Santa Ana de los Ríos de Cuenca, ou simplesmente Cuenca, é a capital da província de Azuay e uma das cidades mais interessantes do Equador. Situada ao sul e um pouco mais baixa que a capital Quito, está a 2.550 metros de altura no meio da Cordilheira dos Andes. Um lugar agradável para passar semanas, em três dias deu para fazer o principal com calma entre o Centro Histórico e Parque Nacional Cajas como conto a seguir.
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Cuenca, Equador: o que fazer na cidade colonial e arredores
Fundada em 1557, Cuenca é uma cidade histórica charmosa com misto de arquitetura colonial, sítios arqueológicos das culturas Cañari e Inca e muito artesanato, inclusive se orgulha dos títulos de Ciudad Mundial de la Artesania e Patrimônio Mundial da Unesco.
Portanto, caminhar sem rumo pelo Centro Histórico é ótimo para fazer descobertas e apreciar a arquitetura. Sem arriscar perder os principais pontos, pode percorrer toda a rua Simón Bolívar, principalmente entre o Museu Municipal de Arte Moderna (casas com desenho francês e espanhol) e a Igreja de San Blas.
Se quiser ir mais longe sem esforço, pode pegar o ônibus turístico que deixa na porta de vários lugares interessantes com parada no melhor ponto para ter uma ampla visão de Cuenca: o Mirador de Turi.
Caminhar pelas margens do Rio Tomebamba, que divide o Centro Histórico da cidade nova, é outra alternativa agradável. Vai passar pela Puente Roto, os restos de uma ponte de pedras arrastada pelo rio há mais de 50 anos, nunca foi reformada e virou atrativo pela beleza do lugar.
Destaques no Centro Histórico de Cuenca
Veja todos os endereços no mapa.
Trilha, museu e parque
No dia seguinte, contratei um tour e madruguei para fazer trilhas no Parque Nacional Cajas (texto detalhado do passeio no link). Quando voltei, ainda era cedo e deu tempo de visitar o Museo y Parque Ancestral Pumapungo e ficar um tempo curtindo o astral do Parque El Calderón, inclusive encontrei um viajante alemão que havia conhecido em Trelew, na Argentina, meses atrás. Aproveitei a companhia para um jantar agradável no Seminário San Luis.
O Museo Pumapungo é imperdível para entender a cultura equatoriana do passado ao presente, além de ser gratuito. Em um amplo prédio de dois andares estão em exibição organizada desde artesanato, modo de vida, artefatos, arte contemporânea e indígena.
Nos fundos, fica o Parque Ancestral Pumapungo com vestígios Incas que acreditam ser da antiga cidade Tomebamba. Além das ruínas, o local é uma área agradável ao ar livre com aviário e paisagismo recriado como eram os jardins da realeza no tempo dos Incas com frutas e flores comuns na época.
Dia para relaxar e visitar o que faltou em Cuenca
Nos arredores de Cuenca fica a paroquia Baños, lugar para relaxar até a noite em algum dos spas com águas termais vindas das vertentes subterrâneas de uma falha vulcânica. Segundo o escritório de turismo de Cuenca, cientistas garantem características únicas para saúde e bem-estar. Aproveitei que minha viagem para Cotopaxi partia a noite, e passei a tarde cuidando da mente e pele no spa Piedra de Agua.
Piedra de Agua Fonte Termal y Spa
Pode passar o dia nas piscinas de águas termais, algumas áreas são somente para adultos, outras liberadas para as crianças, ou pode contratar um dos serviços do spa como Termal Subterrâneo que eu fiz e achei maravilhoso. Te dão um roupão, uma toalha e uma pulseira identificando o pacote contratado e o meu tinha um drink incluso. Fiquei curtindo a piscina até chamarem para entrar na caverna com música ambiente calminha e barulhinho de água para relaxar.
Cada casal ou viajante solo, como eu, fica um tempo determinado em cada banheira com tratamentos específicos. Teve lodoterapia com lama vermelha, depois com azul, vulcânica com quartzo, para passar no rosto e articulações, então banho de contraste, ficando alguns minutos na água fria e voltando para quente (difícil para quem não gosta de água gelada, mas faz super bem para a circulação). Então fui encaminhada para outra sala com potinhos de sais minerais e café, passa um no corpo, fica uns minutos, toma uma ducha, passa o outro e finaliza com banho de cajón, como eles dizem, ou sauna na caixa. Fica somente a cabeça para fora e, se não fosse a toalha segurando o meu queixo, teria caído ali dentro de tão relaxado o meu estado, inclusive, tirei um cochilo profundo.
Tem outras áreas para sauna e hidromassagem, um pequeno museu geológico contando a história do lugar e as rochas encontradas na construção e também um restaurante aberto para todas as refeições preparadas com produtos orgânicos, inclusive da própria horta.
As igrejas e catedrais
A quantidade de igrejas católicas tão próximas chama a atenção e o movimento comprova a crença do povo, a maior delas é Catedral de la Inmaculada Concepción, ou Nova Catedral de Cuenca, com as cúpulas visíveis por toda a cidade. Ao total, Cuenca tem mais de 50 igrejas.
Vale passar na frente de todas e escolher onde entrar. Por exemplo, a Igreja de Todos Los Santos é um complexo com lojas, restaurantes e mirante, além da igreja, mas visitei em um dia estranho ou na hora errada, dava para entrar, contudo, todos os estabelecimentos estavam fechados.
Nova Catedral de Cuenca e o Mirador de las Cúpulas
As cúpulas da Catedral de la Inmaculada Concepción, cobertas por azulejos tchecos e iluminadas de azul à noite, são símbolo da cidade e passeio para quem não se importa em subir vários degraus, hora por passagens estreitas, hora por amplas salas com janelas.
Do topo pode ver os detalhes da arquitetura da catedral combinando diversos estilos por ter levado quase 100 anos para ser finalizada. Também todo o Centro Histórico e o Parque Calderón bem abaixo.
Entrar na catedral é gratuito, já o mirador paga 2 dólares e abre das 9h30 às 12h30, das 14h às 16h e até 19h nas sextas-feiras e sábados. Domingo somente pela manhã. A entrada é pela Calle Santa Ana.
El Sagrario ou Catedral Vieja
Fica no outro lado Parque Calderón e vale pagar o ingresso para ver os afrescos e detalhes em madeira. Já entrar nas catacumbas e cripta no subsolo, aviso do cheiro a mofo e nada de mais para ver.
Cuenca, a cidade mundial do artesanato
Aproveite para comprar artesanato em Cuenca, de joias a cerâmica e bordados, passando pelo chapéu do Panamá, quer dizer, de Paja Toquilla. A palha utilizada no chapéu cresce apenas no Equador e a sua real origem é Cuenca, onde são produzidos há mais de 1000 anos pelos indígenas. Mas como Panamá levou a fama?
Era início do século XX, quando os franceses e americanos, que participaram das obras de construção do Canal do Panamá, começaram a imitar os trabalhadores locais, usando os chapéus para se protegerem. Retornando aos seus países, eram perguntados de onde vinham aqueles chapéus e respondiam: do Panamá! Dois museus contam essa história: Economuseo Casa del Sombrero e Museo del Sombrero de Paja Toquilla Paredes-Roldán, onde pode ver mulheres confeccionando e comprar uma variedade de modelos clássicos e modernos.
São várias lojas no centro histórico, nos museus e no Centro Municipal Artesanal CEMUART, veja endereços no mapa.
Onde se hospedar em Cuenca?
Aida Luz é uma guest house muito bem localizada a 100 metros do Parque El Calderon, ponto central do Centro Histórico. São diferentes acomodações com café da manhã e cozinha compartilhada. Minha suíte era muito espaçosa com armário, penteadeira e ótimo sinal de wi-fi. Os atendentes muito prestativos e simpáticos. A entrada é por uma padaria ótima, mas te dão uma chave para entrar fora do horário comercial.
Tome nota
Cheguei tarde na primeira noite e peguei um hotel próximo ao aeroporto que parecia bem localizado, mas não era, embora situado apenas 100 metros do Centro Histórico. O táxista achando que eu era francesa, avisou para não circular à noite com risco de ser assaltada e melhor mudar para o Centro Histórico no dia seguinte. Era o plano e assim fiz, porém, precisei sair para comprar comida. Olhei pela janela e havia movimento e bares abertos ao redor, levei apenas o dinheiro necessário e deu tudo certo, inclusive a padaria em frente tinha pães deliciosos com valores muito baratos. Acontece da região não ter turistas, é local de comércio popular, com diversas barracas na rua e movimento de dia e de noite. Saí caminhando com mais tranquilidade durante o dia para sentir o clima e vi cholas* por todos os lados, também muita sujeira pelas ruas.
Cuenca pareceu seguro, mas é bom respeitar os avisos dos locais e circular sozinha apenas pelo Centro Histórico, principalmente a noite. Durante o dia, é tranquilo andar nas ruas movimentadas e cuidar para evitar batedores de carteira, afinal, é uma cidade de 600 mil habitantes com todo tipo de gente. Prefira hospedagem entre as ruas Gran Colômbia e Calle Larga.
Cholas Cuencanas
São mulheres com vestimenta típica equatoriana como o chapéu de palha e as mantas, geralmente vivem na zona rural, mas são facilmente encontradas circulando ou vendendo produtos por Cuenca.
Onde comer em Cuenca, Equador
Os pratos típicos da culinária equatoriana são deliciosos e saudáveis não faltando locais para experimentar. Para um experiência local e econômica, o melhor é parar nos mercados como 10 de Agosto ou 9 de Octobre e pedir o que apetecer na hora. Os sucos de frutas são ótimos e frescos. As mesas são comunitárias e na minha só tinha residentes de Cuenca.
Para jantar gostei do Cosita com uma decoração pitoresca cheia de detalhes, simpatia no atendimento e pratos tradicionais acessíveis.
Chocolateria Dos Chorreras está sempre movimentada e tem um chocolate quente delicioso, só de entrar é impossível não pedir algo de chocolate porque o cheiro na loja desperta o desejo. Dá pra comprar souvenir.
Também gostei dos chocolates no restaurante Libélula do Spa Piedra de Agua. Lembrando que chocolate vem do cacau e o melhor do mundo vem do Equador.
Recomendaram e entrei para conhecer a Mansión Matilde, casa histórica restaurada com decoração peculiar, e Bógoli, terraço na altura das cúpulas com linda vista para o Centro Histórico. Os dois servem drinks famosos e pratos requintados que não experimentei. Ambos ficam em frente ao Parque Calderón. Também há várias opções com alto astral e vista para as cúpulas no Seminário San Luis virou praça de alimentação.
Há panaderias e lojinhas de doces em cada esquina. Os doces são para festejar o Corpus Christi, mas fazem tanto sucesso que vendem o ano inteiro.
Veja os endereços dos estabelecimentos no mapa.
Como chegar e circular
Cuenca, está localizada a 441 km ao sul de Quito, a capital do Equador e onde chegam os voos internacionais. Dali pode pegar outro voo de 20 minutos até o aeroporto Mariscal Lamar, situado no centro de Cuenca. Ou ônibus com duração mínima de 10 horas, parece perto na quilometragem, mas as estradas da Cordilheira dos Andes enganam. Ainda bem que a agência Quinti Travel insistiu na minha ida por aéreo e cuidou dos detalhes para mim. Antes de voltar a Quito, parei em Cotapaxi e a alternativa mais prática era de ônibus, mas foram 15 horas cansativas.
Na frente do aeroporto de Cuenca passam táxis e tem parada do Tranvía, o bonde elétrico que leva para o centro histórico. Pode comprar o bilhete na hora com cartão de crédito, é novo e super tranquilo de andar. Tem transporte por aplicativo, mas é uma empresa local e quando precisava o recepcionista da hospedagem chamava para mim.
Ônibus Hop-on Hop-off
Parte a cada 30 minutos do Parque El Calderón e vale a pena sentar no segundo piso para observar a arquitetura das casas de perto, por um ângulo impossível de ver na altura da calçada. São diferentes empresas, fiz o amarelo da Cuenca Tour 360º com direito a degustação de canelazo de cortesia no Mirante de Turi. A bebida feita de cana-de-açúcar esquenta por sua doçura ou quando colocam álcool, mas não recomendo para quem tem problemas de altitude. Foi só pedir sem álcool e já tinham preparado para me servir.
Com o meu bilhete de um dia, aproveitei para descer no Museo del Sombrero de Paja Toquilla Paredes-Roldán e almoçar no mercado 10 de Agosto, então peguei de volta e segui pela margem do rio Tomebamba até o Mirador de Turi. Curti a paisagem um tempo e fiz o trecho final até o Centro Histórico com a luz do fim de tarde.
Mapa de Cuenca
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