Cruce Andino é o nome para a travessia da Cordilheira dos Andes por água e por terra rodeada por cores intensas e muitas cachoeiras. Pelo menos na primavera quando parti de Puerto Varas com chuva e dias depois voltei de Bariloche com sol pelo mesmo caminho. Dois roteiros do Cruce Andino iguais com impressões e sensações bem distintas. O primeiro para se atentar aos detalhes naquele ar de mistério criado pelas névoa. O segundo para apreciar a grandiosidade do todo.

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Roteiros do Cruce Andino

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De Puerto Varas a Bariloche

No início foi decepcionante margear o lago Llanquihue sem avistar nenhum dos vulcões Osorno e Calbuco, tão famosos nas fotos de Puerto Varas. A umidade pesada e o vento do lado de fora do ônibus me preparavam para o frio a ser enfrentado no decorrer do sábado.

Cor esmeralda nas corredeiras de Petrohué
Cor esmeralda nas corredeiras de Petrohué

Entramos no Parque Nacional Vicente Pérez Rosales, o mais antigo no Chile, e logo acontece a primeira parada para ver o rio PETROHUÉ. Deveria ser com Osorno ao fundo, mas só aquela cor do desgelo já voltou a abrir o sorriso no meu rosto com a certeza de que iria encontrar grandes paisagens pelo resto do dia.

Mais adiante alcançamos o Lago de Todos os Santos para embarcar no primeiro catamarã por 37 km até Peulla. Fiquei a maior parte do tempo do lado de fora tentando ver o topo das montanhas e encontrar o branco da neve no denso verde da água e da floresta. Um tipo de exercício para encontrar o belo nos detalhes e deixar a mente viajar enquanto navegava.

Cachoeira no Lago de Todos os Santos
Cachoeira no Lago de Todos os Santos
Os caminhos do Cruce Andino
Os caminhos do Cruce Andino

Avistei uma cachoeira enorme e percebi a aproximação do barco motivando todos os passageiros a fotografarem do lado de fora. As janelas enormes mostram tudo para quem prefere o calor e conforto interno. Seja nos ônibus ou nas embarcações, sempre tem os guias falando em espanhol e inglês sobre história, geografia, segurança e peculiaridades do destino.

Praia e cachoeiras é a primeira visão no porto de Peulla
Praia e cachoeiras é a primeira visão no porto de Peulla

Em menos de duas horas desembarcamos em Peulla. Local para parar por algumas horas ou dias e desfrutar de caminhadas, cavalgadas, arvorismo, pesca, caiaque e paisagens em jipe. Mas nossa parada foi rápida, pegamos um veículo 4×4 para cruzar a fronteira por terra e seguimos por 29 km atravessando a virgem Selva Valdiviana. Ali o guia disse ser mágico ver tudo branco no inverno. Estávamos a pouco mais de mil metros de altitude e ainda havia neve no chão. Descemos para fotografar o marco da divisa e afundar os pés no gelo. Naquele ponto começa o Parque Nacional Nahuel Huapi que se estende até São Carlos de Bariloche.

Boas vindas na Argentina no meio da CordIlheira dos Andes
Boas vindas na Argentina no meio da CordIlheira dos Andes

Puerto Frías é a primeira parada na Argentina para os tramites de entrada e após zarpamos em outro catamarã pelas águas turquesas do Lago Félix Frías com vista para o vulcão Tronador. O porto não tem habitantes, os funcionários do Cruce Andino e policiais argentinos chegam no barco junto conosco e passeamos nos arredores enquanto eles abrem a Aduana.

Chegamos a Puerto Alegre em vinte minutos e percorremos mais 3 km em ônibus até Puerto Blast, onde o rio Frías se une com as águas do lago Nahuel Huapi em cores demarcadas. Local propício à contemplação, trilhas fáceis ou difíceis e outro ponto para passar a noite que deve ser incrivelmente estrelada.

A vista do restaurante em Puerto Blest mesmo com chuva
A vista do restaurante em Puerto Blest linda mesmo com chuva

Por fim, o último trecho em catamarã é pelo Lago Nahuel Huapi no momento em que as nuvens começam a dispersar e o sol deixou alguns picos dourados ao longe, além de trazer um arco íris. E fomos beirando a península de Llao Llao até Puerto Pañuelo, onde um ônibus nos esperava anunciando Bariloche.

Arco íris no final da travessia Cruce Andino
Arco íris no final da travessia pelos lagos andinos
Embarcação Cruce Andino

Assista o vídeo Região dos Lagos e Patagônia na mesma viagem

De Bariloche a Puerto Varas

Passageiros se divertem com as gaivotas
Passageiros se divertem com as gaivotas

Um céu azul com poucas nuvens anunciava o giro de volta com promessa de muitas fotos. Mas quem diria, o vento gelado ganhou a briga contra o calor do sol e foi ainda mais difícil ficar do lado de fora do barco. No entanto, dezenas de gaivotas nos acompanharam logo na partida fazendo a maioria dos passageiros se amontoar para dar bolachas e tirar fotos pertinho das aves.

Eram treinadas e o momento durou até se sentirem bem alimentadas. Quem deixou para depois por pouco perdeu o registro porque todas foram embora. Em seguida passamos pela Isla Sentinela onde esta enterrado Perito Moreno, argentino criador do Parque Nacional Nahuel Huapi.

Isla Sentinela com a tumba de Perito Moreno
Isla Sentinela com a tumba de Perito Moreno

Tudo o que havia imaginado estava lá, picos nevados se misturando ao verde da selva, águas escorrendo pelos paredões direto para os lagos e a luminosidade deixando as cores mais vibrantes. Era um misto de tranquilidade e êxtase confirmando que a Patagônia tem o conjunto de paisagens naturais mais belas do mundo.

União de rios em frente ao Tronador
União de rios em frente ao Tronador

A parada para ver o imponente Vulcão Tronador, ponto mais alto da região e demarcador da fronteira, ganhou mais vida com a mistura dos dois rios e as nuvens se abrindo para mostrar um pedacinho do topo. E aquela enorme cachoeira da vinda ficou pequena quando os picos gigantescos foram crescendo atrás dela à medida que o barco se afastava. Eles sempre estiveram lá, mas a perspectiva foi completamente diferente desta vez.

Outra perspectiva da cachoeira com os picos nevados acima
Outra perspectiva da cachoeira com os picos nevados acima

A jornada chegava perto do fim quando os vulcões Osorno, Puntiagudo e Tronador apareceram nas margens do Lago de Todos os Santos. Agora prateado refletindo as nuvens e as sombras do final de tarde. O percurso da volta foi o inverso da ida e achei perfeita a oportunidade de observar e viver os dois momentos ao cruzar os Lagos Andinos.

Lagos Todos os Santos prateado e vulcão Osorno ao fundo
Lagos Todos os Santos prateado e vulcão Osorno ao fundo
Vista no Hotel Natura Patagônia em Peulla
Vista no Hotel Natura Patagônia em Peulla

Serviços no caminho

ONDE COMER E DORMIR

Em Peulla, no Chile, e Puerto Blest, na Argentina, existem hotéis confortáveis em localização privilegiada na natureza. Todos com cafés e restaurantes para receber viajantes passageiros e hóspedes.

Recomendo sempre experimentar as sobremesas e pedir peixes nas refeições, foram mais saborosos do que as carnes.

Puerto Blest Hotel Histórico está sendo todo remodelado e tem previsão de abertura para novembro. Visitei os quartos e me encantei com as vistas. O restaurante serve a la carte e se chama Barranco de los Huillines.

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Quarto em Puerto Blest
Quarto em Puerto Blest
Sobremesa no Barranco de los Huillines
Sobremesa no Barranco de los Huillines

Peulla tem duas opções, um histórico e outro moderno. Ambos com vistas espetaculares.

Hotel Peulla tem arquitetura suíça e só abre quando o mais novo está lotado. Sendo que os viajantes que escolherem este não pagam a mais para ficar no mais moderno.

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Peixe grelhado em Peulla
Peixe grelhado em Peulla
Quarto do Hotel Natura
Quarto do Hotel Natura

Hotel Natura Patagônia é o novo sem deixar de ser clássico e rústico. Está aberto o ano todo e possuí restaurante e café.

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Cerro Los Tres Hermanos em Puerto Blest é cenário do Cruce Andino
Cerro Los Tres Hermanos em Puerto Blest

Tome Nota Cruce Andino

O Cruce Andino parte diariamente às 8h30 de determinados hotéis tanto em Puerto Varas quando em Bariloche. Confirme qual o mais próximo de onde esta hospedado no site.

Puerto Montt está no mapa por ser o aeroporto mais próximo.

Dica para os barcos: dentro das embarcações tem cafeteria e lojinha vendendo souvenires e produtos para proteger do frio.

Dica para os ônibus: sente no lado esquerdo do ônibus quando partir de Puerto Varas para avistar o Osorno; e no lado direito quando partir de Bariloche para ver a cadeia de montanhas no lago Nahuel Huapi.

O que levar: saco estanque para proteger a câmera, casaco corta vento com capuz, sapato impermeável, capa de chuva e roupa para frio de verdade, se não for verão. A bagagem é entregue aos funcionários do Cruce Andino na saída do hotel e devolvida somente na chegada no último porto. Leve na bagagem de mão tudo o que precisar durante o tempo da viagem.  

O Cruce Andino foi uma viagem para imprensa à convite da B4T. As dicas e opiniões expressas aqui são de livre expressão da autora.

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Autor Roberta Martins

Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 16 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram

2 Comments

  1. Oi gente, eu fiz essa viagem na semana passada. A ida Puerto Varas – Bariloche pelo Cruce Andino e a volta de ônibus normal.

    A viagem do Cruce Andino é maravilhosa! As paisagens sao espetaculares e o serviço prestado pela empresa é impecável, muito organizado. É totalmente recomendável fazer essa viagem uma vez na vida!

    Mas eu estou comentando para alertar a todos que pensam em fazer essa viagem que nem eu, com volta de ônibus normal. Por favor, NÃO COMPREM A VIAGEM DE ÔNIBUS PELA EMPRESA ANDESMAR!!!
    Tem que ser assim mesmo, em maiúscula, porque essa empresa maldita conseguiu estregar o final de uma viagem maravilhosa com um serviço horrível. Foi a pior viagem de ônibus que já fiz na vida.

    A viagem que deveria durar 6h30 demorou mais de 24h, porque o ônibus quebrou, e quando resolveram o problema, já nao dava tempo para cruzar a fronteira (ela fecha às 19:00). Tivemos que dormir em Villa Angostura por causa disso, dividindo quarto com pessoas desconhecidas, além de outros perrengues. Mas o pior de tudo é que fizeram a gente perder um vôo e tivemos que comprar outra passagem aérea, mas a Andesmar não respondeu pelo prejuízo!

    Foi muito triste terminar essa viagem tão linda com tanto estresse (e prejuízo). Então se forem viajar de ônibus, comprem passagem de qualquer outra empresa, menos a Andesmar. E é melhor nao reservar voo para logo depois, pois se tiver algum problema com a fronteira, podem acabar perdendo o voo.

    • Oi Lara, que pena.Tente guardar só as boas memórias! Mas obrigada por avisar por aqui. Assim mais leitores vão seguir a sua dica e evitar frustações

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