ANGOLA

O que fazer em Luanda, capital da Angola


Aqui é Roberta atualizando o artigo do Agustin que vale a leitura pela história, mas o país mudou completamente e hoje é muito mais seguro para viajar. Inclusive, é um dos poucos países africanos que recebe voos direto do Brasil, conectando com várias outras capitais do continente. Além do português ser o idioma oficial, tem safari, praias e boa gastronomia. Enquanto Luando continua na minha lista de desejos, compartilho informações atuais enviadas pela TAAG, Linhas Aéreas de Angola.

O texto continua após os serviços recomendados no destino.

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Seguro viagem para Angola não é obrigatório, mas altamente recomendado.

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As opiniões expressas pelos viajantes colaboradores são próprias e nem sempre refletem o pensamento do Territórios. Conheça o autor ou deixe um comentário.

Turismo em Luanda

Segundo o Agustin, o melhor era conhecer a Ilha do Mussulo, ir à Ilha do Cabo, península que está em frente à baía. Também caminhar pelo centro e visitar a nova Luanda Sul, onde há uma Feira de Artesanato. Atualmente, os passeios mais recomendados são:

Baía de Luanda 
A Baía de Luanda é um cartão postal da cidade em uma extensão de cerca de 7 km, com muitas zonas verdes, restauração, área de ciclismo e desportos, e tem ligação com a zona da ilha do Cabo, com muitas opções de gastronomia nos bares e restaurantes de referência da cidade.

Fortaleza de São Miguel 
Um museu de guerra que já foi uma base militar e hoje é patrimônio nacional de Angola. A construção foi inaugurada em 1575 e foi a primeira construção defensiva do país. Este local tem uma das mais belas vistas da cidade.

Palácio de Ferro 
O engenheiro francês Alexandre Gustave Eiffel, autor da Torre Eiffel, também assina a estrutura do Palácio de Ferro, um belo exemplar da arquitetura angolana. Não se sabe exatamente quando o monumento foi construído, mas provavelmente entre os anos 1880 e 1890, na França, sendo levado para o país africano, quando foi adquirido pela Companhia Comercial de Angola. Hoje, o prédio é parte do Ministério da Cultura de Angola e rende uma visita inesquecível.

Quando ir a Luanda

De junho até a primeira quinzena de setembro, o destino oferece um clima memorável. Os dias sem chuva, pouco encobertos e com temperatura média entre 18 °C e 27 °C são ideais para passeios e diversas atividades ao ar livre.

Como chegar a Luanda

Partindo de Guarulhos, o voo mais curto sem escalas tem 8h15 de duração até Luanda. A companhia aérea TAAG oferece cinco voos semanais entre Brasil e Angola, com chegada ao Aeroporto Internacional 4 de fevereiro. 

Consulte no buscador

Banco Nacional de Angola, sede de Luanda
Banco Nacional de Angola

Hotéis em Angola

IHG InterContinental Miramar é o melhor avaliado pelo Booking.com, mas gosto dos hotéis da rede Protea que deve ser novo por ainda não ter avaliações.

O que precisa para visitar a Angola

Brasileiros devem ter passaporte com até 6 meses de validade, carteira internacional de vacinação (como a febre-amarela, malária e sarampo) e visto. O documento pode ser solicitado de forma online, pelo site do Governo Angolano.

Texto original Read in English

Minhas aventuras na Luanda Pós-Guerra

Viajar para a Luanda de 2005 foi uma das experiências mais marcantes da minha vida. Naquela época, a cidade era a segunda pior capital do mundo no ranking de qualidade de vida, perdendo apenas para a capital do Iraque e não era para menos… O local era reflexo de um país destruído que havia acabado de sair de uma guerra civil que durou 25 anos!

Vista aérea de Luanda
Vista aérea

É acolhedor viajar pelas outras ex-colônias portuguesas. Ver os diferentes sotaques, as formas similares de cultura e a alimentação. É impressionante como os portugueses conseguiram ir a um país tão grande repleto de tribos tão diferentes e fazer com que todos falassem seu idioma, adotassem o sistema de vida europeu e se convertessem ao catolicismo. E agora, independentes e com o retorno da paz, Angola vem crescendo como nunca, a taxas de 20% ao ano, sendo que os brasileiros estão entre os principais parceiros nesse processo de reconstrução.

Por dentro dos edifícios de Luanda
Por dentro dos edifícios

Já sou acostumado a ver misérias e favelas, mas é a primeira vez que presencio uma capital tão grande como Luanda inteira povoada por “vilas de emergência” e o mais chocante é ver o centro. Antes da guerra, a cidade era considerada uma das mais bonitas da África, apelidada de Copacabana. Em 2005, o panorama era bem diferente: com montanhas de lixo, esgoto ao ar livre, edifícios furados por balas de metralhadora e até tanque de guerra abandonado. A grande maioria dos elevadores destes edifícios parou de funcionar e virou poço de lixo. Os edifícios não têm iluminação interna e a única forma de subir são pelas escadas no meio do escuro. É tanta diferença com o que era que todos os cartões postais encontrados à venda são com fotos da cidade nos anos 70.

Av. 4 de fevereiro
Av. 4 de fevereiro

Um pouco de história

A época de dominação portuguesa foi marcada por maus tratos aos angolanos e muita segregação racial. Após a independência, o problema foi que os angolanos entraram em guerra entre si: um lado influenciado pelo socialismo de Cuba e o outro pelo capitalismo da África do Sul.

Lixo no centro de Luanda
Lixo no centro

O resultado foi um país devastado, com o interior tomado por minas terrestres. A capital foi inchada com imigrantes vindos de todos os lados e que foram ocupando, irregularmente, todos os edifícios abandonados pelos portugueses foragidos e construindo barracos em quaisquer espaços possíveis. A cidade hoje tem mais de quatro milhões de habitantes e passa por uma renovação exorbitante, refletindo a alta recuperação de todo o país.

Não é necessário dizer que viajar por ali não é fácil. São poucos os hotéis e todos os suprimentos são importados (até água potável). A energia elétrica tem que ser gerada, muitas vezes, através de geradores particulares a gasolina ou diesel, fazendo com que as tarifas das diárias sejam exorbitantes. Luanda é uma das capitais com o custo de vida mais caro do mundo inteiro.

Ficar bem localizado é importante, pois o transporte em Luanda é bem complicado: não há táxis nem ônibus, apenas candongueiros (perueiros). Dirigir é bem confuso: além do engarrafamento, dos automóveis em estado precário e dos vendedores perambulando pelo trânsito vendendo de tudo e até carregando potes de maionese com gelo em bacias apoiadas sob suas cabeças. Ou seja: dirigir é impossível para quem não é local.

Hospedagem em casa de local

Levando tudo isso em consideração, meu colega e eu acabamos aceitando o convite de um cliente e nos hospedamos na pousada da família dele. A boa vontade dele foi ótima, nos reduziu bastante o custo da viagem e era realmente possível ir a pé até o pavilhão da feira onde estávamos expondo os nossos vasos sanitários (sim, fui vender privadas na África). Contudo… não sabíamos bem o que nos esperava. O local era uma favela longe do centro. Na porta, havia um segurança com metralhadora, onde era necessário pedir para ligar o gerador de energia elétrica para poder acionar a bomba d’água e usar o banheiro… Uma experiência curiosa, digamos assim. E isso sem falar no gerente da pousada, que ficou sendo nosso motorista e sempre se atrasava horas para nos pegar, isso quando aparecia…

Seguranças armados da pousada
Seguranças armados da pousada
Vista do quarto da pousada local em Luanda
Vista do quarto da pousada
Vendendo privadas em Luanda
Vendendo privadas na África

Teve até epidemia

De carona e barbudo em Luanda
De carona e barbudo

Para complicar mais, ocorreu uma epidemia de Marburg exatamente nos dias em que estávamos lá. Marburg é um vírus altamente contagiante tipo o Ebola, que estava atacando uma região do país. Ele se espalha de todas as formas possíveis. Por esse motivo, desisti de fazer a barba. Fiquei com medo de ser contagiado pela água. E não foi exagero. Os avisos para se precaver da doença davam medo. Me aterrorizei com dicas do tipo: “coloque o familiar doente em um saco plástico fechado de forma que os seus vômitos e fezes fiquem no saco”.

Aventura de camburão

Com Sergei no restaurante Espaço Baía, em Luanda
Com Sergei no restaurante Espaço Baía

Além disso, a questão das minas terrestres por lá também é grave. Se precaver delas enquanto dirige pelo interior, faz parte da rotina dos que querem viajar pelo país. Ou seja, estes dez dias em Luanda de 2005 foram complicados. O primeiro dia da feira, por exemplo, foi suficiente para ver que não havia como ir caminhando para a pousada depois das seis da tarde. Chegamos à pousada graças à ajuda da polícia, que nos deu uma carona de camburão, com um detalhe: no meio do caminho, eles algemaram e trouxeram para o camburão um aldrabão* que estava roubando um telemóvel**. Foi super “legal” ficar ali do lado dos policiais com suas metralhadoras e do aldrabão algemado.

Praia da Ilha do Cabo
Praia da Ilha do Cabo

De qualquer forma, a África tem uma energia ótima e contagiante, apesar das dificuldades do dia a dia. Os angolanos te deixam confuso, mas é um povo de bom coração, são muito expansivos e amam os brasileiros. O melhor de tudo foi conversar com todos e ver como eles conhecem bem o Brasil. Morar no Rio de Janeiro é um sonho para muitos, mas foi curioso ver que a cerveja mais conhecida era a argentina Quilmes.

Vocabulário em português brasileiro

* ladrão
**celular

Turismo em Angola

Trânsito em Luanda
Trânsito em Luanda

Fiquei na vontade, mas não tive a oportunidade de conhecer o interior do país, que tem paisagens muito bonitas, com florestas e cânions, além da região desértica, na fronteira com a Namíbia, onde vive aquela tribo das mulheres que usam colares para alongar o pescoço super excêntricos. Fica para a próxima vez, espero que seja em breve…

Baía de Luanda
Baía de Luanda
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Mulheres de Luanda
Mulheres
Angolanos e o seu patriotismo
Angolanos e o seu patriotismo
Esgoto a céu aberto em Luanda
Esgoto a céu aberto

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Augustin Tomas o'Brien Caceres

Criado em uma família onde se falava espanhol, português, portunhol, italiolo e algo de inglês. Sempre se interessou por outros idiomas e hoje mora nos Estados Unidos e trabalha com comércio internacional na LE Group Industries. Siga no Linkedin

10 Comments

  1. Francisco Velho Reply

    Faço minhas as suas palavras e relatos, estive em Angola em junho de 2005 pela primeira vez e mais três vezes até 2008.
    O que você relatou é o que vivi naquele ano, inclusive sobre o Marbug, a situação da cidade pós guerra.
    Tínhamos um apoio de angolanos, um brasileiro e portugueses para nosso deslocamento, mas ficamos em casas locais.
    Único diferencial é que conheci muitas cidades em Angola no interior: Luena (Moxico), Uíge (Uíge), Huambo (Huambo), Benguela (Lobito e Benguela), Lubango (Huíla), Cabinda (Cabinda).
    Foi a experiência mais impactante em minha vida, tenho um carinho especial pelo povo angolano e ainda quero voltar a fazer um trabalho voluntário em Angola.
    Abraços!!

  2. Daniella Franco Reply

    Achei tri a tua viagem, que baita aventura!
    E adorei o teu relato: pareceu bem sincero e de coraçao.
    Concordo, sim, que muitas caracterisicas de um pais podem mudar em alguns anos – o que nao invalida o teu texto. De qualquer forma, tu deixaste bem claro que teu post retrata uma parte daquilo que tu viveste ha cinco anos.
    Acredito também que as pessoas tem que ter em mente que cada experiencia de viagem é unica. Cada qual tem suas visoes e percepçoes, e é por isso que vale a pena compartilhar nossos relatos de viagens.
    Parabéns pelo texto, mais uma vez!

  3. Muy bueno. Queria ver aquele anúncio sobre os “sinais de que há bombas terrestres nas proximidades”.

  4. Sou Brasileiro e moro em Luanda capital de Angola já à 3 anos, trabalho em uma construtora Brasileira e posso afirmar que já mudou muito com a construção de estradas habitações etc.
    A população ainda sofre com problemas de saneamento, transporte publico,segurança, o transito em alguns locais é caótico, mas a Luanda de 3 anos atraz é bem diferente da de hoje, um forte do povo Angolano são as tradições que crêem mais em curandeiros e feiticeiros do que na ciência, e um homem quando vai pedir uma mulher em noivado tem que pagar uma série de coisas a familia que vai de caixas de refrigerante, cerveja, tecido, roupas e dinheiro. Com tudo isso gosto daqui e me dou muito bem com os Angolanos.

  5. Por favor volte ao país em dias atuias, está mudado, cresceu muito, é óbvio que ainda não é nenhuma Pretória, ainda existe problemas sociais serissimos e as cicatrizes são profundas, mas ainda sim está melhor do que a 5 anos atrás, com certeza sua visão mudará. Todos esses medos de contrair alguma doença, ou pisar em alguma bomba, é tudo extremismo, isso acontece principalmente quando vão brasileiros para la, pois as vezes são tratados como se fossem reis -coisa que eu abomino-, e perdem a sensibilidade de entender as verdadeiras raízes da sociedade angolana. Sou brasileira e viajo todo fim de ano para la, acredite quando digo que a minha visão do país não é deturpada.

  6. Agustin Tomas Caceres Reply

    oi Gabriela! Pelo que tudo indica, devo voltar em breve com o maior prazer e vou escrever sobre os avanços todos. Quero muito voltar! Obrigado pelos comentários.

  7. william haddad Reply

    admiro este povo assim como tantos outros que lutam para cicatrizar feridas horrenda de um passado próximo de guerra e revoluções

  8. Agustin Tomas Caceres Reply

    Mudou basante sim. Quando eu fui, a guerra havia terminado há pouco tempo. As coisas ainda estavam se ajeitando. O pais passou por um desfalque financeiro grande ano passado, mas todos me comentam que não vou reconhecer Luanda hoje em dia. Que cresceu muito felizmente!

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