Para quem gosta de visitar locais históricos, quer aprender sobre a vida marinha, observar animais silvestres e aprecia frutos do mar frescos. Saiba que a cidade de Rio Grande é a mais antiga do Rio Grande do Sul e deu origem ao seu nome, além de abrigar a Reserva do Taim, a Praia do Cassino e a foz da laguna conhecida como Lagoa dos Patos.
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Rio Grande, cidade é noiva do mar e foz da Lagoa dos Patos
Reparou como as cidades gaúchas têm apelidos? Algumas do Caminho Rota Farroupilha têm nomes de mulheres poderosas, como Rainha da Fronteira, Princesa do Sul, Princesa das Coxilhas e Noiva do Mar.
Só não entendi se a noiva estava chorando de tristeza ou furiosa brigando com São Pedro na primeira vez que fiz um tour guiado na cidade. O temporal e a névoa densa nos acompanharam da chegada até a partida, atrapalhando fotos e caminhadas. Mas não a hospitalidade, a gastronomia e a rica história contada por Minéia, a guia de turismo local.
A noiva é temperamental. Conheço bem porque é minha amiga de infância, de férias em família e companhia mais próxima quando sinto saudades do mar. O Cassino, a praia mais longa em extensão (embora haja controvérsias, consta no Guinness Book), tanto pode apresentar um verde perfeito sem vento como pode te machucar com tempestade de areia e água barrenta. Nessa visita, estava cinza e sem horizonte. O lado bom é ter alternativas em caso de tempo ruim e listo as opções para todos os climas a seguir.


O que fazer em Rio Grande

Em dias ensolarados, há várias atrações ao ar livre, como passeios náuticos, trilhas, andar de vagoneta nos Molhes da Barra ou visitar as instalações portuárias: Porto Velho, Porto Novo e Superporto de Rio Grande. E no verão, turistas lotam a praia do Cassino, quando o número de atividades triplica.
Para quem aprecia arquitetura histórica (barroca e neoclássica), a colonização portuguesa tem presença forte em construções ao redor da Praça Xavier Ferreira. Entre os destaques estão a atual Prefeitura (antiga residência do Comendador de 1895), o Quartel General (1894), o prédio-monumento da Alfândega (1875), a Catedral de São Pedro (1755), o Mercado Municipal (1863) e a Biblioteca Rio-Grandense (1846), além dos prédios nas ruas próximas como o Sobrado dos Azulejos (1862), a Loja Maçônica União Constante (1840) e o Hotel Paris (1826).



Lista de atrativos abertos ao público em Rio Grande
A Catedral de São Pedro, em estilo barroco, é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Onde: na Praça Dr. Pio. Aberta de terça-feira a domingo das 9h às 19h e segunda-feira apenas pela tarde.
Atrás da catedral fica o Museu Sacro, com cerca de 2500 peças como joias, livros históricos e esculturas como a de São Francisco de Assis, do século XVIII. Aberto de segunda a sexta-feira das 9h às 17h.
A Praça Ferreira Xavier é um jardim neoclássico criado para comemorar os 100 anos de Rio Grande. Traz bancos para descansar, fontes, estátuas, plantas e árvores com mais de 200 anos. Ao redor, vai encontrar os prédios históricos:
Biblioteca Pública Rio-Grandense é a mais antiga do estado, com cerca de 450 mil livros, mais de mil raros.
Onde: na rua Gen. Osório, 454. Funciona de segunda a sexta-feira das 9h às 17h.
Mercado Público Municipal é lugar para comprar souvenir e provar da gastronomia popular. As docas ao lado têm uma bela vista da Lagoa dos Patos e da cidade histórica de São José do Norte, na outra margem. Todos os dias, de manhã cedo, pescadores vendem frutos do mar frescos como faziam há mais de 200 anos.
O Museu da Cidade do Rio Grande, localizado no interior do prédio-monumento da Alfândega e também tombado como Patrimônio Histórico Nacional, mostra a linha do tempo do município através de móveis, painéis e obras de arte. Antes de entrar, preste atenção na calçada, são azulejos hidráulicos originais do século XIX.
Onde: em frente à Praça Ferreira Xavier, com entrada pela rua Riachuelo. Aberto de segunda a sexta-feira das 9h às 17h.
Museu do Porto exibe mapas, maquetes, fotografias e documentos antigos da construção do Porto e dos Molhes da Barra.
Onde: no Armazém 1 do Porto Velho, na rua Riachuelo. A visitação é gratuita de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h e sábados pela manhã (pode fechar ao meio-dia).

Museu Náutico busca resgatar a cultura e o conhecimento náutico local através de acervo exibindo embarcações, equipamentos de navegação, mapas e maquetes.
Onde: no Armazém 4 do Porto Velho, na rua Riachuelo. Fechado temporariamente.
O atrativo mais visitado
O Museu Oceanográfico Prof. Eliézer de Carvalho Rios é o atrativo mais visitado na cidade. Foi o primeiro no país sobre vida marinha na década de 1950 e hoje abriga a maior coleção de moluscos e conchas da América do Sul, com mais de 51 mil lotes. No mesmo terreno, rodeado por jardins lindos para descansar e apreciar a vista para a lagoa, vai encontrar o Museu Antártico, contando a história da nossa base Comandante Ferraz no continente gelado; e o Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM) com possibilidade de ver bichos que chegam eventualmente cansados ou doentes na costa, então são levados para tratamento ou descanso até estarem prontos para voltar ao mar. Várias vezes já peguei pinguins, tartarugas e lobos-marinhos por lá.
Onde: na rua Capitão Heitor Perdigão, 10. Aberto de terça-feira a sábado, das 8h às 11h30min e das 14h às 18h. Domingo somente à tarde.
Na ilha em frente fica o Eco Museu Ilha da Pólvora, em uma casa neoclássica (1856) onde guardavam a munição dos militares. Hoje abriga exposições e oportunidade de observar a vida selvagem local preservada. Chega somente de barco com saída do píer do Museu Oceanográfico. Funciona de sexta-feira a domingo, das 14h às 17h30.

Ainda em Rio Grande, mas pegando a estrada
Pegando a BR-471 em direção a Santa Vitória do Palmar, pode passar o dia na Praia da Capilha, na Lagoa Mirim, ou parar para ver os animais no início da Estação Ecológica do Taim. Um grande viveiro natural de animais e vegetais, entre banhados, campos, lagoas, praias arenosas e dunas litorâneas. Capivaras e aves são os bichos mais comuns.
Curiosidades

Entre o verão e o início do inverno (com variações), o mar invade a Lagoa dos Patos, deixando os camarões presos e os pescadores aproveitam quando a safra é farta e sustentável. Esta mistura da água doce com a salgada faz o crustáceo ser único, natural e não criado em cativeiro. Experimente em diversos restaurantes da cidade ou compre fresco no mercado.
Sabia que o primeiro time de futebol do Brasil surgiu em Rio Grande? O Sport Club Rio Grande foi fundado em 19 de julho de 1900 e tem um Memorial para contar essa história.
Onde: na Gen. Bacelar, 197, também tem um marco histórico na rua Duque de Caxias, 90.
Não deixe de provar a Jeropiga, bebida alcoólica adaptada do Vinho do Porto. As garrafas vinham de navio, mas estragavam antes de chegar, então começaram a adicionar mais álcool (20%) e funcionou. Apenas cuidado com a doçura ao beber, pega rápido sem percebermos. Há 100 anos, a uva é plantada ali mesmo na Ilha dos Marinheiros, colhida no verão e vendida a partir de três meses após fermentada. É encontrada no Mercado Público e tão significante que foi reconhecida como patrimônio imaterial da cidade de Rio Grande.
Onde fica a cidade de Rio Grande?
Exatamente no encontro da Lagoa dos Patos com o mar, no leste do estado do Rio Grande do Sul, entre os municípios de Pelotas, Santa Vitória do Palmar e São José do Norte.
Hotel em Rio Grande

A melhor opção é o Hotel Laghetto Viverone pela vista do terraço, é o prédio mais alto da cidade. Já a localização para fazer um passeio histórico a pé e ter vista para a laguna sem prédios na frente é o Hotel Swan. Fiquei em ambos e recomendo pelo conforto e café da manhã.
Hotel no Cassino: Lira Apart Hotel abre o ano inteiro e é ótimo para famílias, conforme contei neste relato.
Onde comer em Rio Grande
Além de pedir um pastel de camarão ou siri e degustar a Jeropiga no Mercado Municipal, são várias opções de frutos do mar frescos e carnes gaúchas.
Restaurante Frozen Espaço Gastronômico tem de tudo um pouco e gostei bastante do linguado na última visita. Para opção econômica, peça o prato do dia.
Onde: na rua Dr. Napoleão Laureano, 413 – Centro. Aberto de segunda-feira a sábado para almoço e jantar até às 23h.
Restaurante Marco’s oferece os melhores frutos do mar em ambiente requintado, além da vista do prédio mais alto da cidade.
Onde: na rua Gen. Portinho, 208 – Centro. No terraço do Hotel Laguetto. Aberto diariamente para almoço e jantar até às 22h30.
Um pouco de história
Rio Grande é a cidade mais antiga do Rio Grande do Sul e origem do nome do estado. Fundada em 1737 pelo Brigadeiro Jose da Silva Paes, comandante da expedição para assegurar as terras para Portugal, quando espanhóis e portugueses brigavam pelo território do sul do Brasil até Colônia de Sacramento, no Uruguai. A foz da Lagoa dos Patos, antiga Barra do Rio Grande, era um ponto estratégico para erguer uma fortaleza — o Forte Jesus, Maria e José. Hoje não há resquícios, mas muito já foi encontrado em escavações arqueológicas próximas à Praça 7 de Setembro que colaboram com essa história.
Antes disso, os primeiros portugueses chegaram pelo mar no século XVI. Quando viram o estuário, acreditaram ser um rio e chamaram a região de Rio Grande. Como Rio Grande do Norte já existia, sul foi agregado ao nome do estado Rio Grande do Sul posteriormente. No século XVII, quando foi colonizado por espanhóis e jesuítas, ainda era chamado de Província de São Pedro. Então, os portugueses os expulsaram e o nome Rio Grande do Sul foi reforçado no século XVIII com a chegada dos açorianos.
Rio Grande continua um ponto estratégico por ser o único porto marítimo do estado, o mais importante do Mercosul para comércio internacional. Como toda importante zona portuária, recebe gente e influência cultural do mundo todo até hoje. A maioria da população é de origem açoriana, espanhola, alemã, polonesa, italiana e libanesa.
E A REVOLUÇÃO FARROUPILHA?

Rio Grande foi a grande frustração dos Farrapos por nunca ter sido tomada dos Imperialistas. Era a única saída portuária para o mar, virando ponto estratégico após a tomada de Porto Alegre. Isto acarretou prejuízo aos produtores de charque que não tinham como exportar o produto e afetou diretamente o patrocínio à revolução.
E por ironia do destino… Rio Grande ganhou o concurso da construção do túmulo para guardar os restos mortais de Bento Gonçalves, o líder da Revolução Farroupilha. Provavelmente, o herói se revirou no túmulo! Agora está lá, no meio da Praça Tamandaré.
Esta cidade é um dos destinos da Rota Farroupilha. Se prefere ter todo o conteúdo sobre este itinerário para consultar durante a viagem e ainda ter sugestão de roteiros com mapa interativo detalhado, adquira o guia Guia RS Rota Farroupilha >>

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Dicas
Sempre verifique o tempo em Rio Grande, afinal, pode mudar rapidamente e frustrar o seu dia. Opte por visitar os museus e igrejas em caso de chuva.
Quando ir
Além do verão, uma época interessante para visitar é antes da Páscoa, quando acontece o Festimar: Festival do Mar, valorizando esporte, cultura e gastronomia locais. Coincide com as temporadas de tainha e camarões.
Como chegar a Rio Grande
Via terrestre: são 319 km de Porto Alegre pela finalmente duplicada BR-116 com 4 pedágios para quem viaja de carro. Os confortáveis ônibus da Expresso Embaixador (principalmente o Golden Class) e Planalto partem diariamente da rodoviária de Porto Alegre para Rio Grande.
De avião: o aeroporto mais próximo é o de Pelotas, distante 57 km e com voos diretos de São Paulo e Porto Alegre. Então, pode alugar um veículo, pegando somente um pedágio, ou ônibus partem em vários horários desde a rodoviária para Rio Grande.
De barco: no porto de Rio Grande atracam as embarcações comerciais e os grandes navios como cruzeiros navegando pela América do Sul. Da hidroviária, ou porto velho, partem as balsas para São José do Norte, atravessando a Lagoa dos Patos. Passeios náuticos partem perto das Docas.
Perguntas frequentes
Rio Grande é uma ilha?
Não, é uma península aterrada para dar mais espaço ao crescimento urbano. Mas existem algumas ilhas no estuário da Lagoa dos Patos como Ilha dos Marinheiros e Ilha da Totorama.
Tem guia de turismo?
Contrate passeio histórico e outros tours com Minéia Turismo nos fones 53 3235.6726 e 98128.1999. Também sou guia, aprendi muito com ela e atuo em Rio Grande, mas só recebo turistas estrangeiros em inglês e espanhol.
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2 Comments
Adorei o site. Muitas informações sobre o porto de Sergipe e Ceará. Adorei a foto tirada pela incrível, maravilhosa, diva eterna e senpai master…Gládis Pippi!!!!!!!!! Adorei o site, muitas informações
Obrigada menina!