O destino mais inóspito do Uruguai tem algumas peculiaridades já relatadas por aqui. Sou frequentadora desde os anos 90 e contei sobre a música inspirada no farol, como é passar a noite, o que fazer e como chegar a Cabo Polonio. Desta vez, fiz de um jeito diferente. Mostro em texto, vídeo e fotos a experiência de chegar a pé desde Valizas. Quem se anima?
O caminho exibe vida selvagem e cenários lindos em dia de sol com vento moderado (parado nunca será, afinal o nome cabo significa ponta, ou península, e costuma ventar bastante) como mostro a seguir. Antes uma breve introdução sobre Valizas.
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Valizas
Barra de Valizas, ou Valizas, é um vilarejo que ganha vida na alta temporada de verão. Principalmente a noite quando música e luzes iluminam estabelecimentos e agregam um charme extra as ruas de terra. A avenida principal é repleta de restaurantes, lojas de artesanato e livrarias descolados abertos ao entardecer entre final de dezembro até o início de março. É possível ir em outras estações e encontrar onde comer e dormir, mas as opções são limitadas, assim como o transporte público para ir e vir de outras cidades. No verão há três empresas de ônibus conectando com boa frequência todas as cidades do litoral do Uruguai.
A ideia principal de visitar Valizas era justamente fazer essa trilha e conhecer as opções de hospedagem com melhor infraestrutura e preços mais justos próximo a Cabo Polonio. Gostei do encontrado e achei bom ter me hospedado durante dois dias no Complexo Sol de Valizas. Me lembrou o astral de Punta de Diablo na década de 2000. A praia em si, é comum, curta faixa de areia, mar cor marrom por causa do arroio e vento constante. Ao chegar, perguntei sobre a trilha para diferentes locais e a resposta era sempre a mesma:
“é lindo e leva pouco mais de uma hora depois de atravessar o rio”.
Como chegar a Cabo Polonio pela trilha
Primeiro é preciso chegar a praia Barra de Valizas, onde sempre há um barco para fazer o transporte. Se o barqueiro não estiver, basta ir perguntando para as pessoas e um aparece. Há poucos anos dava para atravessar o arroio nadando e caminhando em alguns trechos, disseram os locais, mas agora era perigoso porque estava bem cheio e com correnteza forte. A travessia de barco dura 2 minutos e custou 50 pesos (ida e volta), pedi desconto, pois não iria voltar, e não me deram. Mesmo assim, é o jeito mais econômico de chegar a Cabo Polônio porque os caminhões custam 250 pesos (125 o trecho) por pessoa e o estacionamento mais 190 pesos por carro.
Valores em dezembro de 2019.
A vista depois de atravessar o arroio são dunas grandes contrastando com uma floresta verde de um lado e o mar do outro. Não havia sinalização, nem pessoas e entendi ter duas escolhas: subir as dunas ou fazer uma longa curva margeando as pedras entre a areia e o mar. Optei pela mais curta, mas sem perder a visão da costa para ter certeza da direção correta. Fui sozinha e nunca é totalmente seguro e recomendado dessa forma, no entanto, foi muito tranquilo e outras pessoas só apareceram quando faltava pouco mais de 1 km do início das casas. Aves de várias espécies, ondas tentando molhar meus pés e os lobos-marinhos foram a companhia. É comum encontrar leões e até elefantes-marinhos o ano todo, durante o inverno tem baleias-francas passando na sua rota migratória.
Distâncias e dificuldade a escolher
- 7 km se for perto da mata
- 8 km pelas dunas
- 10 km pelas estradas de terra e asfalto
- 12 km pela beira da praia
Pela beira da praia é mais longo, porém mais fácil por conta da areia mais firme. Basta se afastar um pouco do mar para ficar fofa e afundar os pés se for pelas dunas. A trilha é fácil, contudo, pode ser exigente pela distância e condições climáticas. Acho puxado fazer ida e volta no mesmo dia, além da experiência ser mais completa se passar ao menos uma noite em Cabo Polonio. Nessa primeira experiência de travessia na região, fui a pé e voltei de caminhão até o terminal, de lá tinha combinado uma carona para Valizas.
Os cenários até Cabo Polonio
O GPS indicou meu percurso de 9,1 km intercalando dunas e margeando o oceano por quase 3 horas. Poderia ter feito em bem menos tempo se não parasse tanto para tirar fotos e viajar nas formas das rochas, conchas e vegetação rasteira encontradas pelo caminho. Por exemplo, as pedrinhas vistas de longe escondem formações rochosas curiosas ao chegar perto. Na verdade, elas devem ser enormes com a maior parte enterrada pela areia. Inclusive, daquele ponto de vista (o mais alto do meu roteiro, porque as dunas chegam a 70 metros de altura) pareciam guardiões do farol de Cabo Polonio.
A partir dali, comecei a avistar o meu objetivo final e decidi seguir pela beira do mar. Então pareceu não ter fim, ou eu já estava cansada. Enfim, o trajeto pelas dunas foi menos monótono e com visual mais abrangente.
Tome Nota: como chegar a Cabo Polonio a pé
Se estiver muito ventoso, a travessia não será agradável pelas dunas porque a areia machuca a pele e cega os olhos.
O ideal é fazer a caminhada de manhã cedo, para evitar sol e ventos mais fortes.
O que levar na trilha: 1 litro de água (no mínimo) óculos, protetor solar, lanche e roupa de frio, caso o clima mude (corta-vento é super útil). Achei melhor percorrer de tênis, mas tinha que parar para tirar a areia com frequência.
Como chegar a Valizas: o acesso a Valizas está no km 271 da Ruta 10, distante 7 km do terminal de Cabo Polonio ou 7 km da entrada para Agua Dulces (quem vem do Chuy). Então uma estrada de terra leva até o centro de Valizas por mais 3 km.
Hospedagem em Cabo Polonio: há hostels, pousadas, casas por temporada e um hotel no Booking. Em 2017 dormi no Olga Veigas y Otros e achei bom, embora caro o custo-benefício.
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