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Qual o melhor doce de Pelotas?


Todos! Dizem alguns amigos empolgados quando pergunto qual o melhor doce de Pelotas. A verdade é que nem todos são os doces finos responsáveis pela origem do título: Cidade Nacional do Doce. Os tradicionais são feitos a base da gema de ovo e frutas regionais como pêssego e figo. Entre estes, o meu favorito é o Pastel de Santa Clara.

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Qual o melhor doce de Pelotas?

Um doce leve, crocante, sofisticado e extremamente delicado, tanto para comer quanto pra fazer. Se esfarela facilmente em qualquer movimento não suave. Por isso, apenas quem visita Pelotas tem o prazer de saborear o doce envolvendo todos os sentidos. Embora digam ser possível acomodá-los em caixas, acredito que textura e formato se perdem no transporte.

Pastel de Santa Clara artesanal
Pastel de Santa Clara artesanal

Atualmente, apenas duas doceiras fazem o Pastel de Santa Clara e abastecem todas as confeitarias e festas da cidade. Conversei com uma delas quando fui gravar o programa Territórios. Ana Beatriz Menna Barreto foi contando a história e a receita enquanto confeccionava os pastéis na minha frente.

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História do doce de Pelotas

O Pastel de Santa Clara é um doce português originário no Mosteiro de Santa Clara, em Coimbra. As irmãs engomavam as roupas com clara de ovo e as gemas sobravam. Então decidiram fazer ovos moles e inventar doces como este pastel. História parecida aconteceu na criação de outros doces famosos como o Pastel de Belém.

Quando os portugueses vieram para o sul do Brasil, trouxeram os hábitos de usar ovos e foram aprimorando e adaptando as técnicas com a matéria prima disponível por aqui. Por exemplo, o quindim foi inventado em Pelotas e o pastel tema deste artigo é diferente do feito em Portugal.

Massa fina e ovos moles são os ingredientes do melhor doce de Pelotas
Massa fina e ovos moles são os ingredientes do melhor doce de Pelotas

O pastel artesanal da Ana Beatriz

Ana Beatriz é doceira especialista na receita original do Pastel de Santa Clara, feito totalmente de forma artesanal a mais de 200 anos. Desde guria foi criada vendo as avós fazendo o pastel em casa. Anos depois decidiu começar a fazer a massa e levou um tempo até conseguir chegar ao ponto certo, isto porque a família era exigente e nunca estava bom. O desafio e persistência fizeram Ana se encantar por este doce e há 15 anos ela aceita encomendas.

A doceira me recebeu em sua casa com o ambiente pronto para produzir os pastéis. O primeiro cuidado é a umidade do ar, deve ser de 40 a 50% ou corre o risco de perder toda a massa na etapa de secagem. Pelotas é a segunda cidade mais úmida do mundo, perdendo apenas pra Londres. Nos dias mais úmidos, é preciso usar desumidificador, secador de cabelo e se trancar em uma peça. Ainda bem que o clima estava perfeito naquele dia e Ana Beatriz pode mostrar como fazer doces.

Pena de peru para espalhar a manteiga
Pena de peru para espalhar a manteiga

Ana havia batido os ovos e açúcar manualmente até formar ovos moles, assim como havia preparado a massa feita de farinha, ovo e água morna. Ela disse que o uso de máquinas altera o sabor final e faz questão de fazer tudo com as próprias mãos. Entre as ferramentas de trabalho, uma toalha branca de linho sobre a mesa, uma pena de peru para espalhar a manteiga com suavidade e uma faca histórica. O utensílio de mais de cem anos foi herança de família e continua sendo usado para cortar e envelopar os pastéis exatamente como a avó fazia.

Ingredientes receita de doce Pastel de Santa Clara:

  • Açúcar
  • Água morna
  • Farinha quatro zeros (importada do Uruguai para deixar a massa mais fina)
  • Manteiga
  • Ovo
  • Canela

Ela começa jogando um pouco de farinha e estendendo a massa até cobrir toda a mesa. Parecia manusear um pano elástico com a maior facilidade que eu nem me arrisquei a pedir pra fazer junto porque estaria fadado ao fracasso (lembrei quando fui reprovada no curso de pasta artesanal e conto aqui). Em seguida, deixou a massa secar antes de cortar os retângulos.

A massa se transforma em algo tão fino quanto um papel de seda. Cada doce é feito com dois pedaços mais um reforço para não furar no recheio de ovos moles. A mistura amarela é envelopada até ganhar a forma do Pastel de Santa Clara. O passo seguinte é ir ao forno por cinco minutos (pré-aquecido) e o toque final é borrifar açúcar e canela.

Doces envelopados com faca centenária da Ana Beatriz
Doces envelopados com faca centenária da Ana Beatriz

Se ficou com água na boca com meu relato e fotos, aguce ainda mais vendo uma prévia do programa que será lançado em breve sobre Pelotas. Um dos episódios será sobre doces e vai mostrar a cena que acabei de contar. Inscreva-se no canal YouTube e acompanhe.

Selo de Indicação de Procedência dos Doces de Pelotas (IP)

O Pastel de Santa Clara é um dos 14 doces com certificação de origem. Sim, as receitas portuguesas adaptadas ou criadas em Pelotas conquistaram um selo de Indicação de Procedência desde 2011. Os doces são identificados por uma rede personalizada e dois selos, um com o nome do produtor e outro com o número do lote a qual pertence. Isto significa qualidade do produto e preservação da receita original, segundo a Associação dos Produtores de Doces de Pelotas. Conheça todos os produtos certificados no site: docesdepelotas.org.br/.

Pastel de Santa Clara é um dos 14 doces com selo de procedência
Pastel de Santa Clara é um dos 14 doces com selo de procedência

E pra para você? Qual o melhor doce de Pelotas? Conte nos comentários.

Hora de provar os doces feitos pela Ana Beatriz
Hora de provar os doces feitos pela Ana Beatriz

Tome Nota

Onde comprar Pastel de Santa Clara:

Pode encomendar com a Ana Beatriz nos contatos: email encomendas@anadocesfinos.com.br e fone (53)3222.8905. O pedido mínimo é 25 unidades e já encomendei para comemorar os 11 anos do Territórios no próximo sábado. Ela também faz Bem Casados, Suspiros e Apfelstrudel.

Ou encontre nas confeitarias de Pelotas. A Imperatriz Doces Finos oferece os doces certificados nas bancas 39 e 40 do Mercado Central. Eles garantem que uma caixa contendo somente Pastéis de Santa Clara pode viajar para outras cidades sem quebrar. Ainda não fiz o teste, mas sempre passo por lá quando bate o desejo de comer só um ou dois ou três…

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Roberta Martins

Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 16 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram

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