CULTURAL

Dicas de viagem para quem ama dinossauros e fósseis


O assunto do podcast Tesão de Ouvir desse mês é sobre dinossauros e os lugares interessantes para explorar esse tema nas viagens. E como acabei de voltar do Líbano onde tive uma experiência incrível de caça aos fósseis marinhos, acrescentei a minha história e compartilho as informações para você fazer o mesmo. 

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Homem em frente a osso da cabeça de dinossauros

Conversei com Luiz Eduardo Anelli, paleontólogo, professor da USP e escritor especialista em dinossauros brasileiros, sobre “trapassear” – trabalhar e passear ao mesmo tempo. O papo traz muitas curiosidades sobre a pré-história e lugares interessantes para visitar no Brasil e no mundo. Também notícia sobre a exposição “Dinossauros – Patagotitan, o Maior do Mundo” acontecendo agora em São Paulo.

Os países que valorizam mais a educação, eles transformaram a pré-história em item da cultura. Eles tiram proveito da pré-história porque dá dinheiro. Que cidade grande na Europa que não tem um museu com esqueleto de dinossauro?

Comenta Luiz Eduardo Anelli.

Dicas de viagem para quem ama dinossauros e fósseis

Dá para viajar o mundo em busca da pré-história e as crianças adoram. Deixo algumas sugestões de destinos para visitar mencionados na nossa conversa:

Dinossauros e fósseis no Brasil

O Rio Grande do Sul registrou quando os primeiros dinossauros apareceram no mundo. A região desde Porto Alegre até São João do Polêsine é lotada de pequenos museus para passar uns 15 dias explorando com infraestrutura.

O Chapada do Araripe, no Ceará, foi a primeira floresta brasileira e está entre os 10 lugares paleontológicos e botânicos mais impressionantes do mundo. Já é um Geoparque da Unesco com diversos fósseis preservados e próximo tem o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, na cidade de Santana do Cariri.

O Museu de História Natural de Taubaté, no Estado de São Paulo, é didático e teve origem quando pesquisadores encontraram a Ave Terror – Paraphysornis brasiliensis – exposta como acervo. Já o município de São Carlos, era o maior e mais seco deserto de dunas na pré-história com milhões de pegadas. A coleção resgatada está no Museu da Ciência de São Carlos Prof. Mário Tolentino.

Em Cruzeiro do Oeste, no Paraná, foi encontrado um jazigo de pterossauros e só existem 3 dessas no mundo. A coleção original está no Museu de Paleontologia de Cruzeiro do Oeste.

O Vale dos Dinossauros de Souza, na Paraíba, apresenta o maior sítio de pegadas de mundo, conforme Anelli, e tem infraestrutura e lindas paisagens da Caatinga.

Na Argentina

O maior dinossauro do mundo viveu na Patagônia Argentina e o país sabe explorar o turismo através de museus, como Museu Paleontológico Egidio Feruglio, parques geológicos e paleontológicos, além de passeios relacionados também em outras regiões como Mendoza.

Estátua de dinossaura e letreiro de Trelew
Dinossauro na entrada da cidade de Trelew

Nos Estados Unidos

A Costa Leste americana tem os museus mais antigos (centenários) sobre o tema do tempo quando explodiu a caça aos fósseis e restos de dinossauros e todos queriam participar do movimento.

Na Bolívia

Antes de existir a Cordilheira dos Andes, os dinossauros habitavam a Bolívia e deixaram pegadas. Quando o solo subiu, elas ficaram inclinadas, verticalizadas, vistas até 60 metros de altura na cidade de Sucre. Embora a infraestrutura seja ruim para viajar pela Bolívia por conta própria, vale a visita contratando passeios.

Na África do Sul

Iziko South African Museum, em Cape Town é o museu mais antigo do país com acervo impressionante da pré-história. A África do Sul registrou a maior extinção do planeta Terra que foi milhões de anos antes da existência dos dinossauros. Na conversa, falei que nunca ouvi falar desse museu, mas pesquisando o nome, lembrei que já estive lá e fiquei impressionada com os animais extintos. Faz parte da National Art Galery e é esta que menciono no texto sobre Cape Town.

Fachada do museu Iziko, em Cape Town, com acervo de fósseis e esqueletos de dinossauros
Iziko South African Museum em Cape Town

Na Namíbia

Embora tenha sido mencionada como África do Sul (e realmente pertenceu ao país até o século passado), Welwitschia Drive fica no norte do Namib-Naukluft National Park. É oportunidade de ver o deserto com suas plantas diferentes e vários exemplares de welwitschia, a planta pré-histórica gigante. Eu encontrei a planta, mas na parte sul do parque.

Na Austrália

Em Shark Bay, na Western Australia, os estromatólitos que oxigenaram o mundo no início da vida ainda existem vivas na costa oeste australiana. Além disso, há fósseis pelo Outback e rochas de ferro de 2,5 bilhões de anos em diferentes regiões como a Wave Rock.

Em Portugal

Perto de Fátima, no povoado chamado Bairro, existe o Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios com diversas trilhas seguindo as marcas deixadas há mais de 175 milhões de anos pelos saurópodes. Saí a pé de Fátima (cerca de 10 km) e só descobri ao ver a placa sinalizando “Pegadas de dinossauros.”

Para ler e ver sobre dinossauros e pré-história

Anelli recomenda o primeiro filme da franquia Jurassic World: “Parque dos Dinossauros” (1993), de Steven Spielberg e o clássico da literatura “O Mundo Perdido” (1912) de Arthur Conan Doyle.

E eu recomendo os livros dele sobre dinossauros para adultos e crianças. Meu sobrinho adorou o “ABCdinos” escrito também por Celina Bodenmüller.

Menino lê livro sobre dinossauros
Meu sobrinho Lucas lendo ABCdinos

Fósseis marinhos nas montanhas do Líbano

Homem mostra fóssil de polvo
Pierre Abi Saad

Nas últimas semanas viajei pelo Oriente Médio e pela primeira vez fiz um tour para caçar fósseis no Líbano. É uma experiência única porque além de apreciar o acervo belíssimo, coloquei a mão na massa martelando rochas e limpando as imagens encontradas ao lado de um dos maiores pesquisadores de fósseis marinhos do mundo: Pierre Abi Saad. Ele me ensinou como encontrar um fóssil, quebrar e limpar a pedra ao redor do vestígio. Alguns tão perfeitos que preservaram a textura da escama, a sua última refeição ou o rastro deixado ao se debater pela falta de água instantes antes de morrer.

A família de Pierre pesquisa fósseis desde 1940 e prevê mais 100 anos de escavações nas montanhas de Byblos. Em poucas horas, todos os integrantes do meu grupo encontraram algo. No primeiro momento, achei que estava destruindo as peças ao invés de ajudar, mas Pierre garantiu que esse é o processo, algumas coisas se perdem, outras são coladas, enfim, nunca é perfeito como aparece nos museus.

Os fósseis pesquisados por Pierre – localizados em Haqil, na região Byblos – estão entre os mais belos do mundo e datam do Estágio Cenomaniano do Cretáceo Médio, há cerca de 100 milhões de anos, quando era mar. Mais de 800 espécies estão preservadas em calcário laminado de granulação muito fina, formado pela recristalização da lama de cal.

O que são fósseis?

Fósseis são vestígios de seres mortos há milhares de anos, ou evidências de suas atividades, preservados em materiais como rochas ou âmbar. As fotos mostram exemplos de animais marinhos encontrados em camadas de rocha nas montanhas do Líbano.

O local fica a 800 metros acima do nível do mar no maciço Monte Líbano. Em diferentes momentos as placas se movimentaram, surgiram as montanhas e o mar secou, então registros perfeitos dos seres vivos ficaram impressos na rocha. Um ambiente sem oxigênio levou à preservação de criaturas de corpo mole que são raramente encontradas como polvo, mãe-d’água, tubarões, arraias e espécies extintas. Na minha busca encontrei apenas peixinhos pequenos e camarões, os mais fáceis de achar.

Workshop sobre fósseis

Contratar o tour de 5 horas é uma forma de ajudar a financiar as pesquisas com permissão de trabalhar em até 90% das pedras. Quando encontram algo raro, o especialista assume, mas o viajante pode dar o nome as novas espécies. Segundo Pierre, leva ao menos 1 mês para a peça ficar pronta, e quem gostou, pode se hospedar e trabalhar com eles por um tempo. Cada participante ganha um certificado da experiência e um cartão com as informações do fóssil encontrado.

Certificado e fósseis de peixes
Meu certificado do workshop

Agende o workshop do tour Mémoire du Temps pelo e-mail pierre@memoryoftime.com.

Se não puder ir a Byblos, muitas peças estão expostas no Museu Mineral de Beirute (MIM).

© Todos os direitos reservados. Fotos e relato 100% originais. Imagens sem marca d’água de Luiz Eduardo Anelli.

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Roberta Martins

Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 16 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram

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