Me deparei com barulhinho de água, canto dos pássaros, carro de boi, história, comida boa e a maior concentração de ciclistas do Rio Grande do Sul em Lomba Grande, no Vale dos Sinos. Região que visito há anos e tinha deixado passar esse cantinho cheio de belas paisagens. Ainda bem que a amiga Cinara Vila recomendou.
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Lomba Grande é a zona rural de Novo Hamburgo, seu maior e mais antigo bairro. Os primeiros moradores vieram da vizinha São Leopoldo durante o início da imigração alemã no século XIX. Eles buscavam montanhas e ali é exatamente onde começa a Serra do Mar. Oportunidade de respirar ar puro e praticar atividades em meio a natureza, além de comprar direto dos produtores locais.
A palavra lomba grande pode ter diferentes significados conforme o seu estado, no Rio Grande do Sul lomba é um ponto com subida ou descida íngreme, portanto um lugar chamado Lomba Grande é cheio de aclives e declives para dar aquele frio na barriga.
O que fazer em Lomba Grande
Para começar, experimentar o turismo rural e gastronômico. Embora seja zona rural, o centro do bairro (principalmente na rua João Aloysio Algayer) tem boa estrutura comercial e fica a poucos minutos da tranquilidade do campo ou diversas opções de lazer e hospedagem. Não deixe de conversar com os locais, provar a cuca e tomar caldo de cana entre as atividades que indico a seguir.
Andar de bicicleta
Lomba Grande é ótimo para começar no esporte pela variedade de terrenos desde os fáceis aos difíceis, além de fazer parte do Circuito Cicloturismo Rota Romântica e Vale Germânico.
A pandemia me deixou fora de forma e senti o peso das lombas com aclives leves, mas deu para fazer os 9 km no passeio da Pedalando no Sul. Saímos do Sítio da Bike em direção ao centro, paramos da feirinha de antiguidades e voltamos descendo uma lomba digna do nome do bairro. Já subir é para os fortes ou com treino em dia, não para mim, por enquanto.
O ideal é levar a sua bike, se não tiver como eu, Pedalando no Sul promove passeios, aluga equipamentos e bicicletas para terrenos difíceis e até elétricas. Apenas a idade é a partir de 14 anos. Conheça os roteiros no @pedalando_no_sul no Instagram ou pelos fones 54 99217.3088 e 51 99353.8663.
Descobrir cachoeiras
São várias cachoeiras perfeitas para explorar enquanto faz trilha ou pedala, muitas ficam perto da estrada de terra como a Cachoeira do Jacó, a única que visitei, por enquanto. Algumas estão no Google Maps, outras só falando com os locais ou se localizando pela intensidade do barulho da água.
Comprar direto do produtor rural
Seja uma banca na estrada abarrotada de uvas, nos sítios, padarias e mercados, não faltam lugares para comprar produtos regionais fresquinhos.
A Tenda foi a parada para pegar água quente para o chimarrão e biscoitos caseiros para o lanche da trilha. Então já estava eu na cozinha pegando água quente da chaleira e batendo papo com o atendente. É um mercado com diversos produtos e mesas ao ar livre para sentar, comer algo e tomar um caldo de cana com limão feito na hora (só ele já vale a parada para se refrescar). Vale passar ali antes ou depois do passeio.
Onde: rua João Aloysio Algayer, 4570.
O Vale dos Sinos têm as melhores cucas já experimentadas por mim e a Casa das Cucas está entre as mais saborosas (principalmente sabor doce de leite). Uma mesa na entrada oferece diversos sabores e quando está desfalcada, tem mais nas prateleiras. A fornada saí às 16h e pegar ela quentinha é ainda mais especial. Também é padaria com variedade de pães, chimias, nata e cueca virada.
Onde: rua João Aloysio Algayer, 3800.
Bio Garden é uma floricultura em construção, tanto que ainda nem tem presença digital ou achei um endereço, mas é fácil encontrar seguindo pela rua João Aloysio Algayer. Tem um domo de plástico branco e vários cantinhos instagramáveis. Dentro fica melhor ainda. Tem uma família de basset dachshund e um deles ficou pedindo carinho tocando na minha perna antes mesmo de eu interagir com ele. Está aberta ao público vendendo pães e cucas, além das plantas.
Desfrutar de sítios e balneários
A propriedade de um casal triatleta chamada Sítio da Bike, já dá uma ideia do que esperar. Alexandre e Luiza Saft criaram um ponto de encontro para ciclistas na região. Têm loja especializada no esporte, trilhas, pistas sinalizadas, espaço para eventos com churrasqueiras e estrutura com serviços, vestiário e duchas para aquela parada estratégica durante o pedal.
Pode passar o dia e alugar bicicletas, apenas durante a pandemia eles acabaram vendendo as disponíveis para locação pela alta demanda, então leve a sua ou informe-se com eles mesmos para saber onde alugar.
Onde: Estrada do Quilombo, 2460. Acompanhe os eventos no perfil @sitio_da_bike do Instagram
A Estalagem Pastoreio é um empreendimento novo com refeições, hospedagem, passeios a cavalo ou bicicleta, trilhas curtas (2 km), lojinha, áreas de descanso e uma capela com história que escutei do proprietário.
Clau Kühn buscava tijolos antigos e encontrou em um mosteiro em demolição. Na época a sua esposa sonhou com uma mulher dizendo que iria ficar sem casa e naquele mesmo dia encontraram a imagem de uma santa quebrada no antigo mosteiro. Era Santa Teresinha, de 1920, feita em pó de mármore e resina. A família entendeu o sonho como um sinal, restauraram a santa e hoje a capela é dela construída com os mesmos tijolos da sua antiga morada e decorada com afrescos do artista argentino Jose A Cuña, onde os rostos dos anjos na pintura são dos filhos e netos de Clau.
Onde: Dealmo Winter, 800. Abre diariamente a partir das 9h para café da manhã e visita à propriedade, mas é sempre bom ligar antes porque pode ter eventos privados. Almoço e jantar com culinária contemporânea internacional é mediante reserva pelo fone 51 3600.8283.
Não cheguei a visitar os balneários, mas vi várias placas pelas estradas. Soube que oferecem áreas de lazer com piscina para passar o dia ou acampar, alguns têm cabanas e atividades de turismo rural. É onde os moradores de Novo Hamburgo se refrescam no verão.
Voltar ao passado
Desde construções históricas do início da imigração alemã até uma feira de antiguidade embaixo de uma figueira enorme, Lomba Grande também é ótima para os nostálgicos.
Um domingo por mês acontece a Feira de Antiguidades promovida pela Geschaft House e Jefinho Antiguidades. É charmosa e ao ar livre, um corredor gramado é decorado criando cenários pedindo para serem fotografados. Logo após a curva no final do terreno, uma figueira que deve ser centenária, no mínimo, dá sombra as bancas vendendo de tudo um pouco.
Onde: rua João Aloysio Algayer,1542. Confirme a data pelas redes sociais @jefinho.antiguidades ou @geschafthouse.
Lomba Grande: Airbnb e pousada
Se hospedar pelo Airbnb pareceu a melhor opção em Lomba Grande, e os anfitriões Luis Claudio e Thais Schimitt foram os primeiros a me apresentar o bairro e suas casas onde os hóspedes são recebidos com cuca. As propriedades ficam em condomínios fechados com muito verde, vista e ar puro. A mais concorrida é a casa onde moravam: Schmitt House acabou virando casa de campo quando não há hóspedes e eles se mudaram para outro local para investir no negócio de hospitalidade.
A casa é espaçosa e muito bem decorada. Dá para ver o pôr do sol na varanda, fazer as refeições ao ar livre e explorar as trilhas e cachoeiras do condomínio. Um vale rodeado por montanhas, tranquilidade e belas paisagens.
A Estalagem Pastoreio oferece casas temáticas por país, ou continente, acomodando até 6 pessoas. A decoração da Turquia é maravilhosa e a vista de todas é relaxante. Durante a minha visita, a cabana África estava pronta e Uruguai em construção, assim como a área reservada para mais 10 cabanas no futuro. A piscina com um lindo paisagismo é somente para hóspedes.
Onde comer em Lomba Grande
A parada para repor as energias após a trilha ou pedal é no Café Colonial Lomba Grande. A mesa farta é composta por sucos naturais, fiambre, salgados, pães e doces em três opções: mini, completo e completo com vinho.
Fomos na mais abrangente para repetir à vontade, o banquete é servido na mesa e basta pedir para repor o que mais gostou. As tortas doces e frias ficam em um buffet ao lado.
Onde: rua João Aloysio Algayer, 3790. Funciona nos finais de semana e feriados entre 11h e 18 horas. De quarta a sábado é pizaria Da Lomba no jantar.
Onde fica Lomba Grande e como chegar
Distante 15 km do centro de Novo Hamburgo pela estrada Leopoldo Petri ou 47 km de Porto Alegre pela BR-116, pode fazer um bate e volta da capital ou das principais cidades ao redor. Mas as opções de hospedagem são tão interessantes que vale passar uns dias e explorar todas as atividades com calma. O bairro Lomba Grande faz divisa com os municípios São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Sapiranga, Campo Bom, Gravataí e Taquara.
Há uma linha de ônibus Lomba Grande no transporte público de Novo Hamburgo, mas o melhor é ir de carro, pode alugar ou combinar com um motorista. Apenas fique ciente do possível problema na hora de voltar se depende de transporte por aplicativos, nem sempre terá sinal para chamar e é comum cancelarem quando se dão conta que o destino é Lomba Grande pelas estradas de terra, falta de sinalização e longas distâncias. Dá para ir facilmente, porém, na hora de voltar aconselho deixar combinado com alguém como fiz chamando a Transfer pelo telefone 51 98317.5192.
O que levar no passeio em Lomba Grande
Bicicleta, tênis para trilha, água, repelente e protetor solar. E o lanche, pegue em algum dos estabelecimentos que vendem produtos locais como os mencionados acima.
Fotos de Lomba Grande
© Todos os direitos reservados. Fotos e relato 100% originais. Fotos de Roberta Martins, Daniel Hunger e Deivid Schu.
O passeio de bicicleta e café colonial foram cortesia parte da fan press Vale Germânico.
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2 Comments
Sou moradora de Lomba Grande adorei a reportagem. Parabéns.
Obrigada, Mariza