CULTURAL

Metade do mundo: por onde passa a linha do Equador


Além das belezas naturais e cultura, um dos motivos de visitar o Equador era sentir como é estar na metade do mundo na pele, afinal, forças invisíveis e coisas curiosas acontecem nessa linha imaginária chamada Linha do Equador. O paralelo 0.00.00 que divide o planeta Terra entre noite e dia é o marco zero para determinação de latitudes. Neste artigo conto minha experiência por lá e em outros países onde a linha passa.

O que é a Linha do Equador e seus efeitos

O nome Equador surgiu milênios antes do país, vem do latim e significa equilíbrio, justamente por demarcar a divisa entre as duas metades do planeta: hemisférios norte e sul. Embora a linha do Equador passe em 13 países, é nesta parte da América do Sul onde está mais perto do sol pela altitude e mais importante, os incas, civilização que habitava o território, já sabiam desse conceito muito antes dos europeus chegarem. Tinham conhecimento da terra ser redonda e de estar exatamente no meio dela, como prova a palavra quito significa metade do mundo no idioma deles.

O que descobri ao chegar a capital Quito e fazer dois passeios diferentes passando pela Linha do Equador? Não é só um, mas vários os pontos onde pode sentir essas forças. Afinal, é uma linha cruzando o país de leste a oeste passando por estas localidades:

Mulher veste azul atrás de placa indicando Linha do Equador
Museu Intiñan
Mulher veste azul e óculos, segura uma letra T vermelha na mão. Ao fundo Monumento da Linha do Equador e céu nublado.
Mitad del Mundo
Monumento da Linha do Equador em praça. Mulher caminha em frente pelo calçamento de pedra
Monumento equatorial em Calacalí
Linha do Equador representada com pintura amarela no paralelepípedo e tijolos na parede
Rua em Calacalí

Ciudad Mitad del Mundo

O ponto mais famoso e movimentado é o Mitad del Mundo, estabelecido por pesquisadores franceses no século XVIII. Para contar como foi a expedição, construíram um complexo com diversos estabelecimentos turísticos como um museu científico e o marco determinando o ponto exato da latitude. Atualmente, há novos cálculos contestando a exatidão, mas a diferença são poucos graus e a metade do mundo realmente fica na região.

Passei na frente, tirei uma foto, mas não entrei por seguir o conselho dos locais para visitar onde os incas acreditavam ser o verdadeiro ponto 0.00.00 – Intiñan.

Museu Intiñan

Mulher veste conjunto azul em frente ao monumento da Linha do Equador, posa colocando um pé em cada sapato demarcando o hemisfério. Céu nublado, monumento de pedra e vegetação atrás
A famosa foto com um pé de cada lado da Linha do Equador, provando estar nos dois hemisférios ao mesmo tempo

O Museu Intiñan é mais simples e muito mais divertido por conta das experiências realizadas durante o tour guiado. A monitora explica de forma didática as diferentes teorias entre os incas e os franceses e prova como a linha que passa ali tem uma pressão diferente. Primeiro mostra a mudança de direção do movimento da água em um ralo, em cima da linha não tem redemoinho, já no lado do hemisfério sul é sentido horário, enquanto no outro é sentido anti-horário com mais velocidade, motivo dos furacões serem mais devastadores no hemisfério norte.

Então todos os turistas podem tentar:

  • Colocar o ovo em pé (quem consegue ganha certificado, eu não consegui, mas senti as forças ocultas);
  • Caminhar em linha reta (impossível se equilibrar na linha demarcada);
  • Fazer uma queda de braço com a monitora que ganha com a maior facilidade em cima da linha e fica equilibrado dando um passo para frente ou atrás;
  • Tirar fotos instagramáveis como calçando os sapatos gigantes, em frente ao letreiro e ao globo terrestre.
Praça de Calacalí e o monumento equatorial. Mulher caminha pelo calçamento de pedra com calça azul e blusa preta. Colina verde ao fundo e céu nublado
Praça de Calacalí e o monumento equatorial

Calacalí

O município mais próximo a esses dois museus se chama Calacalí, uma zona rural com praça principal, marco equatorial, igreja, museu e muita tranquilidade. Eu era a única turista por ali durante a semana, dizem ser mais movimentado nos finais de semana quando os atrativos abrem. Caso contrário somente por agendamento como foi planejada a minha visita.

O guia levou uma moeda e mostrou como ela fica parada na vertical quando posicionada no marco no meio da praça, a mesma Linha do Equador também passa por ali e tem um monumento semelhante ao Mitad del Mundo em tamanho reduzido. A linha continua pelas ruas de pedra e a moeda ficava facilmente equilibrada no seu trajeto, até eu consegui dessa vez.

Mulher veste colete verde em sala com parede amarela e objetos antigos. Na parede um quadro de uma mulher ocupa o maior espaço da imagem.
Claudia Oña no museu Casa Carlota Jaramillo

Não deixe de visitar o museu Casa Carlota Jaramillo, a personalidade do município era a uma das cantoras mais famosas do país, considerada a ‘Reina del Pasillo Ecuatoriano’. O museu, aberto especialmente para mim naquele dia (abre aos sábados), era onde morou Carlota Jaramillo e conta a sua trajetória por meio de objetos e documentos. O subsolo é sobre a música popular equatoriana com espaço para apresentações e foi lindo ouvir a monitora Claudia Oña soltar uma bela voz interpretando Carlota. Ela é apaixonada pela cantora e administra o museu.

Fachada de casa que virou museu
Casa Carlota Jaramillo

Outros pontos no Equador

Após visitar todos esses lugares perguntei se havia outros e Agustin Pantoja mexeu a cabeça confirmando ter mais dois pontos na região: Guachala e Catequilla.

Como visitar esses pontos da Linha do Equador: dois passeios guiados

A região visitada fica na província de Pichincha, distante 40 minutos ao norte do centro de Quito, e os dois tours buscam e levam no hotel.

O tour Mitad del Mundo, da Latin Adventures, nos leva para Intiñan como destaque do passeio de um dia que também inclui city tour no centro histórico de Quito, degustação de chocolate, mirante para a cratera do vulcão Pululahua e passeio de teleférico. Aconteceu desse dia o teleférico fechar ao público por problemas técnicos, como alternativa subimos no El Panecillo para uma vista 360 de Quito. Outra opção é o tour privativo e personalizado, podendo escolher onde visitar.

Cratera de um vulcão extingo virou terrenos para agricultura e moradia. Bordas do vulcão e vegetação verde. Céu nublado.
Pessoas construíram casas e moram na cratera do vulcão Pululahua, ao lado de Calacali

Já o tour da Quinti Travel é sobre as pessoas e a gastronomia equatoriana em Calacalí. Durante a caminhada pela cidade, o guia explica sobre a Linha do Equador e mostra os efeitos brincando com a moeda. Além disso, me levou no museu Casa Carloja Jaramillo e no Cuchara Organica, um espaço de bem-estar e gastronomia que resgata a culinária equatoriana baseada em plantas. Teve um almoço delicioso e degustação de chocolate.

3 mulheres e 2 homens fazem pose em restaurante próximo a linha do Equador
A família que nos recebeu no Cuchara Organica e o guia Agustin Pantoja

E aí, qual prefere? Recomendo fazer os dois e depois volte aqui para contar nos comentários.

Os detalhes sobre as comidas do Equador e os atrativos em Quito estão nos artigos dos links.

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Onde passa a Linha do Equador no mundo?

A linha do Equador atravessa 13 países: Equador, Brasil, Colômbia, Gabão, São Tomé e Príncipe, República Democrática do Congo, República do Congo, Quênia, Somália, Uganda, Indonésia, Kiribati e Maldivas. De todos esses, passei por 2 destinos na América do Sul e na África: Quito e província de Laikipia, exatamente em frente ao Monte Kenya.

Eu na Linha do Equador com Mount Kenya entre nuvens ao fundo
Na Linha do Equador no Quênia

No Brasil, a Linha do Equador corta os estados do Amazonas, Roraima, Amapá e Pará, mas somente Macapá, a capital do Amapá, tem fácil acesso e virou atração turística. Ali também pode fazer as experiências para sentir as forças invisíveis agindo.

Linha do Equador: mapa

© Todos os direitos reservados. Fotos e relato 100% originais. Imagens de Roberta Martins, Agustin Pantoja e sem marca de William Pantoja.

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Roberta Martins

Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 16 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram

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