CULTURAL

Jaguarão além das compras


Conhecida como via de acesso aos free shops da cidade uruguaia de Rio Branco, Jaguarão oferece muito mais para aqueles que reservarem um tempo e um olhar mais atento a essa localidade marcada pela beleza de sua arquitetura e pela arte talhada nas portas de madeira nobre de muitas construções. Com cerca de 30 mil habitantes e uma economia baseada na pecuária e na cultura do arroz, o município gaúcho localizado na Zona Sul do Estado – há aproximadamente 400 quilômetros de Porto Alegre e a 380 quilômetros de Montevidéu – nasceu de um acampamento militar instalado às margens do rio que dá nome ao lugar, em 1802, período em que Espanha e Portugal disputavam os limites de suas fronteiras.

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Jaguarão

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Ruínas da Enfermaria Militar em Jaguarão
Ruínas da Enfermaria Militar

Palco de lutas, como a Revolução Farroupilha, em 1835, e a invasão uruguaia, em 1865, a cidade mantém ainda hoje o legado desse passado de batalhas, como é o caso das Ruínas da Enfermaria Militar. Apesar de tombada pelo patrimônio histórico estadual, a antiga edificação de 1880 está abandonada, com buracos no chão e nas escadarias. Mesmo assim, o imponente prédio, de grandes janelas em arco e com um pátio interno (ou o que sobrou dele), que fica no Cerro da Pólvora, nas esquinas das ruas Uruguay e da Paz, merece uma parada pela ampla vista de Jaguarão e de Rio Branco que oferece. Afastada da parte central, o que se explica pelo medo que se tinha na época de disseminação das doenças, a construção foi também utilizada como prisão política.



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Museu Dr. Carlos Barbosa

Falando em história, a cidade foi ainda a residência de Carlos Barbosa, médico e político gaúcho que foi governador do Estado entre 1908 e 1913. A casa onde ele e a família moraram foi transformada em museu na década de 1970, a partir da iniciativa de uma de suas filhas, Eudóxia, e preserva objetos pessoais, louças, porcelanas inglesas e francesas, mobiliário em estilo neoclássico e art nouveau e algumas soluções pioneiras para aqueles anos. Percorrer as alas sociais e particulares do casarão é uma verdadeira viagem no tempo. Cortinas e pinturas nos tetos e paredes permanecem intactas, assim como esculturas, quadros e roupas, revelando a riqueza de outras eras em detalhes em ouro, vidros bisotê e vasos de murano.

Fachada geral do Museu Dr. Carlos Barbosa
Fachada geral do Museu Dr. Carlos Barbosa
Fonte do pátio interno do Museu
Fonte do pátio interno do Museu

Preocupado com a tuberculose, a edificação de 600m² foi planejada com ligação entre os cômodos, permitindo a ventilação de todas as áreas. Outra inovação introduzida por Barbosa foi projetar a casa de acordo com a orientação solar. Dessa forma, havia quartos para serem usados no verão e no inverno, conforme a maior ou menor incidência do sol. Essas duas partes da residência são conectadas através de um corredor envidraçado que leva também a um jardim interno, inspirado em praças europeias, com um chafariz ao centro e canteiros de flores em volta. Era ali que as mulheres da família podiam aproveitar o ar da rua sem serem incomodadas. Ditava a regra social de então que elas apenas poderiam sair se acompanhadas do pai ou do marido.

O médico foi também o primeiro a ter um banheiro dentro de casa. Para isso, precisou de uma autorização municipal, na qual assumia a responsabilidade por qualquer doença que essa medida pudesse trazer.

As inúmeras histórias do museu podem ser conhecidas de terça a sábado, das 9h às 11h e das 14h às 17h. A visita é guiada e o ingresso custa R$ 5,00. O Museu Dr. Carlos Barbosa fica na rua XV de Novembro, 642, no Centro. Não é permitido tirar fotos na parte interna. 

Riqueza de detalhes

Na mesma via, a XV de Novembro, ficam algumas construções, datadas em geral do século XIX, com portas talhadas em madeira nobre. Uma caminhada pela rua permite observar melhor a riqueza de detalhes dessas verdadeiras obras de arte. Segundo a Prefeitura de Jaguarão, há mais de 800 edificações de importância histórica e arquitetônica identificadas. O grau de conservação varia bastante, mas boa parte delas está sendo recuperada, ganhando vida nova e trazendo cor para a cidade. O estilo colonial português é o mais comum na região, assim como o neoclássico. janelas com vitrais coloridos e diferentes desenhos complementam o visual dessas residências e estabelecimentos comerciais.

Casa de cultura da cidade
Casa de cultura da cidade

O Teatro Esperança (em reformas), a Casa De Cultura e o Mercado Público (que deve ser restaurado) são exemplos dessas arquiteturas.

A Praça Central Dr. Alcides Marques é o ponto de encontro dos moradores e dos jovens que tomam os bancos das praças à noite. Ali fica a Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, em estilo barroco e construída entre 1847 e 1875, o posto rodoviário, vários trailers de comida, lanchonetes e restaurante. Como a Pizza Mia, que serve o prato como no Uruguai, com a massa mais grossa e em formato retangular. A Igreja Imaculada Conceição, com características góticas, é outra edificação que merece uma visita, ela fica na rua General Osório, 743.

Igreja da Matriz do Divino Espírito
Igreja da Matriz do Divino Espírito

O lado das compras

Uma ponte, mais especificamente a ponte internacional Barão De Mauá, separa Jaguarão de Rio Branco. No lado uruguaio, o convite às compras é quase irresistível, ainda mais com o dólar em baixa. Perfumes, maquiagens, chocolates suíços e belgas e bebidas continuam sendo as melhores, e mais acessíveis, opções para quem atravessa a fronteira. Roupas e calçados de marcas como Adidas e Nike apresentam preços semelhantes ao do Brasil. Alguns eletrônicos, como mp3 e rádios portáteis, também podem ser encontrados com valores reduzidos. Pela variedade de opções, as lojas Neutral, Mario e Paris valem ser pesquisadas. Uma parada nas queijarias é quase que obrigatória, pela qualidade e custo dos produtos. Nesses lugares pode-se encontrar alfajores e bocaditos.


Mario Duty Free Shop

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Ponte Internacional Barão de Mauá
Ponte Internacional Barão de Mauá

Na Artigas, principal rua da cidade, fica o restaurante El Gallego, com lanches como os chivitos, um clássico da gastronomia uruguaia, e cortes de carnes, como assados de tira. Do tipo bom e barato. Quem quiser conhecer um pouco mais de Rio Branco, e entrar no município de fato, encontra outras opções como a parrillada do La Fogatta, que fica no Centro, próximo ao acesso do Lago Merin

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Tome Nota Jaguarão

Onde ficar: Existem alternativas para todos os bolsos. O Hotel Py, por exemplo, na Júlio de Castilhos, 451, tem um ótimo atendimento e café da manhã incluído. O Hotel Fronteira, na Barão do Rio Branco, 152, quase em frente à ponte, além da localização, conta com café da manhã incluído e bom atendimento. Um dos mais conhecidos é o Hotel Sinuelo, instalado junto à praça central. Importante reservar antes, pois nos finais de semana e feriados é difícil encontrar vagas.   

Como chegar: De carro, saindo de Porto Alegre, o acesso ocorre pela BR-116. Além da pista única e do grande volume de caminhões, outro problema da rodovia é o número de pedágios, cinco na ida e quatro na volta.

De ônibus, partindo da Capital gaúcha, os horários são poucos e apenas uma empresa faz o trajeto.

Pátio interno do museu

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Tatiana Gappmayer

Tatiana Gappmayer Jornalista, cinéfila, apaixonada por mapas e livros de arquitetura e mochileira. | Siga no Instagram

5 Comments

  1. Adoro a região de Jaguarão e RÍo Branco!
    Uma sugestão de hotel em Jaguarão é o Crigial; sempre hospedo-me lá.

    • Roberta Martins Reply

      Obrigada pela dica de hospedagem Felipe, confesso que sempre fiz bate e volta de Pelotas e sempre conto com as dicas dos leitores

  2. Sinto muita saudade deste terrinha.

    No lado Uruguaio indico para jantar na “La Campana” o proprietário irá vocês se sentirem em casa.

  3. olá,
    Jaguarão/Rio Branco era a última fronteira Uruguaya que faltava para ‘desbravar’. Fui conhecer e as dicas do blog foram preciosas.

    Dentre outros sabores, o pancho com muzarela da Malu Duran foi maravilhoso, curtindo o por-do-sol!

    obrigada e boas trilhas a você!!!

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