Estávamos hospedadas na pousada Volta ao Mundo, em Canela (RS), acompanhando as atividades da 28ª Festuris – Feira Internacional de Turismo, na primeira semana de novembro deste ano, quando resolvi visitar o Cannelé Bistrot para abraçar os amigos proprietários que tinham acabado de voltar de uma viagem além-mar. Chegamos sem reserva numa sexta-feira à noite, em uma época movimentada em função do Sonho de Natal, Festuris e Natal Luz, ambos eventos na cidade vizinha Gramado.
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Cannelé Bistrot
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Fomos recebidos por Eduarda Piltcher, a adorável filha da Maria Antonieta Luz, mais conhecida como Mauí, que em 2008 trocou a capital gaúcha pela serra para abrir um dos melhores bistrôs da região com o marido: chef Leonardo Salamoni.
Conversa vai, conversa vem, atualizamos os assuntos e novidades de cada uma à medida que os clientes iam se acomodando, sendo recepcionados por Mauí, Eduarda e a funcionária Cris. Nossa ideia era uma passagem rápida, pois fomos sem avisar. O espaço é pequeno e concorrido, com sete mesas, por isso as reservas são fundamentais. Para nossa sorte, havia lugar disponível, já que poucos sabiam da reabertura do bistrô naquele dia, após um breve recesso de férias. E, a convite de Mauí, eu e Roberta jantamos em uma das mesas mais prestigiadas da casa.
O jantar no Cannelé Bistrot
O couvert, saborosíssimo, reúne pães que levam fermentação natural produzidos por uma padaria da cidade de Farroupilha (RS), guarnecidos com manteiga, paté de fígado de ganso defumado com carne, paté de azeitona, preparados por Salamoni. Desta vez, pulei a entrada, mas eu arriscaria a sopa de cebola gratinada ou as vieiras canadenses com molho de açafrão, alho poró, vinho branco e caviar, muito pedida pelos clientes.
Ao escolher o prato principal, estava em dúvida entre o cassoulet e o confit de pato com molho de physalis e alecrim, recomendadíssimos. Acabei optando por um que ainda não conhecia: salmão ao molho de leite de coco e maracujá, acompanhado de arroz jasmim e legumes no vapor. E, como sempre em todos pratos do bistrô que já experimentei, a textura e o sabor estavam impecáveis. Não me rendi a um vinho, embora o friozinho da noite estivesse apropriado para umas taças. Estava dirigindo, e iria a Gramado para Roberta fotografar a decoração temática das ruas para o blog. Fiquei na água, ela no suco. Sugeri que pedisse a bochecha de porco, um dos top list preferidos dos habitués, e ela conta como foi a experiência:
“Estava em dúvida com um cardápio cheio de carnes que eu adoro, mas fui na dica da Criz e recomendo. Bochecha de porco confitada ao molho de damasco e limão siciliano com ratatouille sobre purê de mandioquinha. Um prato bem servido e saboroso que caiu super bem com o suco de uva branca.” Confitado, segundo Leo, é carne cozida dentro da própria gordura em baixa temperatura por horas, essa técnica era muito usada antigamente para conservar os alimentos.
Desde que aportou em Canela, o bistrô apresenta um cardápio enxuto, com diferentes tipos de carnes, sendo que a cada ano são inseridos novos pratos e excluídos outros, principalmente se for difícil encontrar bons fornecedores na região. A carta de bebidas é elogiada, valorizada por vinhos importados e nacionais. Estes, por sinal, têm recebido merecida menção na imprensa especializada em função da inovação nos processos de plantio das uvas e produção da bebida (Veja texto sobre ida à vinícola Torcello em breve por aqui). Fazem parte cervejas artesanais que foram incorporadas à carta há poucos anos, com boas marcas, sucos engarrafados e refrigerantes.
A música ambiente é um capítulo à parte. Da bossa nova, com seus primeiros representantes, às gerações mais novas de músicos e intérpretes do estilo, a playlist faz uma mescla de novos e antigos cantores e bandas, que podem ser hits de trilhas de filmes, canções francesas, soul music com pegada mais leve e romântica, blues, jazz lounge. Uma profusão de sons inspiradores em suaves decibéis, e que já foram sugeridos por clientes para entrarem em um CD e colocado à venda. Quem sabe um dia a ideia se materialize, né Mauí e Salamoni?
O nome cannelé refere-se a um bolinho típico da região de Bordeaux. Leva ovos, farinha, baunilha e rum. É assado em forma canelada, e não tem a canela nos ingredientes. Geralmente os cannelés são servidos com café ou chá. No bistrô de Salamoni, essa iguaria eventualmente é oferecida como cortesia da casa, pois nem sempre o chef prepara, uma vez que a durabilidade é curta, e o ideal é preparar e comer no mesmo dia.
Chef Salamoni e Mauí
Quando morou em Florianópolis (SC) para estudar Hotelaria e Turismo na CESETH, hoje Estácio de Sá, Salamoni “se descobriu” um apaixonado pela cozinha, mais precisamente pela técnica francesa de preparo dos alimentos. Dali em diante, foram pesquisas, aquisição de livros e a vontade cada vez maior de mergulhar no universo da gastronomia. Nas aulas de francês, um professor do idioma o indicou para estagiar em uma escola de formação profissional em Paris – uma oportunidade e tanto -, e o encantamento por tudo que se relacionasse à cozinha francesa só crescia.
Gastronomia é comer olhando para o céu, já dizia o escritor e chargista Millôr Fernandes. E, no Cannelé, esse prazer ganha um plus com o carisma de Mauí, uma paulista que há mais de 30 anos vive no Sul e mantém um leve sotaque da terra natal. Empresária do ramo da moda, conheceu Salamoni num desses acasos da vida na capital gaúcha. Ele trabalhava em Portugal, na brigada da cozinha do Farol Design Hotel, em Cascais, após passagens pelo restaurante do Cassino Estoril e as experiências na França com os chefs Philippe Etchebest, na região de Bordeaux, e Jacques Le Divellec, em Paris, premiados no Guia Michelin. Veio ao Brasil fazer uma cirurgia, mas retornaria em seguida. Foi, então, que o cupido entrou em cena antes de o chef arrumar as malas de volta à Europa.
Tome Nota
Cannelé Bistrot fica na Rua Danton Corrêa da Silva, 307 – Centro. Reserve pelo telefone: 54. 3278-1499 e acompanhe pela Fanpage.
Horários de atendimento: Quintas e sextas, das 19h às 24h. Sábados, das 12h às 16h e das 19h às 24h. Domingos, das 12h às 16h.
Hotel em Canela: nos hospedamos na Pousada Volta ao Mundo e adoramos.
Fotos Criz Azevedo e Roberta Martins.
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