GASTRONOMIA

Culinária libanesa direto na fonte


Se já experimentou a comida libanesa ou tem amigos libaneses, sabe como a culinária é divina, agora imagina provar lá no Líbano. Ou melhor, conhecer sobre os ingredientes onde eles são plantados, participar da colheita e preparar os alimentos com o povo local. Eu fiz isso e conto as experiências com a culinária libanesa neste texto, mas se prefere ir direto para a parte do comer, também deixo todos os restaurantes visitados em Beirute.

Acesso rápido: Culinária Libanesa | Origem do nome Líbano | Experiências gastronômicas | Restaurantes em Beirute

Culinária libanesa 

Já no primeiro jantar significou felicidade e entrou para a minha lista de melhores destinos gastronômicos do mundo, no mesmo patamar da Itália, Uruguai e França. A culinária libanesa é diversificado por misturar influências como a armênia, a fenícia e dos países vizinhos no Mediterrâneo, no entanto, tem estilo próprio e se transformou em algo único representando a cultura e a história do Líbano.

Origem
do nome Líbano

Inclusive, uma das teorias da origem do nome vem da palavra Labneh que significa iogurte grego e o motivo eram as pessoas chegando ao território e se deparando com as montanhas nevadas parecendo iogurte. Labneh é um dos pratos típicos para comer com pão e carnes no café da manhã ou como antepasto. O sabor varia conforme o tipo de leite utilizado, geralmente de vaca ou cabra.

Mulher morena vestindo camisa laranja toma chá com iogurte e vegetais em cafeteria
Tomando chá com labneh e vegetais no Bay Rock Cafe (crédito guia Nadine)

Quais são as comidas libanesas?

Os ingredientes combinam frutas e verduras frescas com cereais e legumes como base dos pratos e podem se repetir em diversas receitas, mas o preparo difere em cada uma. Abusam dos iogurtes, sementes, queijos, nozes, zaatar e azeite de oliva, geralmente acompanhado pelo Arak, bebida alcoólica nacional feita do anis destilado. A carne preferida é o cordeiro e fica melhor ainda com as pastas como húmus.

Sem dúvida, tudo delicioso, mas as experiências rurais na região do maciço Monte Líbano deram um tempero especial ao acompanhar o processo desde a colheita. Veja os relatos tocando nos links ou continue a leitura:

  1. Apicultura
  2. Sítio familiar
  3. Fazenda de orégano
  4. Influência fenícia
  5. Vinícola

Cultura, trilha, mel e café nas montanhas do Líbano

Não basta fazer degustação de mel, para imersão completa deve ver de perto de onde vem o ingrediente e observar a rainha e os operários trabalhando. Essa é uma das propostas da Lebanon Reinforcement Iniciative no programa Farm Day Adventure (um dia de aventura na fazenda) no Arz Ehmej Conservation Park.

Localizado na vila de Ehmej, distrito de Byblos distante 57 km de Beirute, Ehmej Conservation Park apresenta florestas de cedro, paisagens rurais com montanhas e algumas atividades de ecoturismo como trilhas, almoço ao ar livre e conversa com os moradores.

Favo de mel no prato e potes fechados com mel em mesa de madeira
Favo de mel e potes de presente para os participantes do passeio

Apicultura e degustação de mel com almoço típico

Chegamos no final da manhã e fomos recebidos com maçãs recém colhidas para levar na curta trilha até o apiário. Vestimos todo o aparato de segurança para evitar picadas e recebemos instruções antes de se aproximar das caixas. O instrutor joga fumaça para as abelhas pensarem ser uma invasão e partirem para o ataque, é o jeito de deixarem os favos de mel livres para observarmos e serem coletados. Vimos os ovos, a rainha e até vespas sendo torturadas pelos operários. Elas entram para roubar o mel, mas nunca mais saem. 

Continuamos a trilha até o local do almoço onde uma mesa farta nos esperava, antes o encontro com os moradores de Ehmej que prepararam o banquete ali mesmo no fogo de chão e finalizavam os pratos quentes e o café libanês. Então o cozinheiro cantou uma música de boas-vindas acompanhado por outros locais.

Após o almoço sentamos na sombra para degustar os diferentes tipos de mel produzidos ali com explicações, alguns acompanhados de iogurte, pão ou o favo inteiro. Incluso no passeio está o brinde: um pote de mel com castanhas dentro que reviveu o prazer desse dia na minha casa já de volta ao Brasil. Deliciosa essa ideia de colocar nozes, amêndoas e castanha de caju em conserva no mel.

Como fazer: acontece desde a primavera até o outono, contate pelo e-mail thabchy@lri-lb.org com Teddy Habchy.

Ou toque no botão e demonstre o seu interesse em participar dessa viagem, posso indicar um agente ou eu mesmo guiar um grupo para esse destino.

Inscrição para participar da viagem

Turismo rural com Cezar’s Project

Cestas de vime com frutas secas, romãs e maçãs presentes na culinária libanesa
Boas-vindas com frutas da estação

Refrescos, nozes e frutas da estação como boas-vindas enquanto apresentavam sobre as atividades do Cezar’s Projects. Aventuras rurais e experiências culinárias nas vilas de El Shouf, cerca de 50 km da capital. Onde os visitantes podem se hospedar na casa dos locais e viver a rotina do sítio como trabalhar com burros e apicultura, entre outras atividades.

Nossa experiência foi preparar o café da manhã e aprender sobre o hábito do mate. Mate no Oriente Médio! Sim, os primeiros libaneses imigrantes na América do Sul levaram o hábito para o seu país e hoje está completamente incorporado na cultura local, inclusive virou vivência turística. Até uma cerâmica foi criada como fogareiro (kanoon) para manter a água quente. A senhora artesã Teta Rahija nos deu uma aula e oportunidade de criar a nossa própria peça nesse dia. Eles usam a cuia de porongo redonda como os uruguaios e argentinos e alguns gostam de colocar chá e açúcar como os paraguaios, mas é sempre servido quente.

Coletar ervas e preparo de café da manhã

Que passeio agradável, pegar uma cesta, uma tesoura e sair caminhando em uma manhã ensolarada pelos pomares e hortas do vilarejo para colher os ingredientes a serem utilizados na nossa próxima refeição. Ouvimos histórias, aprendemos, conversamos e voltamos para preparar o café da manhã com as cestas cheias. Novamente um banquete, mas o prato principal foi feito na hora com a nossa colheita e quem quisesse poderia participar do preparo. A anfitriã Lamia deu uma tarefa para cada um ao redor da mesa e foi explicando o processo para fazer os pães e empadas. Preparamos e saboreamos a comida caseira do dia a dia dos libaneses do interior.

Como fazer: contate pelo e-mail cezarsprojects@gmail.com. Saiba que visitei somente o vilarejo Brih onde acontece a vivência culinária e eles trouxeram uma amostra dos atrativos nos outros locais. A experiência com o mate é realizada nas vilas Batloun ou Shouf, assim como sítio fica na Maaser, todos na mesma região.

Visita à fazenda de orégano da The Good Thymes

Experiência de agroturismo em uma fazenda de orégano onde colhemos, preparamos a salada e entendemos o processo de produção do tempero e suas variações chamadas no Líbano de zaatar. Localizado na vila de Kfarhouna, na região de Jezzine distante 70 km de Beirute, é onde a empresa The Good Thymes produz seus temperos vendidos em todo o país.

Zaatar é um dos temperos mais conhecidas da cozinha libanesa, além do orégano é composto por especiarias como gergelim torrado, manjerona, cominho, coentro, sumagre, sal e o tomilho para realçar o sabor em diversos pratos. A origem é síria e se espalhou pelo Oriente Médio com sutis variações nos ingredientes.

Colheita do orégano e aula de culinária libanesa com zaatar

Começa com uma trilha de 20 minutos por terreno irregular com pedras soltas fáceis de torcer o pé, contudo, foi tranquilo por estar usando botas. Quem tem dificuldade de locomoção ou preguiça pode solicitar o transporte em jipe, mas vale a pena ver as formações rochosas e vegetação do caminho (leve água).

Pegamos a cesta e o alicate e descemos para os campos de orégano até o balaio ficar cheio, o proprietário Fady Aziz disse ser uma terapia para muitos visitantes que retornam só para fazer a colheita. Então fomos preparar a salada e aprender a fazer manakish (como massa de pizza bem fininha com coberturas diversas) em uma aula de culinária. 

Novamente, foi só uma parte do banquete servido na mesa ao ar livre para o nosso almoço, onde todos os pratos tinham um toque de zaatar e eram lindos de ver. Além da experiência gastronômica, é inspirador ouvir Fady contar suas experiências profissionais até desenvolver a The Good Thymes de hoje, voltando as origens de sua terra natal com o propósito de impulsionar a economia rural da região.

Como fazer: contate pelo e-mail fady@thegoodthymes.com com Fady Aziz. O tour completo dura 4 horas e pode ser estendido por dias com hospedagem e trilhas mais complexas passando por ruínas de 300 anos e carvalhos antigos.

Natureza e cultura na Jabal Moussa Biosphere Reserve

Uma reserva da biosfera da UNESCO entre vales e montanhas do Monte Líbano, resgata a cultura fenícia através da música, gastronomia e artesanato apresentado aos turistas. E não pára por aí, a Jabal Moussa Biosphere Reserve oferece várias experiências educativas e de ecoturismo como trilhas, birdwatching e visita às ruínas. Infelizmente, ficamos apenas para saborear o almoço pronto e uma rápida prática de artesanato. Mas recomendo incluir no roteiro os 2 dias de atividades sugerido pela Associação de Proteção de Jabal Moussa. A entrada fica em Kesserwan, cerca de 45 km de Beirute,

Almoço inspirado na culinária Fenícia

A cultura fenícia é uma das origens da culinária libanesa e o almoço foi com ingredientes antigos que estão voltando aos pratos saudáveis de hoje. Os fenícios viveram no Mediterrâneo aproximadamente 1000 anos antes de Cristo. Eles produziam e comercializavam cereais como o trigo, a cevada e o azeite oliva. Consumiam muito azeitona e utilizavam legumes como abóbora, lentilhas, vagens, grão-de-bico, alho, cebola e favas em suas receitas.

O objetivo principal do passeio é resgatar a história esquecida de amor, morte e renascimento do Vale de Adonis, da mitologia fenícia, exatamente no local onde teria acontecido, hoje Jabal Moussa. Durante a refeição apreciamos uma apresentação de Poesia Zajal por três poetas cantores performando em dialeto libanês: “O Mito de Adonis e Afrodite”. Zajal é literatura popular árabe geralmente improvisada como se fosse um duelo entre os artistas, é Patrimônio Imaterial da UNESCO.

Dany Sfeir, Joseph Khalil e Khalil Khalil são os poetas da cultura libanesa

Após o almoço, aprendemos a fazer o chapéu fenício “Lebbedeh” com lã de ovelha, sabão e água com um especialista local.

Como fazer: contate pelo e-mail tania.ballane@jabalmoussa.org com Tania Ballane.  

O vinho libanês

No terroir de Faqra, em Kfardebian distante 51 km do aeroporto de Beirute, nasce o vinho artesanal e orgânico Vignoble Joura com proposta de enoturismo além de educar sobre os vinhos finos libaneses e a história local. 

O proprietário Robert Akiki nos recebe no portão para uma caminhada ascendente nos vinhedos enquanto conta a história da empresa e de sua família, produtora de vinhos de mesa desde 1870. Atualmente produzindo vinhos de melhor qualidade. 

Robert Akiki

Ao alcançarmos a parte mais alta do vinhedo encontramos a sede com muitas caixas abarrotadas de uva, a colheita acontece em outubro e tinha acabado no dia anterior. Ao lado uma mesa ao ar livre preparada para a degustação com mais comidas típicas do Líbano. Tudo estava maravilhoso, principalmente o vinho branco Merwah 2021 (uva conhecida no Brasil como sémillon) com a vista. 

Mesa posta com culinária libanesa ao ar livre, vista para os vinhedos
Degustação com vista

Ali ele nos contou sobre as várias opções de atividades e fiquei com muita vontade de fazer a trilha de 40 minutos até as ruínas romanas de um templo no vale de Faqra. Mas nosso tempo curto permitiu apenas fazer aula de sabonete artesanal com sua esposa, Lina Akiki utiliza a vegetação colhida na propriedade como matéria-prima, além de óleos essenciais como oliva na sua empresa chamada Loubna.

Como fazer: as visitas devem ser previamente agendadas pelo telo telefone +961 3 681931 com Art & Work e aceita grupos de 12 a 15 pessoas.

3 restaurantes em Beirute para provar a culinária libanesa

Uma curiosidade é os endereços não terem números, são usados nomes e referências próximas para chegar em qualquer lugar no país. Acesse o texto do roteiro completo na cidade para mais dicas.

Loris Restaurant Gemmayzeh

Este foi o primeiro jantar mencionado no início, é libanês típico com mesas na rua, no salão e salas privativas bem decoradas. Como era um jantar de boas-vindas aos estrangeiros, foi um banquete com tantas opções que não consegui definir os melhores, tudo era ótimo e fui pegando provinhas para dar conta de experimentar tudo.

Um aspecto cultural negativo é o jeitinho para continuar fumando nos locais onde comemos. É proibido fumar em locais fechados, mas uma brecha na lei permite se o ambiente tem janelas opostas para a circulação do ar. Praticamente todos os libaneses presentes fumaram algumas vezes no meio da refeição e quando dei uma volta para ver os outros ambientes, percebi os narguilés e vários clientes curtindo. A dica para quem não fuma, é escolher uma sala com somente uma janela.

Onde: Pasteur street

Onno Bistro 

Um restaurante armênio para pedir a la carte uma grande variedade de pratos típicos.

Onde: Badaro entre Henry Cherab e Benoit Barakat

Bay Rock Cafe 

Uma das paradas mais turísticas de Beirute foi sugestão da guia Nadine por ter vista privilegiada para as famosas rochas Pigeon no Mar Mediterrâneo. O cardápio é variado e vale sentar para tomar um chá com Labneh e pão.

Onde: em frente a Pigeon Rocks

Para escrever sobre a culinária libanesa, Territórios contou com o apoio de USAID-funded ARE Activity in Lebanon, Chemonics International e Next Seguro Viagem.

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Roberta Martins

Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 16 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram

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