Entre a Cordilheira dos Andes, no Chile, e a Cordilheira Costeira, próximo ao Oceano Pacífico está localizado o Valle del Maule, um lugar lindíssimo que convida o turista a descobrir seus vinhedos, suas paisagens naturais, seus produtos e sua cultura. Segundo o Sernatur: Serviço Nacional de Turismo – é o vale com mais hectares plantados em todo o país e tudo isso se deve aos colonizadores espanhóis, lá no século XVI, quando introduziram as cepas europeias em terras férteis da região. Saiba como foi o Wine Tour da Viña Aresti.
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Li no Book da Aresti, com toda a história do vinhedo desde a fundação até os tempos atuais, que “a produção de vinhos em escala mundial se concentra em duas zonas delimitadas entre os paralelos 40º e 50º de latitude norte e 30º e 40º de latitude sul. Tudo isso está relacionado a um clima mediterrâneo, temperado, pouco úmido e com estações climáticas bem definidas, tornando do Chile um país especialmente apropriado para a produção vitivinícola”.
Vinícolas chilenas no Valle del Maule
A Ruta del Vino del Valle del Maule fica bem pertinho de Santiago, cerca de 200 km ao sul da capital. É uma viagem única, uma verdadeira experiência que fica gravada na memória de quem a visita. Nesta região, são realizados os mais rigorosos processos resultando em vinhos sofisticados exportados para vários países, inclusive o Brasil. Afinal, qual brasileiro não gosta de um bom vinho chileno? Variedades de vinhos no Chile têm muitos, para todos os gostos e bolsos ($).
Viña Aresti
Neste texto, vou abordar minha visita a Viña Aresti, parte do grupo ACW, uma das empresas vitivinícolas familiares mais reconhecidas do Chile, que em 2021 completou 70 anos de existência. A vinícola fica localizada na pequena comuna de Molina, próxima à província de Curicó, na VII Región del Maule. Durante a visita, me contou a gerente de marketing da vinícola, Bárbara Lewin, que foi em 1951 quando os fundadores, os empresários Vicente Aresti Astica e seu sogro Alfredo López López deram início aos trabalhos. Os parentes começaram o plantio das cepas adquirindo a majestosa Viña Bellavista no interior da comuna de Molina no Valle de Curicó. Na época, eram 120 hectares de uvas plantadas e uma bodega com capacidade para 500 mil litros em cubas de cimento.
Atualmente, após o falecimento do pai (92 anos) e avô, quem administra os negócios da família são as irmãs Ana María Aresti López e Begoña Aresti López. No total são quatro lindas viñas espalhadas pelo Valle de Curicó, se estendendo desde a Cordilheira dos Andes, Região Central e Pacífico, entre elas a Bellavista, Micaela, Peñaflor e a Reserva Bellavista, que conta com um amplo lago com gansos, patos, aves nativas e um criadouro de cervos (Cervus elaphus).
Wine Tour Viña Aresti Bellavista
Na planta matriz, a Bellavista, são cultivadas em uma área de 51,6 hectares uma variedade de cepas como Carmenere, Malbec, Merlot, Syrah, Cabernet Franc, Sauvignon Blanc e Gewürztraminer, conhecida como a aromática uva alemã. Já na Reserva, são plantadas uvas Syrah, Merlot, Cabernet Sauvignon, Malbec, Chardonnay, Gewürztraminer, Sauvignon Blanc e Semillón – uma uva-branca francesa da região de Bordeaux, que se espalhou pelo mundo, sendo atualmente cultivada na Argentina, Chile e Austrália. Em Micaela, ao norte de Río Claro e Peñaflor, na Cordilheira, infelizmente não tive tempo de conhecer, mas ficará para uma próxima.
Durante o “wine tour” pela Aresti (Bellavista) tive a oportunidade de conhecer o gerente de enologia, engenheiro-agrônomo Jon Usabiaga, que trabalha na empresa há 17 anos. Ele me levou até a cave subterrânea da Aresti, onde ficam descansando os mais preciosos vinhos.
“Aqui nessa cave temos uma temperatura natural estável durante todo o ano, cerca de 20 graus célsius, ideal para o vinho, além disso, é escura, perfeito para o envelhecimento da bebida“, explicou o enólogo chileno.
A cave é encantadora e chama a atenção pelos detalhes, tanto na decoração, quanto na arquitetura. Anexado à parede, há seis mostruários de vidro com garrafas de vinhos firmes sobre diferentes categorias de solo (terroir). São vinhos somente do Valle de Curicó que se estendem desde a Cordilheira dos Andes à Costa do Pacífico. Algumas cepas são cultivadas a 1.245 m de altura, nos Andes, outras são plantadas em terroirs de clima mediterrâneo com uma prolongada estação de seca, permitindo a lenta maturação das uvas, e as demais produzidas em solo à beira do Oceano Pacífico. Interessante né?
Assista o vídeo do enólogo Jon explicando as variedades de terroirs onde são cultivadas diferentes cepas da Viña Aresti.
Vale lembrar que a Aresti exporta seus vinhos para mais de 40 países ao redor do mundo, sendo 57% da sua produção para o Continente Europeu, 24% para Ásia, 11% para países da América do Sul e 8% dos vinhos para a América do Norte.
Energia limpa e manejo sustentável
Em visita a La Reserva, na comuna de Molina, pude observar como a vinícola chilena se preocupa, e muito, com energia renovável, tanto assim que em 2019 investiu em painéis solares para captar energia para a irrigação dos parreirais. Também, na vinícola se trabalha com ovelhas para o controle de doenças e matéria orgânica, além disso, a Aresti incentiva a criação de abelhas junto aos vinhedos. Sem as abelhas, não existiria vida, pois elas polinizam os alimentos, flores e são responsáveis por 70% desse trabalho na viticultura.
Degustação Viña Aresti Bellavista
Depois de uma breve aula sobre os terroirs da região do Valle de Curicó, fui convidado pelo enólogo Jon a experimentar alguns vinhos. Bora lá! O primeiro vinho oferecido pelo especialista foi um Gewürztraminer, Reserva, Cabina 56, Aresti. Servido gelado, o Gewürztraminer é uma uva de vinho altamente aromática que cresce melhor em climas frios. Apresenta uma coloração amarelada e é possível sentir ao beber, o gosto e o aroma de pêssego mesclado com casca de laranja. No rótulo da garrafa, em destaque, o primeiro Chevrolet Apache 1956, de propriedade de Vicente Aresti, permanecendo até hoje na entrada da viña. Gostei do vinho, bem refrescante.
O segundo vinho servido por Jon foi um Trisquel Gran Reserva – Sauvignon Blanc. Este vinho é um verdadeiro caleidoscópio de aromas: contém zaatar, jalapeño, casca de laranja e menta fresca. O sabor cai bem no paladar e é um vinho para ser saboreado durante períodos quentes. E por que Trisquel? Segundo Jon, Trisquel é uma expressão do clima, terra e água. ”São os três elementos que juntos e equilibrados, dão vida ao vinho. Três espirais convergentes, três texturas’’, explicou o chileno.
A terceira garrafa aberta foi um Trisquel Gran Reserva Carmenère. Delicioso. Um vinho de cor rubi. Na boca, surpreende com uma estrutura firme e vibrante que dá lugar a um final doce. No olfato, sente-se notas de cereja, morango, ameixa e um pouco de chocolate amargo. Cai bem com carne vermelha, em especial, de cordeiro e deve ser servido entre 16ºC a 18ºC.
Já o quarto rótulo servido na “copa de vino’’ foi um Trisquel Gran Reserva Cabernet Sauvignon, Syrah e Petit Verdot. Gostei muito do aroma e sabor deste vinho. Aprovado. Realmente não conhecia a Petit Verdot. Os vinhos desta cepa possuem coloração bem intensa, são densos e apresentam um marcante aroma de fruta madura e toques florais.
E para finalizar, Jon me serviu para experimentar o quinto rótulo da Aresti – Family Collection (2017), um saboroso vinho tinto, com 14% de teor alcoólico, possui um aroma floral, groselha e muito agradável. Taninos presentes, acidez média-alta. Bom corpo e preenche a boca. Valeu a pena a experiência e recomendo a visita.
Tome Nota
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Telefone: (+562) 2956 7400
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