Na fronteira norte do Brasil existe uma montanha misteriosa onde só se chega a pé ou de helicóptero. Foram 90 km de caminhadas em 6 dias longe do conforto e totalmente integrada na natureza. A experiência rendeu tanto que essa semana decidi escrever um post por dia contando tudo em detalhes.
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Expedição Monte Roraima dia-a-dia
Dia 1 – Platô à vista
Era noite quando partimos de Boa Vista, por 225 km em uma van, rumo à fronteira com a Venezuela, em Santa Elena de Uiarén. Ali foram algumas horas de fila na aduana, momento aproveitado para nos conhecermos. Éramos 7 aventureiros, incluindo o guia, um casal da região e 4 viajantes independentes, já deu para sentir que a companhia seria ótima.
Ainda restavam 88 km até Paratepuy, entrada do Parque Nacional Canaima, e começamos a nos distanciar do conforto. O transporte mudou para um jipe por estradas de terra com bastante erosão e trechos onde só um veículo podia passar.
Não tinha como dormir e comecei a prestar atenção na paisagem, vi córregos entre colinas e logo começou a Gran Savana exibindo uma vegetação rasteira e tons de verde amarelado. De repente, surge o enorme platô e os guias Franscico e Leo (nos acompanhou algumas horas) aguçam nossa vontade de alcançar o topo contando histórias. Nos mostram o ponto mais alto da montanha – o Maverick, visto da estrada a rocha tem o formato do carro e fica a 2810 metros de altura.
Finalmente a trilha começa no início da tarde, dos 15 kg entreguei 10 kg para o carregador, passei protetor, peguei o bastão e segui 14 km pela savanas venezuelanas. Em Paratepuy, dois índios Pemons, da comunidade local, integram o nosso grupo levando comida, equipamentos de camping e as mochilas de quem, como eu, optou pagar pelo serviço.
Pelo caminho visualizamos alguns tepuis, mas apenas Kukenán se mostrava por inteiro, Roraima e os outros, pertencentes à Guiana, tinham o topo tapado por nuvens. Apesar do Kukenán se mostrar mais imponente naquele ângulo, o Monte Roraima é o maior deles e foi se mostrando aos poucos. Até o final do dia ficou totalmente escondido atrás das nuvens. Entretanto, minutos antes do pôr do sol, nos brindou exibindo tons de fogo e rosado.
Quando escureceu completamente, percebi que vim tão tranquilamente apreciando a paisagem que ainda não tinha chegado no acampamento Tek conforme o previsto, o jeito foi apressar o passo pensando no rio. Quanto mais tarde eu chegasse mais gelado seria o banho do dia.
No escuro não deu para ver o acampamento direito, mas era simples, nem tinha onde trocar de roupa. Improvisamos com a capa de chuva e levamos muita coragem para entrar no rio enxergando apenas vultos entre os focos das lanternas, era escorregadio e tinha correnteza, ainda bem que eu não era a única. Tinha uma galera atrasada e fazendo fiasco por causa do frio. Mas valeu a pena, ativou a circulação, relaxou os músculos e deu uma renovada. Voltando para o acampamento a barraca já estava montada e o jantar servido.
Pouco antes de dormir a noite clareou, era a lua cheia surgindo atrás do Monte Roraima e exibindo sua silhueta. Uau! Pensei: se os próximos dias continuarem me impressionando, essa viagem vai superar todas as expectativas. E para completar, no momento em que fui me recolher, olhei para cima e Kukenán estava incrível, as nuvens iluminadas pela lua davam a impressão de ser uma onda do mar quebrando bem em cima dele.
Tome Nota
Visto para Venezuela: é feito na hora na aduana, em Santa Elena de Uiarén, e pode ser com RG ou passaporte, mas não recomendo o passaporte pelo risco da aduana estar fechada na hora de voltar e ficar sem o carimbo da saída. Era feriado quando voltei e não tinha ninguém por ali. Na alta temporada perde-se um bom tempo na fila e não fazem questão de oferecer um mínimo de conforto, ficamos em pé no sol por umas 2 horas.
Para começar a trilha tem que entrar no Parque até às 13 horas.
Tepuis são formações rochosas de 2 bilhões de anos. Mais antigas que os Andes e o Himalaia.
Acompanhe Expedição Monte Roraima dia-a-dia nos próximos posts:
Dia 1 – Dia 2 – Dia 3 – Dia 4 – Dia 5 – Dia 6. Leia sobre o preparo físico e o que precisa levar na mochila.
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6 Comments
Oi Roberta!
Saudade de você…
Estive em Boa Vista a poucos dias!
Retorno do dia 23/11/2015, estou louco para fazer essa trilha!
Grande abraço.
Ricardo Medina
Oi Ricardo, como estás? Saudades também
Desculpe não responder antes, estava entre viagens. Mas me conta voltou e fez a trilha? Este lugar é mágico, abraço
Oi Roberta!
Estarei no Monte Roraima agora em janeiro e gostaria de saber quanto vc pagou para o carregador levar sua mochila. Queria ter uma base de preço… Você não divulgou com qual agência vc contratou os serviços. Eu vou com a Roraima Adventure.
Obrigada!
[]’s
Oi Carla!
Fiz a trilha na virada 2012/2013. Os valores não devem ter aumentado, mas foi pouco mais de 100 reais. Também com a Roraima Adventure, com o guia Francisco e cito este detalhe em outros posta Este é só o relato do primeiro dia, escrevi quase 30 posts sobre o Monte Roraima.
Olá Roberta.
Obrigada pela resposta…
Sim, depois que escrevi esse comentário continuei lendo seus outros posts e vi que vc tinha feito com a Roraima Adventure… Adorei seu relato, me inspirou muito. Obrigada por compartilhar.
[]’s
ESTOU A SEGUIR ADORO FORÇA COMO EU GOSTAVA DE ESTAR AAI