BRASIL

Progresso na medida certa


Quando eu morava em Porto Alegre, ou Forno Alegre para quem é obrigado a passar janeiro e fevereiro por lá, estava sempre buscando alternativas para me refrescar nos finais de semana e encontrei vários refúgios em meio à natureza. Em alguns até havia movimento de turistas no verão, embora nada comparado à muvuca das praias mais famosas. Meus preferidos tinham cachoeira e quanto mais eu explorava, mais confirmava como a Serra Gaúcha tem lugares incríveis e ainda desconhecidos. Claro que foi impossível visitar cada cantinho e o processo dos proprietários perceberem o potencial turístico das suas terras para o Ecoturismo estava engatinhando na época. Hoje as alternativas aumentaram assim como a infra-estrutura melhorou e este texto é para apresentar a minha última descoberta: Progresso.

Progresso é um município relativamente novo (eu nasci antes) no Vale do Taquari. Se emancipou de Lajeado nos anos 80, mas os imigrantes italianos chegaram no início do século XX deixando um legado forte no sotaque e na gastronomia. Influência que não perdeu sua essência, como acontece nas cidades mais populares da região, e pretende manter suas raízes firmes para sustentar a vocação para o Ecoturismo. Ou seja, o progresso vem na medida certa para quem se sente bem na natureza e aprecia o conforto.

Ecoturismo em Progresso

Distante 160 km de Porto Alegre, Progresso está localizada no início da Serra Gaúcha por um acesso cheio de curvas e muito verde. Inclusive, pode ser desconfortável para quem enjoa fácil, não leia ou use o celular com o veículo em movimento! Mantenha a cabeça ereta e aproveite a paisagem pela janela, vai notar as hortênsias quando estiver chegando. Da cidade, pouco conheci em apenas um dia e uma noite (recomendo alguns serviços no final), isto porque sai para zona rural de manhã cedo e visitei três empreendimentos e uma gruta. Todos com experiências gastronômicas, atividades na natureza e integrantes do novo roteiro turístico Caminho das Cascatas.

Entrada da Trilha Cascata do Moinho, em Progresso
Entrada da Trilha Cascata do Moinho

Trilha da Cascata do Moinho com café colonial

Sítio Campiol é daqueles lugares onde os detalhes delicados fazem a diferença. Da decoração ao paisagismo ou do atendimento familiar ao preparo dos alimentos, é visível o cuidado em receber bem os visitantes com a simplicidade tão gostosa do interior. E isto é apenas a introdução, o grande destaque tem 95 metros de altura que pode ser apreciado do Mirante ou final da Trilha da Cascata do Moinho.

O café inclui pão caseiro, grostoli, bolos, salame, queijo, nata, doce de leite, chimia, mel, suco e frutas da estação
O café inclui pão caseiro, grostoli, bolos, salame, queijo, nata, doce de leite, chimia, mel, suco e frutas da estação

A trilha para a Cascata do Moinho é escorregadia e tem lagartas caindo das árvores conforme a época do ano. Mesmo assim, vale o esforço. Na verdade, é fácil para quem está acostumado a fazer caminhadas em região serrana. É somente 1,8 km ida e volta com vários cenários para registrar como o Mirante ou a Casa da Fotografia, um mini museu “instagramável”. Havia chovido muito no dia anterior e evitei o melhor lugar para sentir toda a força da cachoeira.  Geralmente, pode chegar bem perto e tomar um banho, falou o guia que acompanhou o grupo.

Pode fazer somente a trilha (autoguiada ou com guia local) ou solicitar o café colonial para antes ou depois da caminhada. Recomendo combinar os dois momentos e garantir as delícias no café da manhã e almoço, caso não tenha outros planos para o dia. Eu tinha reservado almoço em outro sítio e acabei comendo demais o dia todo.

Almoço na Cabanha Leite e parada na Gruta

O distrito de Campo Largo fica cerca de 10 km mais ao norte e tem outros atrativos como a Cabanha Leite e a Gruta Nossa Senhora de Lourdes. Uma gruta com cascata e imagem de Nossa Senhora de Lourdes. A estrada de acesso é por terra e pode ser uma boa caminhada para quem fica mais tempo na cidade. Tem área para piquenique e uma celebração religiosa no mês de fevereiro, a Festa da Gruta.

Gruta Nossa Senhora de Lourdes
Gruta Nossa Senhora de Lourdes (crédito Paulo Gusmão)

Já a Cabanha Leite recebe com música ao vivo o ano inteiro para quem agenda com antecedência. Assim foi o clima do almoço feito com produtos regionais e da horta livre de agrotóxicos da propriedade. Dois gaiteiros e um violeiro nos receberam na entrada com canções típicas gaúchas. Após, foi servido um almoço caseiro em ambiente para relaxar na beira do lago ou na sombra da árvore Nogueira. Entre as atividades possíveis que ficaram de fora estão pesca, pegar frutos direto no pomar e trilha ecológica.

Cabanha Leite, em Progresso
Cabanha Leite

Trilha do Quati, brincadeiras e café colonial no Recanto do Pedrão

Um sítio nostálgico para os mais velhos e cheio de descoberta para quem nasceu a partir dos anos 90. Pedrão criou o seu refúgio em meio à natureza e compartilha com os visitantes seus hobbies. Entre eles marcenaria e as antiguidades do museu da família. Carrinhos de rolimã e pernas de pau feitos por ele ficam disponíveis para brincadeiras, enquanto um café colonial é preparado por pessoas da comunidade. Prove especialmente o grostoli, um bolinho parecido com cueca virada muito comum na região, que estava ainda mais gostoso neste local.

Entre a casa principal e um córrego protegido pela mata ciliar, fica a Trilha do Quati. Uma decida com destaque para as samambaias gigantes demarcando o limite seguro para a caminhada. Como fiz apenas um trecho fácil de reconhecimento, não sei dizer a distância e a experiência completa. Mas deu vontade de ir até o final e tomar banho nas pequenas quedas d’águas formadas entre as rochas.

Diferente dos outros empreendimentos, o Recanto do Pedrão abre somente para grupos ou datas especiais como Festa de São João, Carnaval e Corrida de Carrinho de Rolimã (ou de lomba, como é conhecido no Rio Grande do Sul). Conforme agendamento, pode preparar atividades especiais. A propriedade ainda tem um lago com moinho d’água e pedalinho.

Carrinhos de rolimã feitos pelo Pedrão
Carrinhos de rolimã feitos pelo Pedrão

Por fim, não deu tempo de explorar todo o potencial do município, há outras cachoeiras e serviços que vou contar na próxima ida. Inclusive, se quiser vir comigo clique no botão e peça para ser avisado sobre este roteiro. Agora também sou guia de turismo e quero levar os leitores para viajarem comigo. Topa?

Tome Nota Progresso

Suíte do Hotel D’ Fernandes, em Progresso
Suíte do Hotel D’ Fernandes (crédito Paulo Gusmão)

Leve repelente, as mutucas atacam sem dó no fim da tarde.

Hotel em Progresso: Hotel D’ Fernandes foi recomendado como a melhor opção no Caminho das Cascatas. Não provei o café da manhã que parecia bom, mas aprovei o atendimento familiar e a limpeza da suíte. Os quartos podem ter diferentes configurações. Na Av. Gramado, 1080.

ENCONTRE HOSPEDAGEM NO VALE DO TAQUARI

Para quem dorme em Progresso, ainda pode fazer uma aula relaxante ou aproveitar a piscina térmica do MS Centro de Saúde e Bem-Estar no fim do dia. Foi renovador para continuar fazendo trilha no dia seguinte. Na Av. Gramado, 1730.

Onde comer: além das recomendações acima, indico o Auto Posto Brancher para quando estiver no centro. É posto de gasolina com espaço agradável de conveniência distante poucas quadras do hotel. O jantar foi italiano com tortei, pizza e saladas. Na Av. Gramado, 1142.

Mais informações: visite o site do roteiro Caminho das Cascatas. Quando fizer as reservas, lembre de avisar que  pegou a dica aqui no Territórios.

Esta viagem foi um convite do SEBRAE RS, prefeituras e empresas participantes do Caminho das Cascatas.

Veja mais fotos de Progresso:

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Roberta Martins

Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 16 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram

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