Os responsáveis por Uluru-kata Tjuta National Park votaram pela proibição da prática de escalada ao monolítico Uluru. Uma das grandes maravilhas naturais do mundo é considerado por muitos como o centro espiritual da Austrália.
E este foi o principal motivo da decisão que vem sendo discutida há anos entre comunidades aborígenes, governos e sociedade civil. Em entrevista, Sammy Wilson reafirmou a importância do lugar dizendo que jamais deve ser um playground como os parques da Disney. E a decisão deve ser respeitada assim como os aborígenes respeitam as leis do país. Subir Uluru está proibido desde outubro de 2019.
![Pôr do sol em Uluru](https://territorios.com.br/wp-content/uploads/2011/10/uluru-kata-tjuta-australia-2471-690x460.jpg)
Quando estive no parque, confesso que fiquei com vontade de subir, mas desisti ao tomar conhecimento do efeito negativo causado na cultura local, além dos riscos à minha vida. Na época escrevi um texto contando o que aprendi e questionei a opinião do leitor. Hora de resgatar este artigo publicado em outubro de 2011.
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Uluru: mais uma aventura x respeito aos aborígenes
Situado no coração da Austrália, o Red Center é assim chamado por seus tons avermelhados. Também conhecido por abrigar um ícone famoso – Uluru.
Ayer Rock ou Uluru, para os aborígenes e atualmente nome oficial, fica no Uluru-Kata TJuta National Park a 461 km de Alice Springs. É a segunda maior formação rochosa do mundo. Tem 348 metros de altura e 8 quilômetros de circunferência, sendo muito maior embaixo da terra, é como um iceberg que ainda não foi medido.
Uluru também impressiona pela sua mudança de cores durante o dia que varia conforme a iluminação. O nascer e o pôr do sol são imperdíveis e existe um lugar reservado para assistir. Veja a mudança de cores nesta galeria de fotos
![Mudança nas cores acontece rápido no pôr do sol](https://territorios.com.br/wp-content/uploads/2017/08/uluru_nascer_do_sol-690x460.jpg)
Como se formou o monte Uluru e a quem pertence
A origem vem de 500-600 milhões de anos quando a maior parte do território australiano era coberto pelo mar. O tamanho era maior e o formato era outro, foi a erosão de milhares de anos a responsável por deixar paredes lisas e formas arredondadas. Em sua última transformação foi uma ilha rodeada por um lago que acabou secando e virou o árido deserto atual. A pedra é formada pelo acúmulo de arenito e minerais que influenciam nas cores como o ferro que causa a oxidação visível de perto.
Em 1985 o governo australiano devolveu as terras de Uluru aos aborígenes locais – os Anangu, que permitiram a criação do parque nacional e a construção de estrutura para turistas. Porém, uma grande polêmica persiste – escalar Uluru ou respeitar a cultura aborígene.
![Detalhe da pedra que deixam fotografar mostra a erosão](https://territorios.com.br/wp-content/uploads/2011/10/uluru-kata-tjuta-australia-2474-690x460.jpg)
A importância de Uluru para os aborígenes
Para o jovem aborígene se tornar adulto e poder ter sua própria família, ele precisa sobreviver no deserto até aprender na prática uma série de ensinamentos – o Walkabout. Quando ele volta, a prova final era escalar Uluru. E essa, na minha opinião, é a maior questão que devemos respeitar a vontade deles. Imagine o que passa na cabeça desses jovens quando veem pessoas subindo somente pelo prazer e com a ajuda de equipamentos, enquanto eles são obrigados a escalar sem tênis, corda, água ou qualquer equipamento para provar que podem fazer parte da sociedade. É um conflito cultural! Como a maioria das pessoas não respeita e eles também não querem mais conflitos, acabaram com isso. Seus filhos não precisam mais provar que são capazes e o povo esta cada vez mais perdido, sem referências e afundando no álcool.
Além de respeitar as crenças, existe a preocupação com a segurança e o meio ambiente. Muitos turistas já morreram tentando escalar o cume por quedas ou parada cardíaca. Parece fácil, mas qualquer tropeção não tem volta, é muito íngreme. Uluru tem sofrido com a erosão causada pelas escaladas diárias e, como não há nada lá em cima, muitos usam como banheiro. Quando chove, uma grande quantidade de bactérias é encontrada nos buracos de água que são vitais para os animais da região.
Para evitar mais mortes, colocaram uma corda que ajuda na subida e uma placa enorme pedindo para não subir e respeitar as leis e desejos dos Anangu e dos Tjukurpa. Afinal, eles respeitam a nossa vontade.
Fazer somente as trilhas em vez de escalar é o indicado. Existe as opções: Mala walk de 2 km, Base walk de 10,6 km ao redor do monolítico, a menor Kuniya walk de 1 km, Lungkata walk de 4 km e Liru walk de 4 km. Todas são auto guiadas e acessíveis para cadeirantes. No percurso vamos entendendo melhor a cultura e significados das histórias contadas. Alguns lugares são sagrados e só podem ser vistos, não registrados. Outros tem exemplos de arte aborígene que contam sobre o Dreamtime, o conceito aborígene para a criação do mundo.
Placa em frente ao início da escalada diz o seguinte:
“Nós, os proprietários tradicionais de Anangu, temos isso a dizer. Uluru é sagrado em nossa cultura, um lugar de grande conhecimento. De acordo com nossa lei tradicional, a escalada não é permitida. Esta é a nossa casa”.
“Como guardiões, somos responsáveis pela sua segurança e comportamento. Muitas pessoas não ouvem nossa mensagem. Muitas pessoas morreram ou foram feridas, causando grande tristeza. Nos preocupamos com você e nos preocupamos com sua família. Por favor, não escale”.
E você? Conte o que faria, ou fez, chegando na pedra. Escalar ou respeitar? Conte nos comentários.
![Decidi respeitar e as pessoas lá atrás se aventuraram](https://territorios.com.br/wp-content/uploads/2011/10/roberta-martins-uluru-kata-tjuta-australia-2470-690x459.jpg)
Tome Nota Uluru-kata Tjuta National Park
A entrada no parque custou em 2011 A$ 25 e é válida por 3 dias consecutivos. Os horários de abertura variam conforme a época do ano, mas está sempre aberto entre 6h30 e 19h30.
O parque tem algumas regras, é recomendável passar antes no Cultural Center-Jutu Warara Pitjama e pegar todas as informações. Fica 13 km da base do Uluru e abre diariamente das 7h às 18h. Tem galeria de arte, loja, restaurante, banheiros e é possível ver aborígenes pintando. O seu maior legado.
Como chegar: Tem aeroporto na região, não precisando passar por Alice Springs.
Não esqueça: Relaxe e inspire-se olhando o sol nascer pela manhã, se pôr no final da tarde e a lua nascer a noite.
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