FRANÇA

Sozinha em Paris – roteiro de 4 dias


Há alguns anos resolvi me aventurar pela minha primeira viagem sozinha em Paris. Até então, sempre estava rodeada de gente, a casa cheia de amigos, a família grande e unida. Nunca tinha passado pela minha cabeça fazer uma viagem grande sem ninguém, mas estava em um momento “down” e queria abrir os olhos para o mundo.

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Selfies são um exercício e tanto para viajar sozinha em Paris
Autoretratos são um exercício e tanto para quem viaja sozinha

Juntei todas as minhas economias e me inscrevi para um curso de verão de Design de Interiores em Milão. E assim comecei meu passeio de “auto companheirismo”. Eu e eu mesma viajando sozinha pela primeira vez. Conhecendo um pouco da Europa, pela primeira vez. Incluí no trajeto: Milão, Roma, Veneza, Paris, Madri, Barcelona e Berlim.

Vou começar escrevendo sobre Paris, mas procurando não ser repetitiva com o que já foi escrito por aqui.

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A cidade das luzes, das artes, dos pensadores, da boemia, dos amantes… São tantas cidades em uma mesma, difícil conhecer este lugar único em uma viagem só!

Rio Sena
Rio Sena

MAIS DE 5 MIL LUGARES PARA FICAR EM PARIS

Detalhe do Arco do Triufo
Detalhe do Arco do Triufo

Sozinha em Paris dia 1

Por mais incrível que pareça, fui sem nenhuma programação ou roteiro, então a primeira coisa que fiz ao chegar foi me informar sobre visitas guiadas, não queria perder tempo, tinha apenas 4 dias e não podia dar o luxo de me perder ou gastar tempo nos lugares errados. Acabei optando por uma visita de graça, com o pagamento opcional no fim, e este acabou se mostrando um bom começo. Passeamos a pé pela cidade em um grupo bem grande, e o guia falou de história, cultura e curiosidades. Uma boa maneira de ter uma noção geral de localização, dos lugares que gostaria de voltar e conhecer mais a fundo, ótimo para fazer minha programação. Passei o resto do dia com uma menina que conheci na visita, uma boa companhia.

Veja: visita guiada a pé com tema arte urbana

Detalhe da Torre Eifel
Detalhe da Torre Eifel
Momento imensamente feliz e nunca sozinha em Paris
Momento imensamente feliz e nunca sozinha em Paris

À noite pensei em dormir cedo para aproveitar bem o próximo dia, mas ao chegar no hostel conversei com uns Argentinos e me “escalei” para passear com eles, quando soube dos planos que tinham. Uma evolução e tanto para a tímida que sou.  Fomos de metrô para a Champ de Mars, de onde se tem uma vista privilegiadíssima da Torre Eiffel, no topo de um elevado. Passamos algumas boas horas ali, simplesmente apreciando aquele momento maravilhoso.

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Parte da fachada do Museu do Louvre
Parte da fachada do Museu do Louvre
A Monalisa, de Leonardo da Vinci
A Monalisa, de Leonardo da Vinci
Tampa de Sarcófago
Tampa de Sarcófago
+ Sozinha na Europa

A maior dificuldade de viajar sozinha é ter boas fotos comigo. A solução tem sido usar o controle remoto da câmera porque não me acho bem em selfies

+ Atenas
+ Madri

Sozinha em Paris dia 2

No dia seguinte fui ao Louvre. O museu funciona a partir das 9 da manhã e normalmente as filas são enormes. Conforme me recomendaram, cheguei ali na frente as 8 horas e assim consegui me posicionar entre os primeiros da fila. A coleção de obras é magnífica e gigantesca, imagine 35.000 obras de arte divididas em 8 setores e espalhadas por 60.000 m2 de galerias e salas de exposições. Se tiver pouco tempo como eu, o melhor é separar três ou quatros setores de interesse e passar primeiro por eles ou apenas por eles. Eu fiz isso e passei umas 6 horas ali dentro.

Visitei a área das pinturas, passando primeiro pela Renascença Italiana, onde está a Monalisa, depois passei pelas Antiguidades Egípcias, tema que sou apaixonada, então pelas Antiguidades Gregas e Romanas e ainda pelo departamento de Antiguidades Orientais (Near Eastern Antiquities). Neste último tinha uma curiosidade intrigante em ver o monolito com o Código de Hammurabi, um dos mais antigos conjuntos de leis escritas já encontrados, datado em 1700 a.C. “Olho por olho, dente por dente” é umas das famosas frases inscritas no monumento. Entre a visita de uma área e outra, almocei no restaurante do museu. Um buffet delicioso e com preço acessível. Recomendo.

Teatro Ópera de Paris
Teatro Ópera de Paris
Forro da sala de espetáculos
Forro da sala de espetáculos

Ainda neste dia, à tarde passei pela galeria Lafayette (que estava fechada no domingo) e depois fui direto ao teatro Ópera de Paris, que eu sonhava em conhecer. Pratiquei ballet por muitos anos, desde pequenininha, e sempre tive uma ligação muito forte com teatros. E este é muito lindo, um lugar impressionante! O teatro inspirou a história do Fantasma da Ópera, e ao passear pelo interior, é um arrepio, a impressão é que se está participando do filme, é um pouco escuro, com uma luz que vai revelando as coisas com mistério, tons dourados e avermelhados uma quantidade e riqueza de ornamentos maravilhosos, muita história! Eu cheguei a sentir a música… tam, tam, tam… no meu ponto de vista é imperdível! Se pudesse teria ido a alguma apresentação, mas infelizmente não era temporada de espetáculos.

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Forro da sala de espetáculos
Forro da sala de espetáculos

O dia terminou perfeito e tudo o que eu queria era uma boa noite de sono para aproveitar ao máximo os dois últimos dias. Assim como uma frase que li: “We’d rather for distraction, but we travel for fullfillment”. Estes foram, sem dúvida, dias cheios de satisfação. E assim dormi realizada.

Catedral de Notre-Dame
Catedral de Notre-Dame

Acompanhada na cidade luz dia 3

No terceiro dia tive a companhia do pessoal que conheci na noite anterior. Parece que a minha viagem de auto companheirismo acabou se tornando uma porta para fazer amigos e conhecer gente interessante. E o legal é desvendar com eles um monte de dicas boas sobre os lugares, descobertas especiais que valeram o dia.

Catedral de Notre-Dame
Vendo a cidade por um novo ângulo

Começamos cedinho pela Catedral de Notre-Dame. Uma fila enorme à nossa frente, às 8:30 da manhã. Foi uma espera demorada, mais de 1h na fila, mas valeu à pena. A dica da amiga canadense era que não podíamos deixar de subir na torre da igreja. O exterior e o interior são maravilhosos, mas queríamos mesmo era ver do alto.

Subimos as escadarias e chegamos bem pertinho das gárgulas. Enxergamos a cidade na altura dos olhos das gárgulas, aqueles bichos estranhos que mais parecem vindos das histórias de magia. Formas meio humanas/meio monstruosas, que protegem ou espantam os maus espíritos, na verdade algumas delas também tem uma função arquitetônica de escoar a água da chuva do telhado. “Cuspindo” ou vigiando orgulhosas do alto das torres da catedral, parecem debochar de quem ouse destratar desta cidade maravilhosa. Um ar intrigante, melancólico, debochado, amei enxergar a cidade sobre este ângulo. Super recomendo, é lindo! E pelo tamanho da portinha que dá acesso aos sinos dá para entender perfeitamente a fama do “Corcunda de Notre-Dame”…

Tenha acesso às torres em visita guiada

Não mais sozinha em Paris, na porta de acesso aos sinos da catedral
Não mais sozinha em Paris, na porta de acesso aos sinos da catedral
Pertinho das gárgulas no alto da Catedral de Notre-Dame
Pertinho das gárgulas
Não mais sozinha em Paris, piquenique no jardim com os amigos feitos no hostel
Piquenique no jardim com os amigos feitos no hostel

Dali fomos a pé até o Jardin de Tuileries, situado à margem direita do Rio Sena. O jardim foi planejado de maneira simétrica com eixos visuais para vários pontos importantes da cidade: O Louvre, o Arco do Triunfo e a Champs Eliseé. Muita gente estava ali “lagarteando” no solzinho e curtindo as belezas do parque, bem do jeito que eu gosto de ver os espaços públicos. Ali passamos do final da manhã até o meio da tarde, descansamos, curtimos o lugar e fizemos um piquenique.

Em frente ao Palais de Tuileries
Palais de Tuileries
Vista subindo a Torre Eiffel
Subindo a Torre Eiffel

O passeio seguinte foi subir na Torre Eiffel. Desde a chegada em Paris já tinha visto a torre dos mais variados ângulos e em com todas as luzes: de manhã, à tardinha, à noite. Mas neste dia foi o que cheguei mais pertinho e quando subi até o alto. Mais filas gigantes, e ainda optamos por subir de escada para visualizar melhor a estrutura. Chegamos no alto a ponto de ver o por do sol lá de cima, lindo, vivenciando literalmente um daqueles momentos e paisagens de cinema! A estrutura é realmente impressionante, até hoje um dos monumentos pagos mais visitados e conhecidos no mundo. Divino!

Visite a Torre Eiffel com um bilhete de entrada sem fila

Visual da Torre Eiffel à tardinha
Torre Eiffel à tardinha
Passeio de barco pelo Rio Sena sozinha em Paris
Passeio de barco pelo Rio Sena sozinha em Paris

À noite, fomos fazer um passeio cênico de Batteux Mouches pelo Rio Sena. Outra sugestão maravilhosa dos amigos canadenses. Pegamos a opção mais simples, apenas o passeio de barco sem nenhum outro extra. Era uma noite linda de primavera e o dia não poderia ter terminado de maneira mais incrível. Ficamos no deck superior e aberto e foi delirante avistar os principais ícones da cidade à noite a partir do rio. O passeio, na minha opinião, imperdível para quem vai a Paris na primavera, verão e outono.

Fachada do Moulin Rouge
Fachada do Moulin Rouge

Sozinha em Paris dia 4

No último dia me despedi dos amigos novos e fui fazer os roteiros sozinha. Passei mais uma vez pela frente do Moulin Rouge, que era pertinho do hotel onde estava. Pena não ter assistido nenhum espetáculo lá, não reservei com antecedência e na hora não consegui, como deveria ter previsto. Depois segui passeando pelo Montmartre e visitei a colina da Sacre Coeur.

Igreja Sacre Couer
Sacre Couer

A partir de lá fiz uma visita guiada de graça pelo bairro, cheio de personalidade, com um charme indescritível, arte, boêmia, história, bistrôs e cafés… Foi interessante acompanhar as descrições do guia, principalmente pelas curiosidades e fatos históricos que provavelmente passariam despercebidos se estivesse sozinha. Matisse, Toulouse-Lautrec, Renoir, Picasso entre tantos outros renomados artistas que moraram por lá e produziram muito da suas criações naqueles arredores.

E assim terminei meu último dia, com gostinho de quero mais. Sim, ainda quero voltar muitas vezes! Paris é um lugar mágico, impossível sentir-se triste ou solitária com esta beleza extraordinária à minha volta. Descobri que sou uma ótima companhia para mim mesma e que me “auto divirto”, como diriam meus irmãos. E como diria o Cazuza: “viver é bom nas curvas da estrada… solidão, que nada”!

Não deixe de ler o resultado da pesquisa dos países mais perigosos e os mais seguros para viajar sozinha.

Em frente ao Carrossel em Montmartre sozinha em Paris
Carrossel em Montmartre

Tome Nota

Para quem viaja sozinha em Paris:

Hostel em ParisVintage Hostel. 73 rue de Dunkerque. Perto da estação Gare du Nord, tem acesso fácil ao metrô e as principais atrações da cidade. É perto do famoso bairro Montnamarte, o bairro da bohemia, do Moulin Rouge e das artes. A região à noite pode ser perigosa para andar sozinha, evite e esteja sempre atento. Fora isso, as acomodações são bem boas e o café da manhã delicioso. Pesquise hotel em Paris pelo Booking.

RESERVE AQUI

É possível reservar os passeios de Bateaux Mouche com antecedência, consultar horários e preços a partir do site. Eu não reservei e consegui comprar duas horas antes da partida, mas recomendo informar-se com antecipação já que o movimento pode variar.

Se tiver que escolher entre subir no Arco do Triunfo ou na Catedral de Notre-Dame recomendo a segunda opção. Mesmo que opte por não subir no Arco não deixe de passear pela Champs Élysée, maravilhosa e conhecida na França como a “avenida mais bela do mundo”. Também chegue bem pertinho do Arco do Triunfo.

Museu do Louvre – Descobri que o museu tem algumas visitas temáticas sugeridas pelas principais atrações, para quem tem pouco tempo. E possível visualizá-las pelo site oficial ou baixá-las e imprimir o roteiro antes de ir para lá.

Compre o ingresso para o Louvre online e evite filas

Não importa o país a se visitar, é recomendável aprender uma dúzia de palavras ou frases genéricas para se comunicar. Embora o inglês seja falado por quase todos os lados, os franceses, principalmente os parisienses vão apreciar o seu esforço e retribuir a gentileza.

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Juliana Gadret

É pelotense, arquiteta e doutoranda em urbanismo em Perth, Austrália. Casado com Leandro Martins, mãe do Lucas e Nina, decidiram começar vida nova na Austrália desde 2010. Foram namorados na época da adolescência e se reencontraram 8 anos depois com muitos pontos em comum: o amor da época teen, a paixão por viajar pelo mundo, a sede de conhecimento, a vontade de mudar.

12 Comments

  1. Olá!

    vou sozinha mês que vem a Paris, não falo inglês e nem francês!!

    ta me dando um certo desespero, apesar de saber algumas coisas sobre o pais.

    Acha que vou conseguir me ‘virar’ sozinha como vc?
    meu hotel é bem pertinho da torre Eiffel.

    me passa algumas dicas???

    • Olá
      Obrigada por compartilhar sua experiência! Amei e viajei com vc, abraço

  2. Ana Caroline Reply

    Comecei a ler o post e me deparei com a palavra autorretrato. Em 2012 ainda não tinha selfie.. e olha que 2012 foi outro dia. rsrs.
    Bom, estou planejando uma viagem sozinha e suas dicas são valiosas. Obrigada por compartilhar.

  3. Passear sozinha, acompanhada ou em grupo por Paris com certeza é perfeito! a cidade tem tantas coisas para ver que poucos dias não são suficientes. Na verdade a França como um todo tem muito para se descobrir! Gostei do seu blog!

  4. Juliana Gadret da Silva Reply

    Tio Ademir, obrigada pelos elogios!! Tu sabes quem foi minha professora, né?! A melhor de todas!! Rsss… Beijão, ver vcs no fim de ano foi maravilhosos, mas já está na hora de mais, que saudade!! Abração para todo mundo aí!

  5. Dinda Lúcia querida, muito obrigada pelos elogios sobre o texto, mas tu sabes de onde vem a minha inspiração?? Tive a melhor professora de português do mundo, tu mesma!!! Obrigado por tanto amor e sabedoria, por por tudo que sempre me ensinastes!! Louca pra ver vcs de novo, quanta saudade! Bjocas

  6. Juca, gostei muito do teu texto. Como disse a Lucia, muito claro e muito bem escrito. Parabens. Também to com saudade. Te vejo aqui. Abraço e bjo pra vocês.

  7. Lúcia RIzzolo Reply

    Oi minha amadinha
    Adorei ler tudo sobre tua aventura.
    Olha, fiquei orgulhosa do texto bem claro e bem escrito.heheheheehh.
    To morrendo de saudade do teu sorriso, do teu cheiro, das tuas trapalhadas….
    Ai como custa chegar novembrooooo
    Te amo demais pra ficar tanto tempo sem te ver.

    Beijos muitos saudosos pra ti e pro Leandro.

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