AUSTRÁLIA

Viajar nas superstições: 13 origens e curiosidades


Você é supersticioso? Não sou, mas já fui e adoro descobrir as crenças dos lugares visitados. Eu e Luciano Nagel contamos no podcast desta semana algumas situações do nosso cotidiano além de pesquisarmos as origens folclóricas e históricas das principais superstições encontradas pelo mundo.

Ouça a nossa conversa clicando no botão com a seta ou continue lendo sobre as origens de 13 (ou 17 para os italianos) superstições famosas.

Superstições se confundem com lendas e folclores de lugares, por isso é tão interessante ver pelo lado cultural. Não é uma questão só de azar ou de sorte, de acreditar ou não, é sobre conhecer lendas, pessoas, símbolos e ter histórias para contar. Inclusive, algumas crenças são transformadas em souvenir para ir fotografando ou comprando durante a viagem.

Curiosidades e origens de 13 superstições pelo mundo 

  1. Derramar sal
  2. Passar embaixo de escada
  3. Tatuagem deve ser número ímpar
  4. Deixar o chinelo virado
  5. Quebrar espelho
  6. Quando gato preto ou coruja cruza o nosso caminho
  7. Simpatias de Réveillon
  8. Orelha vermelha
  9. Merda atrai dinheiro e sorte
  10. Pisar com pé direito
  11. 13 e outros números
  12. Bater na madeira
  13. Olho Grego

1. Quando derrama o sal traz azar, quando deixa cair açúcar é sorte 

A referência ao sal viria do famoso quadro da Santa Ceia, de Leonardo Da Vinci, onde Judas deixa cair um saleiro. Por causa desta pintura, as pessoas criaram essa crença e jogar sal por trás do ombro esquerdo ajuda a recuperar a sorte. 

A solução é uma lenda popular entre os povos turcos. Todo infortúnio seria culpa do anjo mal que vive no nosso ombro esquerdo e tenta nos prejudicar. Para evitar desgraças, o segredo seria cegá-lo jogando uma pitada de sal nos olhos dele. 

A explicação para derramar açúcar não encontrei, mas imagino ser pela lógica do oposto, é doce enquanto o sal é salgado. O que não faz o menor sentido, afinal o sal também é visto de forma positiva em outras situações como neutralizar energia negativa, por exemplo.  

2. Porque passar embaixo de escada dá azar?

Algumas superstições são explicáveis, afinal, se há uma escada deve ter obra e algo pode cair em nossa cabeça se passarmos por baixo, melhor evitar e desviar. Além disso, tem duas teorias para a crendice:

  • no tempo das guerras medievais, derramavam óleo fervente sobre as escadas usadas para invadir as muralhas. A dor teria criado o receio inconsciente e passado por gerações até hoje.
  • o triângulo formado pela sombra de uma escada encostada em uma parede representa a Santíssima Trindade (pai, filho e espírito santo). Passar debaixo da escada seria como profanar o triângulo sagrado, como um dogma cristão jamais deve ser ameaçado, fazê-lo é um pecado gravíssimo.  

3. Tatuagem deve ser número ímpar

Essa ideia seguida fielmente por muitos vem de um naufrágio de um navio pirata na Europa entre os séculos XV e XVII. Todos os tripulantes com número de tatuagens par morreram enquanto todos com número ímpar sobreviveram. Desde então quem faz tatuagem repete a crença de azar, se fizer duas tem que fazer a terceira e assim por diante.

4. Deixar o chinelo virado dá azar ou causa a morte da mãe

Essa história está relacionada à moda dos chinelos no Brasil nos anos 60. Como muitas casas ainda não tinham acabamento no chão, os calçados ficavam mais sujos se estivessem com a sola para cima daí essa falsa maldição que tinha como objetivo fazer os filhos não largarem os calçados de qualquer jeito.

5. Quebrar espelho dá 7 anos de azar

Era uma lenda grega posteriormente adaptada ao surgimento dos espelhos. Para saber o futuro, os gregos olhavam seu reflexo na água, o azar era derrubar a água e quebrar a cerâmica. Com o surgimento do espelho, esse medo foi uma forma dos criados terem mais cuidado ao manusearem o objeto valioso. 

6. Quando gato preto ou coruja cruza o nosso caminho

Gato preto é sorte para alguns e azar para outros em diferentes regiões do mundo. A fama de azar é associada as bruxas na Idade Média. Devido aos seus hábitos noturnos, acreditavam que as mulheres se transformavam nos bichanos.

(7.) Da mesma forma, se deparar com uma coruja traz diferentes sensações. No Egito significa mau agouro e no Quênia é símbolo de morte, já na América do Sul é sabedoria. 

7. Superstições de Réveillon

A virada do ano nos remete a uma série de superstições de sorte como:

(8.) O hábito de comer lentinhas veio dos imigrantes italianos. Eles acreditavam que bastava uma colher de sopa perto da meia-noite para garantir um ano inteiro de fartura à mesa.

(9.) Comer uvas na virada do ano vem de Portugal, lá a quantidade corresponde ao número da sorte de cada um. Aqui no Brasil são 12 como as horas no relógio e deve ser feito um pedido a cada ingestão. Na minha família, de origem germânica e portuguesa, não importa a quantidade da fruta e sim as 7 sementes para guardar na carteira e ter dinheiro o ano todo.

(10.) Vestir branco e pular sete ondas têm influência africana, a cor representa luz, pureza e paz. Molhar os pés é, além de uma homenagem a Iemanjá, purificação para renovar as energias para o novo ano.

(11.) Tirar a mala do armário e dar uma volta pelo quarteirão com ela vazia para garantir muitas viagens no próximo ano é crença na Venezuela. Aqui no Brasil tem variações como andar dentro de casa com a bagagem ou correr 7 vezes em volta dela ao bater da meia-noite. 

8. Orelha vermelha quando falam de você

(12.) Sinto informar, mas se a sua orelha está pegando fogo, estão falando mal de você. Esse mito ganhou força na Europa medieval quando julgavam que a pessoa estava sendo vítima de feitiço.

9. Merda atrai dinheiro e sorte

(13.) Ser atingido por cocô de pássaro significa riquezas chegando para os russos. Já para os japoneses é sorte assim como desejar merda a um artista antes do espetáculo é bem-vindo. Essa última variação da crença veio da França na época que o transporte era puxado por cavalos e eles cagavam toda a frente dos teatros.

10. Pisar com pé direito

(14.) Diversos povos antigos relacionavam coisas ruins ao lado esquerdo e coisas boas ao lado direito e isso se difundiu em várias lendas pelo mundo. Por exemplo, levantar com o pé esquerdo é sinal de mau-humor e começar qualquer coisa com o pé direito é motivador. Entre as possíveis origens, ou pelo menos o responsável pela difusão foi o povo romano com seus conceitos de bem e mal.

11. 13 e outros números

(15.) Boa parte das superstições são relacionadas a números e o 13 é o mais comum. Pode ser sorte em alguns lugares e azar em outros. Por exemplo, nos Estados Unidos determinadas linhas áreas não têm assentos com o número 13 e alguns prédios são construídos sem o 13º andar. Aqui no Brasil esse andar não aparece em alguns elevadores e a sexta-feira 13 gera desconfiança, já o 13º salário é sempre bem-vindo. Na Espanha, o dia do azar é a terça-feira 13.

Conforme os manuscritos mais antigos mencionando o número, a crença teria origem nórdica quando 12 deuses foram convidados para jantar e Loki, deus da discórdia, apareceu de penetra totalizando 13 pessoas. Um dos deuses quis expulsá-lo e acabou morto. Por esse motivo, escandinavos evitam jantares com essa quantidade de pessoas até hoje. O misticismo foi reforçado entre os cristãos também com referência a Última Ceia porque o jantar totalizou 13 pessoas. Além disso, Jesus foi crucificado justamente em uma sexta-feira. 

Na Austrália o número do azar é 87 popularizado nos jogos de críquete, quando um jogador alcança esse número em pontos, dizem ser o  “número do Diabo”. Lembrando que uma centena é formado por 87 mais 13.

Sendo um dos países mais supersticiosos, a Itália também acredita no 13 como sinônimo de azar, mas o 17 é bem pior, principalmente se cair em sexta-feira. É símbolo de morte, por causa da escrita dos algarismos romanos “XVII”  lembrar a palavra “vixi”, que significa “eu vivi”. O termo VIXI é comum em tumbas romanas. 

12. Bater na madeira para espantar o azar

(16.) Uma das origens é a crença das árvores serem a morada dos Deuses, pensamento compartilhado entre os indígenas americanos e latinos. Quando se sentiam culpados, os americanos batiam no tronco das árvores para pedir perdão. A outra vem dos druidas, os sacerdotes celtas da Europa davam toques nas árvores para afugentar os maus espíritos porque eles acreditavam que as árvores mandavam os demônios de volta as profundezas.

Olho grego é uma das superstições mais bonitas esteticamente
Olho Grego

13. Olho Grego

(17.) Se o olho grego aparecer rachado, significa ter cumprido a sua função de proteção contra as energias negativas. Também conhecido como Olho Turco, ou Nazar, é um talismã usado há séculos por religiosos islâmicos no Mediterrâneo, principalmente na Grécia e Turquia. Inclusive, há uma lenda sobre um homem ter conseguido estourar, só com a força de um olhar invejoso, uma rocha maciça. 

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Roberta Martins

Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 16 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram

6 Comments

  1. escutei, adorei a resposta dos piratas, não sabia dessa, como não ando de barco deixar par agora hahahah e aliás adoro seus registros de viagem

    • Roberta Martins Reply

      Fico feliz em saber e agregar algo pra você.

  2. CARLOS HENRIQUE BECKER Reply

    Tenho uma versão parecida com a frase “merda para você” Quando do final das apresentações teatrais na Inglaterra , o sucesso era mensurado pela quantidade de estrume que ficava na entrada do teatro.. quanto maior o volume, indicava a presença de muitas carruagens, trazendo mais pessoas para assistir a peça e consequentemente maior bilheteria!

    • Roberta Martins Reply

      Acho que a lenda é a mesma e as pessoas vão modificando com o tempo para se adaptar a cada região. Nunca vamos saber ao certo.

  3. Não sou supersticiosa. Acompanho todas as semanas e adoro os temas.
    Bjs

    • Obrigada pela companhia Dar, também não sou, ou melhor, depende do momento, kkk

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