Acabei de voltar de 10 dias intensos viajando de carro pela Namíbia e trago dicas fresquinhas para visitar o deserto mais antigo do mundo e fazer safari. Adianto que as informações são úteis porque o destino exige um bom planejamento logístico para evitar sustos no orçamento e escolher a melhor época conforme os interesses. Viajar pela Namíbia não precisa ser caro, mas a despesa foi além do esperado tendo África do Sul como parâmetro. Até a década de 90, o território pertencia ao país vizinho e há muitas semelhanças.
Se ainda não se situou onde fica a Namíbia, é um país comprido no sul do continente africano. Fica acima da África do Sul, abaixo de Angola, ao lado de Zâmbia e Botsuana, além de ser banhada pelo Oceano Atlântico no oeste.
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Namíbia turismo e dicas aos viajantes
Abaixo listo o que acertei ou deveria ter visto antes e curiosidades encontradas pelo caminho.
Primeiro, Namíbia não é um destino para comprar no impulso como eu fiz, achei uma passagem barata e me atirei nas datas erradas. Pelo menos, consegui encaixar o que eu mais queria visitar, no entanto, houve estresse quando percebi o erro. Pesquisa e definições prévias são imprescindíveis para deixar o roteiro redondinho. Mas com espaço para também fazer escolhas na hora, afinal, essa liberdade pode ser o melhor da viagem. Siga os passos:
- Antes de fazer qualquer reserva, é preciso definir o que mais deseja visitar na Namíbia para acertar na melhor temporada.
- Então determine o(s) tipo(s) de transporte local e veja a disponibilidade deles.
- Providencie os documentos necessários.
Somente depois de organizar os três itens acima, compre o aéreo, reserve hotéis (onde me hospedei no link), serviços e passeios.
Como é o clima e quando ir para a Namíbia
As estações são definidas como no sul do Brasil, mas o clima semi-desértico (seco), faz a variação da temperatura ser contrastante entre o dia e a noite o ano todo, portanto, é bom estar preparado para vivenciar todas as estações no mesmo dia.
Os meses de maio a outubro são temporada de seca e melhor época para fazer safari em Etosha e visitar os lugares de difícil acesso como Sossusvlei, os dois destinos mais visitados no país. Isso porque a maioria das estradas é de terra e o risco de inundações repentinas é alto de novembro a abril. Quando as paisagens ficam mais verdes, os animais se espalham pelo território (mais difícil de encontrá-los) e começa a alta temporada para curtir as praias e atividades aquáticas nas cidades de Walvis Bay e Swakopmund. Viajei final de maio e passei bastante frio no litoral e em Sossusvlei durante a noite e início da manhã.
Transporte na Namíbia
Não existe transporte público nos lugares onde visitei, é preciso contratar transfer, excursão ou alugar um carro. Excursão é o mais cômodo e os valores variam bastante, as mais econômicas partem sempre às quintas ou sextas da capital e a hospedagem será acampamento. Não previ esse detalhe na hora de comprar a passagem aérea direto para Walvis Bay e acabei tendo gastos extras. O aeroporto é mais perto das atrações desejadas, porém, chegar por Windhoek e voltar por Walvis Bay (ou ao contrário) teria sido mais prático pela logística e qualidade das estradas. Também errei ao chegar na terça e partir na quinta. O certo seria ter definido a prioridade dos lugares a serem visitados, verificar os dias das saídas dessas excursões e então comprar as passagens para as melhores datas.
Transporte terrestre
Por outro lado, é muito comum viajar no estilo self drive pela liberdade e esta acabou sendo a nossa melhor opção. Inclusive, há receptivos especializados para organizar todo o roteiro com ou sem luxo. Optamos por uma caravan com barraca em cima e deu tudo certo, embora pareça arriscado. Afinal, exige coragem para dirigir um 4×4 (recomendado por causa das rodovias de terra e dunas do deserto) na mão contrária e há o risco de encontrar animais selvagens na pista.
São pouquíssimas as rodovias pavimentadas e essas têm um movimento intenso de caminhões em alta velocidade (motoristas não respeitam o limite de 100 a 120 km hora), além da falta de acostamento. Já a qualidade dos asfalto e sinalização estavam ótimas. É simples identificar quais estradas estão em boas condições pelo sua letra inicial: A (melhor e mais nova); B e C são asfaltadas; a partir da D são de terra e vão ficando piores na sequência. Como fui no período de seca, não notei muita diferença entre D e M, o problema é a poeira e as pedrinhas saltando na lataria e nos vidros.
Transporte aéreo
Voamos South African Airlines direto de São Paulo a Walvis Bay com troca de cia aérea para Airlink em Johanesburgo (na ida e na volta). O primeiro trecho durou oito horas e o último quase duas horas. Outra alternativa é voar Taag com escala em Luanda ou fazer o que a maioria faz, começar e terminar a viagem na capital Windhoek. A escolha depende das definições mencionadas no item 1 acima.
Transporte ferroviário
Existe transporte ferroviário conectando Windhoek a Walvis Bay chamado Transnamibiana.
Assistência em viagem e documentos
Com a pandemia surgiram novas exigências como apresentar teste PCR negativo emitido até 7 dias antes do embarque, preenchimento de formulário, seguro viagem que cubra eventuais gastos médicos.
O país exige seguro viagem. Atualmente, os leitores do Territórios ganham um bom desconto ao adquirir na Next Seguro Viagem, clique no link para saber os detalhes da promoção.
Não precisa de visto para entrar na Namíbia, mas o Certificado Internacional de Vacinação deve comprovar que tomou a vacina contra febre-amarela até dez dias antes da viagem.
É necessário portar Carteira Internacional de Habilitação para dirigir na Namíbia.
Hotéis na Namíbia
Lodges simples e luxuosos disponibilizam áreas de camping onde o hóspede pode usufruir de toda a estrutura e pagar conforme a opção de hospedagem. Estão localizados dentro ou nos arredores de parques nacionais e reservas. Já nas cidades maiores, a variedade aumenta com resorts, hostels e pousadas no estilo bed and breakfast. Nesta viagem só faltou experimentar hostel porque intercalamos a barraca no teto do carro com o conforto do hotel e pousada.
A escolha entre acampar e dormir em uma suíte vai depender da sua disposição e orçamento. Mesmo se for por conta própria ou no safari contratado. Vale ressaltar que a campervan alugada vinha com todo o equipamento necessário para camping, literalmente levámos a cozinha e o armário no porta malas. Quem aluga um carro mais simples precisa providenciar tudo, neste caso, nem sempre vale a economia e se hospedar em um lodge com as refeições inclusas pode ser mais vantajoso. Já quem contrata uma excursão terá a estrutura no pacote e pode escolher o tipo de acomodação pelo valor.
A recomendação é reservar com antecedência nos lugares mais procurados como dentro dos parques, principalmente no auge da alta temporada (julho) e se a escolha da hospedagem for suíte. Como ainda faltava um mês e tínhamos receio de não chegar a tempo do horário limite para check-in, deixamos para ver a disponibilidade ao chegar ou horas antes pelo Booking.com. Iríamos dormir no carro se desse tudo errado e aconteceu uma vez. Não recomendo pelo pavor de dar de cara com animais selvagens na hora do xixi. Na verdade, demos sorte de ser início ou meio de semana porque cruzamos por casais que não conseguiram espaço nos campings durante o fim de semana.
Onde nos hospedamos:
- Sesriem Campsite e Quiver Desert Camp (indicação de amigo, mas não chegamos a tempo) em Sossusvlei
- Bay View Resort em Swakopmund
- Etosha Safari Lodge e Halali Camp no Parque Nacional Etosha
- Elilo Bed and Breakfast em Walvis Bay
É importante saber o horário de funcionamento dos parques e atrações, para não chegar após o fechamento ou perder as saídas que acontecem antes do sol nascer. No primeiro dia, fomos obrigadas a dormir em uma rest area* próxima a Sossusvlei porque os estabelecimentos estavam todos fechados e sem opção de bater na porta. Ao longo da viagem notamos como nada fica aberto até muito tarde. Hospedagens fecham as portas externas no horário do jantar (por volta das 20h) e antes das 22h o silêncio e a escuridão tomam conta.
*Rest Area são espaços especiais para quem viaja de carro descansar na beira da estrada (asfaltada ou de terra). Têm sempre uma mesa, bancos e latas de lixo com a mata ao redor aparada, às vezes cobertura ou uma árvore para dar sombra.
Bagagem e o que levar
Tomada é igual na África do Sul, incompatível com os adaptadores universais. Mas em todos os hotéis e campings bastou solicitar na recepção. Tive dificuldade apenas com os pinos achatados americanos e recomendo levar um adaptador que encaixe na tomada de três pinos padrão no Brasil.
Pense em roupas para as quatro estações do ano sempre. Echarpe, blusa x-thermo, corta-vento, calça-bermuda e camisetas foram essenciais durante toda a viagem. Bota de trilha, chinelo e sapatilha serviram para as diferentes ocasiões. Levei roupas para usar durante uma semana e ia lavando no banheiro ou lavanderia do camping.
Entre os acessórios indico lanterna de cabeça, cadeado, toalha de microfibra (se não estiver incluso, nós tínhamos na campervan) e doleira. Ainda saco estanque para guardar a roupa suja ou usar como balde na hora de lavar. Todos os itens de higiene pessoal necessários estavam à venda nos supermercados e lojas de conveniência. A capa da mochila foi providencial para proteger as roupas limpas, tudo o que ficou solto no porta-malas ficou preto de poeira.
**Os links dos equipamentos acima levam para lojas onde os produtos são vendidos.
Quanto custa viajar pela Namíbia
A maior despesa foi com o aluguel do carro, mas contratar expedições para ficar em lodges com o conforto de um quarto teria sido mais caro ainda. Depois os maiores gastos vieram nesta ordem, em média e por pessoa:
- aluguel do carro – U$ 110 por dia
- passagem aérea – U$ 700
- hospedagem – U$ 20 a U$ 50 por dia
- passeios e ingressos – U$ 40 por dia
- combustível – U$ 24 por dia
- comida – U$ 22 por dia
Moeda e câmbio
A moeda oficial é o dólar (Namibian dollar), ele vale cerca de 3 vezes menos que o real brasileiro. Já U$ 1 dólar americano vale NAN 13,8 dólar local. O rand sul-africano vale o mesmo e é aceito normalmente na Namíbia, mas o dólar local não é aceito em outro país, é preciso trocar ou usar tudo antes de partir. Troquei parte do dinheiro levado por rand no aeroporto de Joahnesburgo e valeu a pena mesmo com a taxa de câmbio. A cotação na Namíbia valia 1 rand a menos.
Usei cartão de crédito apenas para os acertos finais do aluguel do carro e somente porque eles não aceitavam outra forma de pagamento. Vi poucos lugares aceitando, por outro lado, é comum fotografar frente e verso do cartão para encaminhar a pessoa responsável pela cobrança e isso liga o nosso desconfiômetro para fraudes. Acontece muito nas reservas com antecedência, mas não quando feitas um dia ou horas antes como eu fiz. Quem já fez esta viagem confirma a prática e diz para confiar, assim como os locais dizem não haver nada de errado nisso porque jamais alguém vai enganar o cliente (leia a parte sobre segurança a seguir). Uma sugestão e usar um cartão virtual que pode ser facilmente cancelado sem afetar o cartão fisico, eu uso o aplicativo do Banco do Brasil para gerar esses cartões.
Segurança
Conforme o Portal Consular, apesar da crescente criminalidade (aumento do número de roubos a veículos), a Namíbia é considerada um dos destinos mais seguros de África, principalmente quando comparada aos países vizinhos. É preciso estar atento da mesma forma que ficamos no Brasil, porém, me senti muito mais segura e logo no primeiro dia tive uma ótima primeira impressão.
Logo após pegarmos o carro alugado, fomos direto ao shopping para trocar dinheiro, comprar chip internacional (da MTC) e fazer supermercado para os próximos dias (nesta sequência). Deixei cair o cartão de crédito ao sair da casa de câmbio e não teria percebido até hoje se um segurança do shopping não tivesse me parado dentro do supermercado perguntando se o cartão (com bandeira do Brasil) era meu. Haviam várias outras pessoas dentro do shopping, mas eu deveria ser a única falando português ou com cara de turista. Ele disse que uma pessoa achou no chão e entregou para ele.
Nas redes sociais perguntaram se eu viajava sozinha e se era seguro para mulher. A viagem foi de duas mulheres e nos sentimos respeitadas em todos os momentos. Agora, mulher dirigindo era cenário raro de ver. Casais idosos, grupos de amigos e famílias (nesta ordem) era o mais comum entre os turistas viajando de carro como nós.
Comida
É tudo muito parecido com o que se come no Brasil com influência alemã e abundância em frutos do mar na costa e carnes exóticas como springbox (tipo de veado).
Os preços das comidas são acessíveis inclusive em restaurantes mais sofisticados. Procuramos variar entre idas a restaurantes e comprar comida nos supermercados Woolworths ou Pick n Pay onde encontrávamos tudo para preparar as refeições utilizando a cozinha do carro.
Idioma
A língua mais falada com turistas, sinalizações de rua e cardápios estão em inglês seguido pelo alemão, mas Namíbia têm os idiomas falados pelas tribos e o africâner comum no sul do continente. Um deles é semelhante ao xhosa sul-africano, onde algumas consoantes têm som de um estalo feito com a língua no céu da boca.
Fuso horário na Namíbia
Todo o país está cinco horas na frente do Brasil.
Os locais
Confirmando a minha teoria da forte identificação dos povos africanos com os brasileiros, na Namíbia não foi diferente. Sempre alegres, atenciosos e hospitaleiros, nos trataram muito bem quando nos prestavam serviços (atendimento e lento talvez pelo ritmo de vida desacelerado, paciência) ou pessoas nas ruas.
A convivência mais profunda foi fazendo o tour pela favela Mondesa, em Swakopmund. Onde ouvi a história e as músicas, provei a comida e troquei informações com os moradores.
O que fazer na Namíbia
Meu roteiro de dez dias incluiu os dois principais destinos: Etosha para safari e Sossuvlei para paisagens desérticas únicas. Entre um ponto e outro teve os cenários rochosos de Damaraland vistos da estrada; e o litoral de Walvis Bay a Swakopmund com atividades aquáticas, culturais, birdwachting e melhor infraestrutura.
Mas a Namíbia tem mais a oferecer como Fish River Canyon, a capital Windhoek, a cidade fantasma Kolmanskop, entre outras para quem dispõem de 15 dias a um mês de viagem. Inclusive, a primeira vez que ouvi falar em turismo no país foi quando viajava em excursão pela África do Sul e cruzei por caminhões adaptados levando viajantes para expedições longas passando por 3 ou 4 países africanos.
Para esta viagem, peguei algumas dicas da Monique e Claudia nos sites: Melhores Destinos (excursão e capital) e Felipe, o pequeno viajante (mais atrativos e viajar com criança).
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