NOTÍCIAS

Você tem olhado para o céu?


O que é Astroturismo

A palavra significa viajar para destinos específicos para observar os astros no céu e essa prática vem ganhando adeptos na última década. O maior exemplo foi o eclipse solar de 2017 que deu para ver aqui no Brasil. Na época, milhões de pessoas se organizaram para vê-lo e se transformou em um dos maiores públicos já registrados para qualquer evento científico, atlético ou de entretenimento, conforme estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Além disso, a cada ano novos parques entram no Programa Internacional Dark Sky Places (áreas com mínima poluição luminosa), como o Parque Estadual do Desengano, no Rio de Janeiro.

Não sei você, mas sou fascinada pela beleza do céu a qualquer hora do dia e a noite as possibilidades se expandem ao infinito. Dá para relaxar, fazer pedidos para as estrelas cadentes, identificar corpos celestes, prever o futuro, compreender o passado… Enfim, o limite é a nossa imaginação e a ciência trazendo cada vez mais rápido descobertas e possibilidades para a humanidade.

Eventos no céu até dezembro de 2024:

Possibilidade de ver as melhores auroras em 20 anos

Regiões que normalmente não veem a aurora boreal e austral, estão tendo o privilégio, como Reino Unido, sul dos Estados Unidos e Austrália. Acontece pelo Sol estar se aproximando do máximo em seu ciclo de atividade solar de aproximadamente 11 anos, com pico esperado em 2025. 

8 de abril – Eclipse solar total visto na América do Norte

Datas e locais para ver o eclipse solar total no céu nesta década

Em abril, a lua vai influenciar a luz do dia durante um eclipse solar total que poderá ser visto do México ao Canadá. Esse fenômeno não acontecerá de novo nos EUA até 2044, então os viajantes que amam astronomia terão a oportunidade ideal de assistir à lua eclipsar completamente o sol e bloquear a luz por alguns instantes. A região centro-oeste do estado de Nova York, mais precisamente nos Lagos Finger (uma área com lagos, colinas e cachoeiras) oferece o cenário perfeito para esse evento celestial. Na tarde de 8 de abril, à medida que o sol desaparece, a cidade de Canandaigua, localizada no topo do lago com mesmo nome, será tomada pela escuridão do céu, propiciando aos viajantes a chance de ver a totalidade refletida nas águas por quase 3 minutos. 

8 a 21 de abril  – cometa 12P/Pons-Brooks alinhado ao eclipse solar

O enorme cometa 12P/Pons-Brooks irá em direção ao interior do sistema solar, tornando-se tão brilhante que poderá ser visível a olho nu. Quase três vezes o tamanho do Monte Everest, o cometa se alinhará com o Sol eclipsado em 8 de abril e passará por Júpiter em 12 de abril, antes de atingir o brilho máximo em seu caminho para o Sol em 21 de abril.

22 e 23 de abril – Chuva de meteoros Líridas no céu do Marrocos

Uma das mais antigas chuvas de meteoros anuais da Terra, esse evento astronômico atinge o seu pico nos dias 22 e 23 de abril deste ano, quando será possível ver de 10 a 20 meteoros por hora. O hemisfério norte é o melhor ponto para assistir a esse espetáculo. Para aproveitar ao máximo sem se preocupar com a interferência da luz da lua ou a poluição luminosa, os espectadores podem ir às Gargantas do Todra, no Saara marroquino.      

Onde se hospedar: o Auberge Le Festival Todra Gorge está localizado na Cordilheira do Atlas, em um lugar privilegiado para acompanhar a chuva de meteoros. Em uma demonstração do patrimônio cultural do Marrocos, os quartos são decorados em estilo berbere e o café da manhã conta com pães feitos à mão, bolos regados com mel e manteiga derretida, e azeitonas pretas. 

6 e 7 de maio – Chuva de meteoros Eta Aquáridas visto no céu da Austrália

Os detritos criados pelo Cometa Halley vão enviar meteoros para a Terra este ano, atingindo o pico nos dias 6 e 7 de maio, com o surgimento de aproximadamente 10 a 20 estrelas cadentes por hora. Embora seja possível assistir à chuva de meteoros no mundo todo, as pessoas no hemisfério sul têm maior visibilidade, e o Parque Nacional Warrumbungle, certificado pela International Dark-Sky Association (IDA) pelas noites excepcionalmente estreladas, oferece um lugar privilegiado. Localizado na região de Orana, em Nova Gales do Sul, Warrumbungle é o primeiro Dark Sky Park da Austrália e um local propício para acampar à noite (embora seja necessário reservar com vários meses de antecedência). Durante à noite, o céu pode ser visto sem nenhuma interferência graças às medidas rigorosas que oferecem proteção contra a poluição luminosa. A cidade mais próxima é Coonabarabran, conhecida como a “capital australiana da astronomia”. 

Onde se hospedar: Pilliga Pottery Creative Farmstay fica a uma curta distância de carro de Coonabarabran e do Warrumbungle National Park. Com sistema próprio de abastecimento de água e de energia solar, essa acomodação sustentável está localizada na borda de Pilliga Forest, um ótimo local para observar a chuva de meteoros. 

11 a 13 de agosto – Chuva de meteoros Perseidas no céu dos Estados Unidos

Um dos maiores fenômenos naturais, as Perseidas este ano produzirão de 50 a 100 meteoros por hora, a uma velocidade média de 58 km por segundo. Embora a lua esteja crescente em meados de agosto, depois que ela se puser, os espectadores em latitudes mais baixas ao norte da Linha do Equador terão um bom tempo antes do amanhecer para contemplar o fenômeno. Para observar de um lugar com boa visibilidade, é possível acampar no Joshua Tree National Park, com certificação da International Dark-Sky Association (IDA), e famoso pelo céu sem nuvens e pela beleza. 

Onde se hospedar: os hóspedes podem ficar em meio à natureza no @ Marbella Lane – The Wine Mine Desert Escape, a poucos passos da entrada oeste do Joshua Tree National Park. É o lugar ideal para observar as Perseidas.

2 de outubro – Eclipse com “anel de fogo” visto na Ilha de Páscoa, Chile

Os amantes de astronomia vão ter a chance de observar o eclipse com “anel de fogo” em áreas remotas da Argentina, Chile e Ilha de Páscoa. Durante essa convergência celestial, com duração de aproximadamente 7 minutos, a lua passará entre a Terra e o sol, formando uma moldura brilhante ao redor do astro-rei. Para quem quiser vivenciar uma experiência única, a Ilha de Páscoa, uma ilha remota do Pacífico Sul na costa do Chile, habitada por enormes estátuas de pedra antigas, oferece um cenário místico para o eclipse. Como a parte terrestre da ilha bloqueia os ventos, esse destino proporciona um céu limpo para os viajantes poderem assistir ao espetáculo na praia ou na vila cerimonial de Orongo, um lugar que fica na borda de uma caldeira vulcânica. Conhecida como “Rapa Nui” em polinésio, a Ilha de Páscoa e sua principal cidade, Hanga Roa, transbordam história, cultura e natureza. 

Onde se hospedar: Hare Nua Hotel Boutique fica perto da Praia Pea e do sítio arqueológico de Ahu Tahai, locais ideais para assistir ao eclipse. 

13 e 14 de dezembro – Chuva de meteoros Geminídeas no céu do Reino Unido

A chuva de meteoros Geminídeas será um dos mais ativos espetáculos astronômicos de 2024. Seu auge coincidirá com a lua crescente, mas, se o céu estiver limpo, será possível ver cerca de 120 estrelas cadentes por hora. Como essa chuva celestial fica mais visível para quem está no hemisfério norte, uma boa ideia é visitar o parque escuro mais ao norte do mundo, que proporciona uma visão incrível do céu. Localizadas nas Terras Altas escocesas, as áreas Tomintoul e Glenlivet do Cairngorms Dark Sky Park contam com pontos de observação e horizontes amplos. 

Onde se hospedar: localizado no Cairngorm National Park, o Cairngorm Lodge Youth Hostel em Glenmore é o lugar ideal para assistir à chuva de meteoros Geminídeas, com uma vista para as Northern Corries. A poucos passos tanto da Cairngorm Mountain Railway e da área de esportes de inverno quanto do Loch Morlich, que abriga praias de areia e florestas de pinheiros, essa acomodação aceita cães sendo perfeita para quem adora passar o tempo ao ar livre. 

6 lugares perfeitos para ver estrelas

Melhores lugares para ver estrelas no céu
Foto ilustrativa do Pixabay porque ainda não consegui registrar um céu estrelado decente

Alguns destinos e hospedagens proporcionam experiências incríveis envolvendo observação de estrelas e eu já aproveite várias. Certamente terão outras para complementar no futuro, por hora deixo as melhores experiências que eu tive. Sem dúvida, a melhor visibilidade é no deserto, mas tem épocas indicadas conforme o objetivo de cada um. Por exemplo, quer olhar a lua, algum planeta ou evento específico? Precisa saber o calendário. Se quer o céu o mais estrelado possível, fotografar a Via Láctea ou buscar ETs, evite a lua cheia e prefira a lua nova!

1. Outback

O deserto no meio da Austrália que ocupa boa parte do país com terras secas e pedras em imensa maior quantidade que dunas de areia é chamado Outback.  Sobrevivi a um acampamento ao relento em volta da fogueira e foi indescritível, vi coisas nunca antes percebidas por estar muito isolada sem qualquer luz por perto. Se um dia senti presença de ETs, com certeza foi nesses momentos no Red Center.

2. Sahara

Sahara, o maior deserto do mundo se estende por vários países no norte da África. Sendo a minha primeira vivência em deserto um acampamento no Marrocos no estilo berbere, mas não precisa nada daquele luxo com aquele céu absurdo caindo em cima de mim. 

Mais de uma década depois fiz uma trilha noturna para ver o sol nascer no topo do Monte Sinai, no Egito. Lá o deserto é de pedras sem dunas, mas a areia e secura do Sahara estão no ar. Felizmente, peguei uma noite fria sem vento e lá estava a Via-láctea deslumbrante. Era preciso me policiar constantemente para não tropeçar tamanho o meu encantamento olhando para o céu.

3. Wadi Rum

Wadi Rum, na Jordânia, já foi cenário de diversos filmes de ficção espacial por lembrar o terreno de Marte e outros planetas divulgado por cientistas. Antes de partir minha expectativa de olhar para cima no acampamento beduíno era gigante. A experiência com os locais e as paisagens foi incrível, mas maio era início da temporada de tempestades de areia e a visibilidade estava comprometida. 

Ainda na Jordânia, dias após fui para a Reserva da Biosfera Dana e me hospedei em um lodge autosustentável ccom um telescópio no terraço e aulas de astronomia ministradas por um beduíno. Aprendi um monte, mas era lua cheia, ofuscando todos os outros astros. Esse é um exemplo que pode ser mais bem-planejado se o objetivo for ver um céu estrelado, como expliquei no início.

Lua cheia no céu fotografada do telescópio
Lua cheia em Dana. Detalhe: o guia Suleiman Al-Hasaseen pegou o meu celular e clicou essa imagem a partir do telescópio

4. Namib–Naukluft

O deserto da Namíbia é o mais antigo do mundo e com as dunas mais altas. Lá aluguei um carro com barraca em cima e fiz um roteiro por conta própria. O céu é magnífico, mas estava sempre tão cansada que pegava no sono antes de conseguir aproveitar a beleza das estrelas quando parava em algum camping. Fora dos lugares marcados, nem pensar em relaxar olhando estrelas porque leões, elefantes e todos os perigosos animais africanos ficam soltos e tem fome ou não gostam de humanos.

5. Jalapão

Jalapão é bioma cerrado, considerado deserto pela pouca população e não pelas poucas dunas laranjas. Consequentemente, a iluminação das cidades é rara e as oportunidades são várias para quem acampa na beira do rio, como eu fiz por 5 dias.

6. Atacama

O deserto do Atacama, no Chile, é considerado um dos melhores lugares do mundo para ver estrelas pela visibilidade, tanto que cientistas do mundo todo montam bases por lá para estudar o universo. Tem passeios no planetário, hotéis com telescópios profissionais e atividades educativas na propriedade, como experimentei no Lodge Alto Atacama.

Independente dessa lista, apreciar estrelas e viajar estão sempre juntos. Quando não acampo, tem o caminho até o destino com trechos afastados da luz dos centros urbanos, por exemplo, basta sentar na janela e se entreter olhando para cima, ou para o lado se for de avião. Para facilitar a nossa vida, hoje ainda tem aplicativos super legais para identificar pontos de luz até da cidade, basta apontar o celular e ir viajando. Entre eles, Sky Safari e Star Tracker.

Para ouvir

Clique no botão tocar para ouvir as dicas de viagens para os lugares mais incríveis para olhar o céu e se encantar com as estrelas ou continue a leitura a seguir. Além de turista, também conto minha experiência com os astros como um ser influenciado pelos planetas e compartilho um trecho enviado pela astróloga Titê sobre essa Grande Conjunção de Júpiter e Saturno. Ierecê Cheffe nos deixou no fatídico 2020 e semanas antes me enviou um áudio reforçando um momento importante previsto no meu mapa astral.

E você, que também é fissurado por estrelas, conte a sua melhor experiência nos comentários.

receba dicas por e-mail

^ Voltar início ^

© Todos os direitos reservados. Ilustração de capa de Pixabay

Para quem chegou até aqui, agradecemos por valorizar o nosso conteúdo. Diferente das grandes corporações de mídia, Territórios é independente e se financia por meio da sua própria comunidade de leitores e ouvintes. Você pode apoiar o nosso trabalho de diversas formas como:

1. Aproveitar os benefícios do financiamento coletivo

2. Levar nossos guias de viagem no celular

3. Contratar produtos e serviços recomendados através dos links nos artigos. Exemplos e como fazer: alugar veículos, reservar hospedagem e excursões, comprar seguro, chip internacional e moeda estrangeira, entre outros. A venda nos gera uma comissão sem aumentar o valor final, inclusive, repassamos os descontos para você.

A informação foi útil? Talvez queira apoiar e fazer parte da comunidade Territórios!

Compartilhe ideias e converse com outros leitores no grupo no Facebook ou acompanhe no Spotify e grupo de avisos do Whats App.

Você está em INICIAL » + » NOTÍCIAS » Você tem olhado para o céu?
Roberta Martins

Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 16 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram

Write A Comment