Se as pirâmides do Egito e o Rio Nilo estão na lista de lugares a visitar. Cairo será passagem obrigatória goste ou não do caos. A ex-maior cidade da África (cedeu o título para a nigeriana Lagos) continua sendo a dos mill minaretes, com tráfego intenso, poeira e contrastes que seriam comuns em metrópoles, se não fossem pelas peculiaridades. A começar pela idade, a provável data de fundação da atual capital do Egito é 116 A.C. Mas as histórias remontam a mais de seis mil anos.
Inclusive, semana passada os egípcios comemoraram seu ano novo segundo o calendário mais antigo do mundo – o Faraônico. Em 11 de setembro celebraram o ano 6259!!! E eu aproveito a data para contar o que fiz, vi e fiquei com vontade de fazer nos dois dias por lá.
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No aeroporto
Ao chegar ao Cairo, avistei o guia da Horus Viagens segurando uma placa com o meu nome antes mesmo de retirar a bagagem da esteira. Eu disse “Hi” e ele deu as boas vindas em português! Me ajudou com a bagagem e chegamos rápido ao estacionamento onde a van nos aguardava. Uma segurança importante em um país onde é inevitável ter receios, ainda mais porque eu era uma mulher viajando sozinha.
Cidade dos Mortos
No trajeto entre o aeroporto e o centro, passamos pela Cidade dos Mortos. Uma zona residencial construída no local de um cemitério ainda em funcionamento. O guia Hema me mostrou os prédios e casas sem acabamento do bairro Al Arafa e começou a explicar algumas das muitas curiosidades sobre o Cairo.
O problema de espaço é uma realidade por ser uma das maiores cidades do mundo. Uma solução (não sei se foi bem assim ou foi invasão mesmo) foi usar a área entre os túmulos para construir moradia popular a partir dos anos 60. São entregues sem acabamento e o proprietário decide se quer dar continuidade a obra ou morar assim mesmo. Culturalmente, poucos se importam com a aparência da fachada, muito menos consideram uma poluição visual.
Desde então, casas e prédios foram construídos entre e sobre as sepulturas e abrigam milhares de pessoas. Muitos nem tem qualquer relação com os defuntos, mas respeitam e abrem as portas quando os familiares desejam visitar seus entes queridos. Embora não seja recomendado pela falta segurança, turistas curiosos adoram passear pelas ruelas e conversar com os locais.
Rio Nilo
O símbolo e fonte de vida do Egito, cruza a capital do Cairo vindo de outros oito países por 6.695 km até desaguar no Mar Mediterrâneo. Ou seja, Nilo é o rio mais longo do mundo. Ao seu redor há a maior concentração de templos, tumbas e palácios de 4000 mil anos já encontrados. Eu cruzei as pontes, caminhei pelas margens do centro, vi o pôr do sol e observei a movimentação da janela do hotel. Com mais tempo teria feito um passeio de barco ou um cruzeiro de alguns dias.
Museu do Cairo
No Museu Egípcio há milhares de relíquias do Egito antigo, desde objetos do cotidiano até obras imensas dos faraós. Com mais de 120 mil peças, é o maior acervo de antiguidades faraônicas. Mas apenas uma parte está exposta. O que deve mudar em breve, pois um novo museu, o Grand Egyptian Museum, tem inauguração prevista para o final de 2024 e deve abrigar todo o acervo. Provavelmente será o maior museu arqueológico do mundo.
O passeio é impressionante para quem gosta de arte e história e também pelo grau de preservação mesmo com o aparente descuido. Além de estar tudo amontoado e sem climatização adequada, a poeira e escassez de placas explicativas deixa perdido quem não contrata um guia. Eu andei sozinha por horas, mas tive uma boa aula de história egípcia no dia anterior. É imprescíndivel contratar um guia ou incluir o passeio guiado no pacote da viagem para tirar melhor proveito do lugar.
Atenção às taxas!
Outro detalhe chato é a falta de explicação sobre tirar fotografias. Na bilheteria havia o aviso: para fotografar é preciso pagar uma taxa ou será multado. Como havia visitado outros sítios, achei desnecessário pagar a taxa e fui para a fila de entrada. Passei o raio X e tive a bolsa de mão revistada por detectarem a câmera, então o segurança perguntou onde estava o comprovante da taxa de fotografia. Disse que não iria fotografar e ele não permitiu a minha entrada. Somente se eu deixasse a câmera no guarda-volumes do lado de fora.
O serviço utilizava ficha de papel como comprovante e os funcionários guardavam em prateleiras visíveis ao público. Não senti segurança em deixar meu equipamento ali e enfrentei as duas filas novamente, do ingresso e do raio X. Portanto, deve-se confirmar antes se o procedimento ainda é o mesmo se portar câmera ou desejar visitar as exposições especiais como a Sala das Múmias.
O que fiquei com vontade de fazer no Cairo
Para quem só tem um dia no Cairo, o Google sugere o roteiro feito pela maioria dos visitantes: Mesquita, Cidadela, Museu Egípcio, Necrópole de Gizé e Pirâmide Djoser. No entanto, eu não consegui fazer tudo isto em dois dias no mês de maio. Mesmo porque, os mais visitados ficam nos arredores, por exemplo, as pirâmides do Egito são vistas do Cairo, mas estão do outro lado do Nilo, em Gizé.
Outros fatores a serem levados em conta são o calor dos meses mais quentes, o clima seco e a poluição em todos os sentidos. O conjunto cansa muito e recomendo fazer um turismo sem pressa, preparado para receber um turbilhão de informações.
Quem tem mais tempo, pode pensar em um roteiro pelas temáticas islâmica, antiguidade, medieval ou cultural, por exemplo. Pode visitar a mesquita Muhammad Ali, o mercado Khan el Khalili e a Torre do Cairo. Esta última é o lado moderno, embora tenha quase 70 anos. Dizem ter uma vista impressionante nos seus 180 metros de altura. O local é aberto a visitação e tem um restaurante com vista. Fica na ilha de Gezira em frente ao hotel onde me hospedei.
Conclusão sobre viajar sozinha para o Cairo
Há muito para ver e fazer no Cairo, porém, nem tanto para uma mulher viajando sozinha. Embora seja possível com planejamento e contratando um guia de confiança para os passeios (como os da Hórus). Acontece que eu adoro sair a pé, me perder em mercados de rua, conversar com pessoas e não me senti segura pra fazer isso. Saí caminhando pelo centro (nos arredores do hotel) algumas vezes, no entanto, não tive coragem de ir mais longe por causa do trânsito caótico sem qualquer respeito ao pedestre. Depois das tentativas, pensei chamar um transporte e ir até alguns pontos turísticos, mas o guia recomendou eu fazer isso em grupo e não havia mais tempo de contratar um passeio antes da minha partida.
Além disso, nem todo mundo fala inglês e o idioma oficial é o árabe. Até tive ajuda de um jornalista local ao me ver tendo problemas de comunicação em uma cafeteria. Eu procurava um local para comer algo com mais sustância no meio da tarde e não estava sendo compreendida, ele se apresentou e me ajudou pesquisando na Internet. Então me ofereceu uma carona de carro com o seu motorista ao local e não aceitei dizendo que acabávamos de nos conhecer, ele entendeu e se ofereceu para me acompanhar a pé até o local.
O alerta tocou na minha cabeça! Ao mesmo tempo, minha intuição dizia tudo bem e fomos conversando os três (o motorista foi junto) por alguns quarteirões movimentados. Avisou para não comer em determinados lugares e me deixou na porta de um shopping. Quando se despediu perguntando se eu precisava de algo mais, eu disse obrigado e eles se foram. Embora pareça arriscado em um país com cultura tão diferente da nossa, consegui interagir com estranhos na rua e foram super educados e solícitos comigo. A minha dica é ficar sempre desconfiada, mas não deixar de aproveitar momentos por medo. Saiba mais no texto as dicas para viajar sozinha no Egito.
Tome Nota Cairo
Museu Egípcio funciona das 9h às 17h na Praça Tahir, a maior praça pública do Cairo e local mais importante da Primavera Árabe, ocupando um prédio de 1858. Recomendam 1 hora de visita, mas dá pra ficar 2 horas ou mais facilmente.
Hotel no Cairo: Ramses Hilton está no meio do caos do centro e é conveniente por ter fácil transporte e serviços por perto. Escolha um andar alto com vista para o Nilo para ter menos barulho. A decoração é antiga, porém confortável e com vista espetacular. O café da manhã é farto e variado por padrão da rede Hilton.
RESERVE NO BOOKING
Quando ir: Cairo tem clima quente com pouca chuva o ano todo. De maio a setembro são os meses mais quentes, sendo julho e agosto os mais visitados. A temperatura na maior parte do ano é agradável.
Onde comer: a oferta é grande e os preços são razoáveis nos shoppings. Tem as redes de fast food internacionais e comida típica muito boa, apenas não me aconselharam a comer na rua. Os restaurantes dos hotéis são um pouco mais caros, porém, nada absurdo.
Veja o meu roteiro completo e saiba como tirar o visto para o Egito
Hospedagem e alguns passeios foram cortesia da Hórus Viagens.
Veja mais fotos do Cairo:
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