Sempre digo, o melhor jeito de conhecer uma cidade é caminhando e interagindo com os locais, mas pedalando agrega uma emoção a mais. E se for dos dois jeitos, melhor ainda. Conheci o Soweto em um dia no tour de bicicleta do Lebo’s. Antes do passeio, vou contextualizar o local e seu momento histórico mais expressivo.
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Conheça o Soweto
Soweto chegou a ser o maior bairro do mundo, com cerca de 4 milhões de habitantes dentro de Joanesburgo, antes de se tornar cidade em 1983. O nome vem da sigla para South Western Townships (favelas do sudoeste), zonas criadas para servir de moradia para os não brancos trabalhadores das minas de ouro. Conforme as leis do Apartheid, negros, amarelos, vermelhos ou mestiços não poderiam morar perto dos brancos, logo, estas localidades foram crescendo desordenadamente sem os cuidados básicos do governo.
APARTHEID foi uma infeliz política de segregação racial liderada por europeus entre os anos 1948 e 1994 e apenas finalizada com a eleição de Nelson Mandela para presidente do país. Acabada, mas não sucumbida. Afinal os reflexos do Apartheid na África do Sul ainda estão bastante presentes.
Na época, o bairro Soweto virou símbolo de resistência ao Apartheid. Era o centro de manifestações estudantis contra o governo e cenário de confrontos sangrentos. Os estudantes não tinham os mesmos direitos e qualidade da educação dado aos brancos, consequentemente, não conseguiam sair da zona de pobreza e eram agredidos quando reivindicavam condições melhores. Em um dos eventos de 1976, a foto de uma criança morta carregada por um amigo sensibilizou o mundo e fortaleceu os moradores do Soweto a continuarem lutando, entre eles Nelson Mandela. Esta e outras histórias são contadas hoje com orgulho por moradores que viveram ou ouviram relatos de seus pais.
O turismo se desenvolveu rápido para a Copa do Mundo de 2010 e continua recebendo gente do mundo todo com muita simpatia. Ali foi construído o maior estádio do país – FNB Stadium, além de ter museus revitalizados e novos pontos turísticos. Todos fazem parte do roteiro de bicicleta organizado pelo Lebo’s Soweto Backbackers, onde passei a noite e parti para o passeio de 4 horas pela manhã.
Andar de bicicleta pelo Soweto
O tour é um excelente ponto de partida para entender a África do Sul nos dias atuais e ter uma visão das diferentes faces da cidade. Tem favela com problemas de saneamento, tem classe média e tem mansões convivendo em harmonia e respeito. Quem ganhou dinheiro faz questão de continuar morando ali e ajuda a trazer o desenvolvimento como visto na famosa Vilakazi Street. Rua onde morou dois premiados com o Nobel da Paz: arcebispo Desmond Tutu (1984) e Nelson Mandela (1993).
A atividade começa pedalando até um ponto alto, onde acontece uma introdução sobre a cidade e seus moradores ilustres. Depois seguimos até uma favela para a caminhada e ao final degustação da comida local dentro de um container: bochecha de vaca com pão e farinha acompanhados pela cerveja local. Pelo menos o que chamam de cerveja, o líquido fermentado era a bebida alcoólica econômica para fazer em casa na época do Apartheid e eles adoram até hoje. Tem versões industrializadas e até sem álcool.
Pior é o jeito como compartilham a bebida entre os turistas e moradores dividindo o mesmo pote. A única parte desagradável do passeio é esta questão de higiene, por outro lado, se queremos conhecer a verdadeira cultura local, é complicado fazer desfeitas. Assim como é difícil beber algo feito em meio ao esgoto à céu aberto. Enfim, gostei da carne, mas na hora da cerveja compartilhada (africanos amam compartilhar) me senti obrigada a fingir o gole porque o cheiro era bem ruim. E você o que faria?
Na continuação paramos em pontos históricos e turísticos como o Museu Hector Pieterson, hotel dos imigrantes, feira de artesanato e Museu da Família Mandela. O ideal é visitar tudo com tempo na opção de um dia inteiro, no tour reduzido apenas passamos na frente. E teve até parada para um velório passar, mulheres vestidas de vermelho seguiam cantando pelas ruas para homenagear a morta.
Agora, o melhor de toda esta experiência foram as crianças. Que alegria contagiante elas traziam levantando as mãozinhas e gritando Hi five! Paravam tudo e vinham correndo pra sentir a nossa palma da mão tocar a delas. Nestas horas foi preciso treinar a habilidade de cumprimentar uma a uma sem cair da bicicleta ou ser atropelada. Treinamento feito com o maior prazer. E diferente do imaginado pela maioria dos brasileiros quando visita uma favela, em nenhum momento me pediram algo ou encaram com malícia. Tudo era espontâneo da parte deles e da nossa. Nosso grupo era formado por turistas europeus e australianos.
E o frio na barriga? A adrenalina a seguir nas Orlando Towers
Na tarde o passeio foi outro, mas a ansiedade estava presente durante toda a manhã porque as torres Orlando estavam quase sempre visíveis no horizonte. Eram parte de uma usina termoelétrica chamado Orlando que virou parque de aventuras e trouxe cara nova a cidade com os enormes grafites.
Ali me joguei 40 metros em queda livre dentro de uma das torres de 100 metros de altura. A atração se chama Scad Free Fall e já mostrei em vídeo (clique no link do nome). O parque tem várias atividades como bungee jump, escalada, bar animado e outras pra trazer ótimas lembranças pra casa.
Tours e ingressos
Tome Nota Soweto
Soweto não tem a melhor fama quando se trata de segurança, mas eu me senti segura carregando equipamento fotográfico ao andar junto com o grupo. Achei mais tranquilo do que muitas cidades brasileiras, mas sim, devemos estar sempre atentos.
Agende o passeio de bicicleta no site do Lebo’s Soweto Backpackers. Quem não pedala, pode escolher transporte em tuk tuk ou os roteiros a pé. Tem opções para 2 horas, 4 horas ou dia inteiro de atividades. Também é um hostel simples e amigável. Te áreas internas ao ar livre e quartos compartilhados na rua 10823A Poo St.
RESERVE NO BOOKING
Orlando Towers abre de sexta a domingo das 10h até o pôr do sol no endereço Klipspruit 318-lq.
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O projeto Blogueiros na África do Sul (#DescubraAfricadoSul) foi uma realização do Travel Concept Solution e apoio da Pangea Trails, South African Airways, Detecta Hotel e incentivo da agência nacional de turismo (South African Tourism), da cidade de Joanesburgo (Joburg Tourism) e também de Cape Town (Cape Town Tourism). A viagem foi patrocinada, mas as opiniões aqui expressas são de livre expressão do autor. Veja também os blogs que participaram da viagem: Dentro de Mochilão, Territórios, Viajando com Eles e Viagem Criativa.