prato principal foi Seco de Chivo (tradicionalmente guisado de carne de carneiro, aqui trocado pelo gluten de trigo) e sobremesa foi sorvete com frutas e Miske (bebida alcoólica). Mas só molhei os lábios e nem recomendo por saber como a altitude faz mal para quem mora no nível do mar. Prove com moderação. Por fim, teve a degustação de chocolates Awki relatada acima.

Quem me levou para essa deliciosa tarde em Calacalí foi o guia Agustin Pantoja, também da Quinti Travel.

Em Cotopaxi

A Hacienda El Porvenir tem restaurante aberto ao público com menu criativo como Ceviche de Quinua. Os alimentos são comprados dos pequenos produtores e empreendimentos locais, já o queijo, leite, alguns vegetais e ervas são produzidos ali mesmo na propriedade. Leia a experiência de hospedagem.

Onde: a 4 km antes da entrada Norte do Parque Nacional Cotopaxi, em Machachi.

Culinária equatoriana em Cuenca

Passe nos mercados 10 de Agosto ou 9 de Octobre e nas panaderias. Há padarias e lojinhas de doces em cada esquina. Os doces são para festejar o Corpus Christi, mas fazem tanto sucesso que vendem o ano inteiro.

Mercado 10 de Agosto
Onde: na Calle Larga esquina Tarqui, no centro histórico.

Mercado 9 de Octobre
Onde: Hermano Miguel entre Mariano Cueva & Pío Bravo.

Cositas
Onde: Calle Benigno Malo 6-55

Rancho Hnos Prado
Onde: no Parque Nacional Cajas km 39.

O que comer na culinária equatoriana

O almoço é a principal refeição do dia, mas o café da manhã pode ser reforçado para dar aquela energia para passear na altitude. O típico inclui sopa de atum ou encebollado (caldo), ceviche e peixe frito com arroz e banana, e outros tipos de vegetais como milho, batata, quinua ou yuca (mandioca). Também pães de mandioca e polvilho. Há abundância de frutas por estar no meio do mundo, são encontradas por todos os cantos desde comida de rua até mercados como:

Chontaduros (vermelho ou laranja) é uma das frutas mais encontradas no Equador. São normalmente adicionados às saladas ou consumidos com mel e sal.

Um detalhe gostoso é pipoca, milho-tostado e salgado ou banana frita serem super comuns como entrada, assim como a sopa de galinha.

Para almoço e jantar, estes foram os pratos experimentados:

Locro é um ensopado herdado dos colonizadores espanhóis. Geralmente é cozido com grãos de milho branco secos, carne e vegetais. Miúdos, linguiças e bacon defumado podem complementar o prato. Provei uma versão chamada Yaguarlocro, parecido com mocotó acompanhado por abacate e morcela (linguiça de sangue de porco).

Hornado é um porco assado inteiro com a cabeça à mostra. É comumente visto nos mercados e carrinhos na rua.

Cuy (porquinho-da-índia) é servido assado ou frito, geralmente, acompanhado por molho de pimenta e batatas. Parece um galeto super leve e saboroso (principalmente a cabeça). E quem tem dúvidas em experimentar por ser um bichinho fofo, aviso que não estão em extinção e a maioria vem de pequenas propriedades rurais na Cordilheira dos Andes como vi durante a visita ao vulcão Quilotoa.

Ceviche (peixe cru, ou crustáceo, marinado em limão por horas) é muito comum na culinária equatoriana assim como em quase toda a América do Sul, a maior diferença para o peruano é ser servido como caldo e não seco.

Mote Pillo significa milho embrulhado, é basicamente milho, leite, gema de ovo, urucum, cebolinha e sal.

Canelazo é uma bebida quente feita de cana-de-açúcar que também esquenta por sua doçura ou quando colocam álcool, mas não recomendo para quem tem problemas de altitude. Neste caso, basta pedir sem álcool, costumam ter preparado para servir assim. Inclusive, é cortesia em diversos atrativos.

Miski é uma bebida alcoólica doce com denominação de origem e famosa em Calacalí, embora venha de outra cidade próxima, ali nos Andes. É obtida através da destilação e fermentação de tzawar (da planta agave). A transformação de açúcares em álcool é realizada exclusivamente com microorganismos nativos da zona, por meio de um processo espontâneo ou cultivado. Antes de existir o açúcar, os indígenas usavam o tzawar para adoçar quase tudo.

Quanto custa comer no Equador

Além de saborosa, a culinária equatoriana é muito econômica. Com U$ 20 pode fazer uma baita refeição, mas nos mercados e restaurantes de bairro, o menu do dia baixa para U$ 3 a U$ 5 por almoço em locais muito mais higiênicos do que vi viajando pelo Peru anos atrás. Claro, sempre há os restaurantes mais caros onde se paga pelo status, experiências ou vista, mesmo assim, o custo benefício é acessível comparado ao Brasil. Apenas fuja dos supermercados e shoppings, os preços são abusivos e não fazem o menor sentido nem para comprar um lanchinho. Viva os mercadinhos familiares e os mercados populares!

Por fim, tenho certeza de que a culinária equatoriana ainda vai ganhar muito espaço na gastronomia internacional e você vai querer provar. Se já experimentou, deixe sua dica nos comentários.

© Todos os direitos reservados. Fotos e relato 100% originais. Imagens de Roberta Martins e, sem marca, de William Pantoja e Quinti Travel.

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