Com 18 ilhas principais e várias ilhotas, parece difícil planejar um roteiro terrestre pelas ilhas Galápagos, mas não é. Acontece de muitas serem protegidas e fechadas ao turista ou com acesso restrito a pesquisadores, ou cruzeiros. Apenas 3 podem ser exploradas por conta própria e somente duas tem aeroporto: San Cristóbal e Santa Cruz (na verdade, o aeroporto fica na ilha de Baltra, ao lado e com fácil acesso). Escolhi Santa Cruz por sua localização central, melhor infraestrutura e de onde partem a maioria dos passeios para as outras ilhas. Conto a seguir tudo o que fiz por lá ou fiquei com vontade.
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Primeiras impressões de Santa Cruz
Pela janela do avião parece uma ilha árida e deserta rodeada por um mar de cor azul hipnotizante. Contudo, as paisagens mudam bastante de perto, indo do exuberante verde cobrindo crateras, passando por vegetação rasteira com cactos em destaque, praias com rochas vulcânicas mesclando o preto com o bege da areia e manguezais tomados por diferentes animais. Ou seja, as paisagens são surreais!
O primeiro residente a cruzar o meu caminho em terra foi uma iguana de tamanho mediano no corredor do desembarque até a entrada do aeroporto. No entanto, ali ainda era Baltra, uma ilha realmente seca e desabitada que já foi uma base aérea americana e se tornou o local do primeiro aeroporto ecológico do mundo.
Atravesso o Canal de Itabaca e toda a ilha de Santa Cruz rumo ao sul até chegar a Puerto Ayora, um centro urbano movimentado de turistas e animais sem dar a mínima para a presença de humanos. Iguana de Galápagos, pelicanos, lobos-marinhos… todos muito a vontade ocupando espaços públicos, porém, há placas avisando ser lei manter a distância de 2 metros para a segurança deles.
Um pouco da história
Santa Cruz foi descoberta por Fray Tomás de Berlanga em 1535 e serviu como refúgio de piratas e baleeiros nos séculos seguintes. Ao menos até Puerto Ayora iniciar seu desenvolvimento como principal zona urbana em 1920, as ilhas Galápagos foram anexadas pelo Equador em 1832.
A fama veio após a visita de Charles Darwin em 1835, mas a Fundação Charles Darwin surgiu mais de cem anos depois para promover a pesquisa científica e a conservação a partir de 1959. No mesmo ano, o governo equatoriano declarou as ilhas um parque nacional, protegendo 97% do território.
Inclusive, tive a oportunidade de conhecer por acaso alguns tripulantes do projeto científico Darwin200 durante a minha visita a Santa Cruz. A expedição recriou o trajeto feito por Darwin, partindo da Inglaterra em um veleiro histórico restaurado, em busca de novas descobertas, além de explorar os impactos humanos e espécies invasoras.
A bordo navegam cientistas, ambientalistas (inclusive brasileiros) e uma descendente direta de Darwin, Sarah Darwin. Após uma temporada em Galápagos, eles seguem para a Oceania e África até 2025. Acompanhe pelo Instagram @darwin200.
Santa Cruz hoje é a mais populosa e segunda maior ilha do arquipélago depois de Isabela. Dalí partem cruzeiros e passeios de barco para as outras ilhas Galápagos.
Hospedagem em Santa Cruz
A não ser que o desejo seja se isolar na natureza, as melhores opções estão em Puerto Ayora oferecendo de hostel a hotéis de luxo.
Foram duas noites hospedadas no Angermeyer Waterfront Inn e recomendo pela localização, conforto e atendimento. Como diz o nome, o hotel fica em frente ao mar e principal porto de Santa Cruz, mas longe do barulho do centro de Puerto Ayora porque fica do outro lado da baía, acessível em dois minutos por barco táxi desde os moles. É bem fácil de pegar o transporte que deixa no píer privativo e funciona 24h por 1 dólar.
As suítes de diferentes tamanhos acomodam confortavelmente desde uma dupla de amigos (meu caso) até famílias, algumas vêm com terraço ou varanda com vista para o mar. Todas possuem mini bar, wi-fi, ar-condicionado, secador de cabelo e água filtrada. A nossa foi um quarto superior no terceiro andar com bela vista para a baía e muito espaço.
O café da manhã é servido no deck com barulho do mar, podendo escolher algumas opções no cardápio com suco natural. No último dia, saímos muito cedo para Isabela, mas os funcionários tiveram o cuidado de deixar o café da manhã para a viagem embalado em saco transparente para não termos problemas no raio-x (a fiscalização é bem chata quanto aos alimentos e orgânicos entre as ilhas).
Além da excelente estrutura, a vantagem é a proximidade a pé da praia Los Alemanes, algumas trilhas e dois entre os melhores restaurantes da ilha: Nahm e Finch Bay. Nahm pertence ao hotel, servindo comida tailandesa e mediterrânea aberto ao público. O estabelecimento aceita cartão de crédito.
Para quem busca uma boa cama e banho quente com economia, recomendo White House Galapagos onde passei a última noite a uma curta caminhada do centro de Puerto Ayora. As suítes acomodam de 2 a 3 pessoas em quartos simples com ar-condicionado, wi-fi e TV. No centro da propriedade, um jardim com redes e ao lado uma cozinha compartilhada com água mineral de cortesia. Pagamento é somente em dinheiro efetivo.
O que fazer em Santa Cruz
- Explorar as paisagens vulcânicas, manguezais e florestas tropicais
- Observar a vida selvagem na natureza ou no meio da cidade
- Aprender sobre a ilha visitando Estação Científica Charles Darwin
- Relaxar nas praias
- Partir para um cruzeiro pelo arquipélago
- Mergulhar com cilindro
Esses dois últimos faltaram no meu roteiro e sou obrigada a voltar em uma próxima oportunidade. Para os demais, continue a leitura.
Los Gemelos
Duas crateras redondas se abriram pela erosão feita pela lava vulcânica, uma em cada lado da estrada E5 que liga o norte ao sul de Santa Cruz. Foi chamada Los Gemelos e virou uma trilha curta pela zona alta e mais tropical da ilha com oportunidade de avistar aves entre um bosque de escalesias, espécie endêmica de Galápagos com umas 15 variações. Essa foi a minha primeira atividade na ilha (incluída no traslado privativo até Puerto Ayora), pode fazer na chegada ou na partida. Veja quem contratar em dicas.
Rancho El Chato
Atrativo bastante comum para quem passa horas em Santa Cruz pela proximidade do aeroporto. Também fez parte do pacote de transfer até Puerto Ayora e oportunidade de ver pela primeira vez as famosas tartarugas gigantes de Galápagos. São muitas pela mata e pequenos lagos onde elas se refrescam, mas deve contratar um guia para caminhar entra elas ou pode ficar sentada no restaurante observando. Fiz as duas opções, pedi espaguete muito bem servido com frutos do mar.
Também pode fazer trilha guiada pelos túneis de lava. Os caminhos surgiram quando trechos externos de fluxo de lava esfriaram e endureceram, enquanto permaneceu derretida e fluindo em seu interior há centenas de anos.
Las Grietas
Um cânion de rochas vulcânicas com água do mar e peixes grandinhos ao lado da Baía de la Academia. Atualmente, só pode visitar com guia, mas tente chegar ao meio-dia para ver a luz iluminando os cantos submersos mais escuros e criando aquele efeito do sol entrando na água. O lado ruim é ser o horário que todos querem visitar, a sugestão é mergulhar até o fim do paredão para ter mais tranquilidade e menos intrusos nas fotos.
Tour de Baía
O passeio mesclando barco e caminhada leva para a Playa de los Perros, Punta Estrada e mirantes mais ao sul de Puerto Ayora por cerca de 3 horas. Sendo o destaque os mergulhos com snorkel no lado oeste da baía e em Las Grietas. Pena ter faltado sorte com a visibilidade nesse dia, não consegui ver muita coisa no mergulho além de peixes no fundo de Las Grietas, mas o guia e relatos confirmam grande variedade de vida marinha e oportunidades de encontrar tubarões, tartarugas e lobos-marinhos. Agora, as aves estão por todos os lados sempre.
O guia bilíngue foi habilidoso, separando os grupos conforme o seu idioma. Ele dava uma rápida explicação em inglês e dizia para continuarmos caminhando até determinado ponto, então seguia atrás com o outro grupo falando em espanhol. Chegava ao ponto combinado, o grupo passava à frente e seguia enquanto recebíamos mais informações. Dessa forma, otimizava o tempo dos turistas sem precisar ouvir uma língua que não entende. Veja quem contratar em dicas.
Atrações gratuitas em Galápagos
Viajar para Galápagos é caro, mas sempre há opções econômicas para quem opta por um roteiro terrestre e estes foram os locais visitados:
Estação Científica Charles Darwin
Um complexo com museu, trilha por jardins nativos, praia e campus para pesquisadores usarem como base nos seus estudos sobre Galápagos. Vale a visita pela caminhada e entender sobre conservação, fauna, flora, geologia e projetos locais. Apenas a trilha guiada para ver tartarugas gigantes é paga e, como havia visto no El Chato, deixei de fora do roteiro.
Laguna de las Ninfas
Um cantinho em cores vibrantes escondido no meio de Puerto Ayora. Uma passarela de madeira leva até uma piscina natural, de água salgada em cor turquesa, cercada por um manguezal. Cheguei perto de fechar e esse foi o cenário (foto), mas certamente deve ter muita vida animal pela manhã e submersa a qualquer horário.
Trilhas
Há várias opções de trajetos fáceis por toda a ilha, com caminhos demarcados para permanecer neles e minimizar o impacto ambiental. Além das já mencionadas, pode ir até Tortuga Bay ou o caminho para Las Grietas apenas fazendo o registro de entrada no parque nacional.
Para Tortuga Bay, entre na Avenida Baltra a partir do pier, então vire à esquerda na rua Charles Binford e caminhe pouco mais de 300 metros para ver a sinalização. A trilha é demarcada entre vegetação nativa e aves até alcançar o mar, então passa por duas praias com ninhos de tartaruga, mas não possui sombra, então não se esqueça de usar protetor solar e um chapéu. Para Las Grietas pegue o barco táxi até o pier e siga o único caminho passando pela Playa de los Alemanes ainda na maré baixa.
Malecón de Puerto Ayora
O calçadão em frente ao porto onde o agito acontece, ali ficam restaurantes, mercado de peixes e comércio. No dia da minha chegada havia uma festa celebrando o Dia das Mães para a comunidade. Vale caminhar sem pressa e observar a rotina dos moradores (humanos e bichos), inclusive parar no mercado de peixes quando os pescadores estão cortando os animais frescos. É oportunidade de avistar muitos pelicanos, gaivotas e lobos-marinhos com intensão de resgatar os restos descartados pelos pescadores.
Praias
Por fim, as praias são maravilhosas com abundante vida selvagem dentro e fora da água. O mar cristalino em tons de azul e verde pede um banho com cautela para não perturbar os animais, lembre que eles são reis por ali. Facilmente verá iguanas, tubarões e tartarugas passando ao seu lado.
Tortuga Bay é um refúgio natural do Parque Nacional Galápagos, acessível a pé ou de barco. Após a caminhada, será recompensado por uma paisagem deslumbrante, com areia branquinha e água calma em tom verde. Para preservar a beleza natural do local, a praia conta com cabides instalados para pendurar seus pertences, evitando assim danos às árvores. Mergulhe com snorkel e explore a rica vida marinha, ou simplesmente relaxe sob a sombra das árvores e desfrute da tranquilidade do lugar. Lembre-se de levar água, lanche e equipamento para aproveitar ao máximo essa experiência. Para mim, foi muito tranquilo os dois percursos pela trilha, mas pode voltar de barco, se estiver muito cansado.
Playa Brava está no caminho para Tortuga Bay, iniciando exatamente na placa de sinalização da praia destaque ao final da trilha demarcada. Ali também tem o alerta de ser proibido nadar e aviso dos vários ninhos de tartaruga protegidos na areia.
Playa Mansa é uma lagoa com mangues ao lado da Tortuga Bay (foto em destaque).
Playa de la Estación é de areia grossa com rochas vulcânicas e vista para a Baía de Los Academicos. Sua localização é central no caminho para a Estação Científica Charles Darwin e oportunidade de fazer snorkel caso tenha equipamento (não havia levado, mas pode alugar nas agências do centro ou hospedagem).
Playa los Alemanes é bem pequena entre mangues e curta faixa de areia, porém, impressionante pela quantidade de fauna. Em poucos minutos vi tubarão muito no raso, petrel, finch, arraia, iguanas e outras aves. Fica apenas 3 minutos de caminhada do meu hotel, quem está do outro lado da baía precisa pegar um barco táxi.
Playa de Los Perros localizada ao sul de Puerto Ayora, é mar aberto com difícil acesso pela quantidade de pedras vulcânicas pretas tomadas por caranguejos, iguanas, lagartos e aves, inclusive os famosos patas azules. Há trilhas demarcadas na areia entre as rochas e a vegetação árida. Para chegar, deve tomar um barco táxi ou fazer o tour de baía.
Dicas para visitar a ilha Santa Cruz
Leia o artigo sobre como se planejar e o que precisa para visitar Galápagos para informações sobre taxas e dicas específicas para todas as ilhas.
Neotropic Expeditions foi o receptivo responsável pela maioria das minhas reservas em Santa Cruz antes de sair do Brasil. Cuidou desde o transfer do aeroporto, os passeios, a hospedagem quatro estrelas e o transporte entre as ilhas. Além das valiosas dicas da Fernanda Villacis, outra vantagem foi pagá-los com cartão de crédito e não precisar andar com valor em espécie porque a maioria dos serviços locais aceita somente dinheiro e não dá troco para notas altas.
Ao passear pelo Parque Nacional Galápagos, algumas regras devem ser seguidas, como não tocar ou alimentar os animais e manter uma distância de 2 metros; não retirar nada da natureza; fazer registro de entrada e respeitar os atrativos com exigência de guia.
Não beba água sem ser mineral, inclusive os hotéis oferecem água filtrada até para escovar os dentes, porque é comum turista passar mal ingerindo da torneira.
Uma boa opção no jantar é ir à rua Charles Binford, ou Kiosko Street. A noite, a via é fechada para carros e os vários restaurantes de frutos do mar colocam mesas e cadeiras no centro. Para economizar, vale o menu do dia com sopa de entrada, prato principal e sobremesa por cerca de 10 dólares.
+ fotos de Santa Cruz
© Todos os direitos reservados. Fotos e relato 100% originais. Imagens sem marca de Ana Duék. A hospedagem no Angermeyer Waterfront Inn foi cortesia.
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