Hoje vou recomendar uma rota feita por mim dezenas de vezes nos últimos 38 anos, no entanto, nunca havia percorrido como turista e sim em viagens para visitar a família. Meus pais nasceram em Bagé, minha avó em Pinheiro Machado e a Rota Pampa Gaúcho foi a primeira viagem que fiz na vida! Com apenas um mês parti de Pelotas rumo à Rainha da Fronteira (Bagé) e, como podem ler aqui no Territórios, nunca mais parei de viajar.
Então comecei a ouvir sobre a qualidade dos vinhos da campanha, parques de aventura, cidade cenográfica, hotéis históricos… E decidi ficar de olho para averiguar de perto essas novidades. A oportunidade chegou quando recebi a visita de uma amiga na casa dos meus pais em Pelotas (três anos após os primeiros rumores). De um dia para outro eu e Gardênia (Não Pira, Desopila) decidimos alugar um carro e pegar a estrada para visitar as vinícolas da região do Pampa Gaúcho.
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Rota Pampa Gaúcho
Em uma rápida pesquisa na internet percebemos que não seria tão fácil porque faltavam informações. Descobrimos todas as vinícolas, mas não sabíamos quais estariam abertas ao público, se haviam opções de passeios e algumas nem endereço tinha. Meu pai (um pessimista acostumado a viajar por essas bandas) nos alertou sobre atolar o carro e sermos expulsas por cães nas entradas das fazendas. Enfim, só não desistimos por dois motivos, a histórica Pousada do Sobrado respondeu prontamente confirmando a nossa reserva e naquele sábado teria o almoço mensal na vinícola Guatambu.
Partimos na quarta-feira com a ideia de visitar Bagé, Caçapava do Sul e Dom Pedrito em busca de informações diretamente com os locais e assim definirmos o roteiro, afinal a única atração confirmada era o tour na vinícola com almoço no sábado. Claro, mudamos o trajeto inicial quando as oportunidades e novos contatos foram surgindo, excluímos Caçapava por falta de respostas; inserimos Santana do Livramento, Rivera e Candiota; e ficamos com vontade de continuar até Rosário, Alegrete e Uruguaiana (clique nos links para saber como foram as viagens para as outras cidades).
Por fim, comprovamos a qualidade do vinho, adoramos a hospitalidade com história e recomendamos seguir sem receio o roteiro e nossas dicas abaixo. Pensado para quem parte de Pelotas ainda pela manhã e aberto a novos atrativos, só peço a quem fizer adaptações na rota para voltar aqui e deixar nos comentários o que vale a pena acrescentar, combinado?
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Curiosidades sobre os Pampas
Há duas definições quando se fala nos pampas. Primeiro é um bioma exclusivo do Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina, nas últimas décadas ganhou apelo como região turística com diferentes nomes como Campanha Gaúcha, Região da Campanha e meu preferido: Pampa Gaúcho. Oficialmente, o Ministério do Turismo indica apenas 7 cidades (Aceguá, Bagé, Caçapava do Sul, Candiota, Dom Pedrito, Lavras do Sul e Pinheiro Machado), mas sabendo que o bioma pampa ocupa 63% do solo gaúcho e me considerando uma local, confirmo ser bem mais abrangente e convido a ler esse artigo na íntegra para ver as possibilidades de turismo no RS.
A palavra pampa é de origem indígena e significa “região plana”.
Pontos turísticos do Pampa dia a dia
Dia 1 – Vinícola em Candiota e pousada histórica em Bagé
A primeira parada é na BR-293. Exatamente no km 144 encontra-se a Batalha Vinhas e Vinhos que oferece degustação, venda e mini tour na área de produção. As vinhas e oliveiras começam a surgir antes, na cidade de Pinheiro Machado, e se estendem até Candiota. Mas as placas de entrada proibida nos intimidaram e decidimos seguir direto para Bagé.
Passando o pórtico de entrada, um Centro de Informações Turísticas deveria resolver os nossos problemas. Porém, ali descobrimos apenas como chegar na pousada e no restaurante. Nada além do já descoberto sobre as vinícolas. Mesmo assim, pare e pergunte porque tenho esperança que o aumento do turismo motive a melhorar a qualidade da informação.
Almoçar na Churrascaria Betemps já virou rotina quando circulo por Bagé. Tem rodízio e buffet livre com variedade em carnes e polenta com queijo deliciosa. Ali também tem a loja vendendo todas as marcas de vinhos da região e foi onde comecei a obter informações certeiras. Com a preguiça pós almoço só pensamos na pousada e a experiência não poderia ter sido melhor. A Pousada do Sobrado é uma fazenda de 1820 que preserva os móveis da época em amplos espaços. Tem piscina, animais, pedalinho no lago, chafariz, hidromassagem e agradáveis áreas de descanso espalhadas pela propriedade. Aproveite o ambiente para beber um vinho local acompanhado por aperitivos, inclusive este foi o nosso jantar comprado no supermercado.
Dia 2 – Cidade Cenográfica, museu e vinícola Em Bagé
Reserve mais um tempo para curtir o café da manhã e a estrutura da Pousada do Sobrado antes de entrar no clima cultural visitando a cidade cenográfica de Santa Fé e o principal museu de Bagé.
Sabia que a maioria dos filmes e seriados sobre história e cultura gaúcha do século XIX são filmados entre Pelotas e Bagé? Tem as casas de época preservadas e, especificamente para a refilmagem do clássico O Tempo e o Vento (de Érico Veríssimo), construíram uma Cidade Cenográfica no Parque do Gaúcho. A cidade de Santa Fé virou atração turística desde 2012 e infelizmente está se degradando porque não foi construída para durar tanto tempo. A Prefeitura vem cuidando da manutenção aos poucos e tem planos de transformá-la em centro cultural. Por enquanto é um ponto para uma rápida visita guiada a um custo simbólico. Perto dali fica o Centro Histórico Vila de Santa Thereza (de 1897) que não deu tempo de conhecer desta vez, mas conto no artigo sobre Bagé.
Belas construções históricas estão espalhadas por toda a região e vale contratar um guia para não perder tempo e se aprofundar nos detalhes. Entre elas está o prédio da Sociedade Portuguesa de Beneficência (de 1870). O hospital virou o Museu Dom Diogo de Souza, onde a história da cidade e cultura gaúcha estão mais preservadas que muitos museus de cidade grande por aí.
Antes da tarde terminar, volte para o tema vinhos da campanha. A Vinícola Peruzzo reabriu e oferece venda, tour e degustação a apenas 3 km do pórtico de Bagé. E para terminar o dia, uma pizza à metro (influência uruguaia) na Pizzaria La Piedra.
Dia 3 – Vinícola em Santana do Livramento, compras em Rivera e mais
Hora de pegar a estrada rumo à fronteira com o Uruguai. Antes de chegar a Santana do Livramento um cerro chama a atenção do lado direito e ali fica a Ferradura dos Vinhedos, onde algumas vinícolas se concentram e estão abertas ao público. Visitamos a Cordilheira de Santana e foi onde provei os melhores vinhos dessa semana. Isto porque muitos ficaram de fora e ainda não posso dizer qual o melhor vinho da região da campanha. Mas no quesito cenário, talvez possa eleger como o mais bonito.
Chegou o momento preferido dos consumistas, compras nos free shops de Rivera! Mesmo com o real desvalorizado, alguns produtos continuam com preços atraentes, principalmente os uruguaios. Estacione o carro em Santana do Livramento (no lado brasileiro), atravesse a pé para Rivera e boas compras! Tem lojas de roupas, bebidas, eletrônicos e diversos produtos importados, além das confeitarias, padarias e parrillas para se deliciar. Eu adorei uma queijaria e contei no Foto da Semana.
Poderíamos passar a noite por lá, mas optamos por Dom Pedrito em função das atividades do dia seguinte. E foi uma ótima escolha por encontrar um padrão em gastronomia e hospedagem do qual desconhecia na região. O excelente custo benefício do restaurante Cumbuca impressionou e proporcionou um jantar bem agradável ao lado do Hotel Alexandre. Aproveite para provar os vinhos da Dunamis pedindo uma garrafa ou taça. É marca local que utiliza a estrutura das outras vinícolas para produzir bebidas diferentes.
Dia 4 – Vinícola e boa gastronomia em Dom Pedrito
No último dia seguimos o roteiro inicial com a visita a Vinícola Guatambu. Foi sorte o almoço harmonizado acontecer na mesma semana da nossa viagem, afinal é realizado uma vez por mês na maior parte do ano e duas vezes nos meses mais frios. Se a data não coincidir, pelo menos agende a visita para degustar e aproveitar os produtos da loja.
Voltando ao início da manhã, o Hotel Alexandre vem com mais de 120 anos de histórias contadas como lembrança nas paredes após a reforma. Com decoração moderna, preços acessíveis e um farto buffet de café da manhã, a hospedagem se diferencia das demais na região. Mas atente-se ao horário porque o povo por lá acorda cedo e eu quase perdi as delícias doces do café porque já havia passado das 9 horas. É preparado pela mesma cozinha do já citado restaurante Cumbuca.
A Vinícola Guatambu fica 15 km distante de Dom Pedrito e recebe visitantes de várias partes do Estado nestes dias especiais. O Tour é opcional no final da manhã e circula por todas as dependências até a hora do almoço. Uma parrilla com assador argentino, vista especial para o campo, um buffet e bons vinhos para acompanhar cada etapa da refeição. O passeio todo é a única extravagância para uma viagem tão em conta se comparada a outras regiões vitivinícolas e certamente vale o investimento. Principalmente por fechar com chave de ouro o nosso roteiro de enoturismo pela Rota Pampa Gaúcho.
Tome Nota Rota Pampa Gaúcho
Hotel na Rota Pampa Gaúcho:
A Pousada do Sobrado acomoda até 30 pessoas em 5 quartos e pode fechar para eventos nos finais de semana. Crianças não são permitidas na casa principal, somente nos quartos da área mais nova que também aceita cachorros e tem cozinha. É afastada do centro da cidade na Estrada dos Terras s/n, bairro Getúlio Vargas em Bagé.
O Hotel Alexandre tem número maior de quartos para 1 até 4 pessoas com ar condicionado, móveis contemporâneos e um bom restaurante ao lado. A localização é mais central em uma praça rodeada por prédios históricos e perto da rodovia. Na rua Barão do Upacaray 1055, Dom Pedrito.
Os restaurantes:
Cumbuca serve almoço e jantar na av. Barão do Upacaray, 1055, em Dom Pedrito.
Pizzaria La Piedra fica em um casarão antigo com banheiro retrô em Bagé. Na Rua Dr. Veríssimo, 56.
Churrascaria Betemps está logo passando o pórtico de Bagé na av. Santa Tecla, 1626.
Os passeios culturais:
Museu Dom Diogo de Souza tem um vasto acervo em ótimo estado de conservação. Funciona de terça a sexta das 8h30 às 11h e das 13h30 às 17h30. Nos finais de semana somente a tarde na rua Emílio Guilayn, 759.
Cidade Cenográfica de Santa Fé Abre das 14h30 às 18h30 de quarta a domingo no Parque do Gaúcho. Na Avenida Visconde Ribeiro de Magalhães s/n. Se precisar ir em outro horário escreva para pampagauchors@gmail.com e agende uma visita.
Para guias de turismo e roteiros específicos na região Bagé são dois receptivos:
Tchê Fronteira email fronteiraturismo@bol.com.br ou fone (53) 9241 6519 e Baye Turismo e Viagens e-mail bayeturismoeviagens@gmail.com fone (053) 99571298.
Como visitar as vinícolas: algumas exigem agendamento, outras estão abertas em horário comercial. Ainda tem as que oferecem almoços especiais para grupos previamente agendados. Os links, detalhes sobre reservas e como chegar em cada uma delas já contei no texto “Vinhos da Campanha“. As vinícolas existentes na região fazem parte da Associação dos Vinhos da Campanha e foi onde comecei a minha pesquisa para montar este roteiro.
Percebeu como pode ser uma bela rota extra para quem viaja de carro para o Uruguai? Pode entrar ou sair do país nas cidades de fronteira como Aceguá, Santana do Livramento ou Jaguarão. O que precisa para seguir viagem no país vizinho conto no texto Road Trip pelo Uruguai.
As degustações e hospedagens foram cortesias das empresas citadas, no entanto, não interferem na opinião da autora.
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Por onde começar a planejar a viagem
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- Quando a data estiver definida, pesquise as passagens áreas ou aluguel de carro. Mas antes de finalizar a compra, faça o seguro viagem quase simultaneamente para ter eventuais cancelamentos cobertos, além de assistência médica e perda de bagagem.
- Então monte o roteiro e vá fazendo as reservas de hospedagem e passeios conforme o tempo disponível.
A seguir deixo mais links sobre essa mesma região ou experiência.
DICAS PARA SUA VIAGEM
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Cidades e parques visitados no RS:
6 Comments
Gostaria de saber se existe uma rota para conhecer as estâncias, fazendas, do pampa gaúcho.
Olá Luiz, nem todas estão abertas ao turismo e essas são espalhadas pelo Estado, portanto não tem uma rota específica. A Pousada do Sobrado, em Bagé, é uma delas, conhecidos falam de algumas em Guaíba, São Gabriel e Tapes, mas ainda não visitei para confirmar.
Qual a melhor época do ano para fazer essa viagem?
Pode ser feita o ano todo, mas depende se você gosta de frio. O inverno é rigoroso e o verão abafado úmido. Outono e primavera são agradáveis e há as festas culturais em setembro.
Interessante e muito esclarecedor .me informou sobretudo a respeito do crescimento vinhedos na regiao Livramento. À epoca vivi aqui, recem iniciava a plantação uvas da Almaden…amanha
Que bom Maria, tente voltar para uma visita. Vai se surpreender e tenho outro artigo mais novo sobre a região https://territorios.com.br/ferradura-dos-vinhedos-rally-pelas-vinicolas/