Conto as primeiras impressões o meu roteiro na Chapada das Mesas sugerido e guiado pelo receptivo Cia do Cerrado. A princípio, 4 dias são suficientes, mas o guia garante a possibilidade de ficar até 15 dias com atividades na região. Deu vontade de ficar mais e acabei voltando para 5 dias em 2018. Repeti alguns passeios e inclui um novo chamado 3 Encantos. Leia a seguir o texto original, assista o vídeo ou vá direto para as melhores fotos das duas viagens.

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Mesmo com lindas fotos é complicado traduzir em palavras as sensações de estar na Chapada das Mesas. Por isso, decidi começar por um vídeo mostrando minhas reações e resumo dos quatro dias no paraíso das águas. Como é chamada por abrigar mais de 400 nascentes, 89 cachoeiras catalogadas e 22 rios no sul do Maranhão.

Assim como nas outras chapadas, existe uma energia especial que nos atinge em cheio a cada banho de cachoeira, ou no topo de uma formação rochosa, e se transforma em felicidade. Pelo menos é como eu me sinto e como as pessoas dizem que eu transpareço quando volto desses lugares. Se apenas o fato de estar no meio da natureza já me faz feliz, juntar isso com dias ensolarados, muita água (morna!) e poder bancar a exploradora, é o êxtase!

O que é uma chapada?

Basicamente, chapada é uma grande área de terra ou rocha elevada (platôs), geralmente, com topo plano. No Brasil elas se concentram no centro do país sendo as mais famosas: Chapada dos Veadeiros (GO), Chapada Diamantina (BA), Chapada dos Guimarães (MT) e Chapada das Mesas (MA).

A Chapada das Mesas

Mas não precisa ser desbravador para aproveitar a Chapada das Mesas. Inclusive, agradar diferentes públicos talvez seja o diferencial da mais desconhecida das chapadas brasileiras. Pra chegar em algumas das sensacionais atrações, como o Santuário da Pedra Caída, não precisa pegar estrada de terra e a trilha é por passarelas acessíveis para cadeirantes. Tudo dentro de um complexo com estrutura hoteleira e parque de aventura.

Características do Bioma Amazônia no Complexo Pedra Caída
Características do Bioma Amazônia no Complexo Pedra Caída

Já em outras, como no Poço Azul, o espírito aventureiro é necessário para enfrentar as estradas de areia e entrar na mata, mas nem exige tanto esforço físico assim. E tem as trilhas complexas para paraísos escondidos, sem estrutura alguma, dentro de propriedades privadas. Estas, conhecidas apenas por locais desbravadores e ainda sem nome, não são poucas e alguns proprietários começam agora a pensar em formas de abrir ao público. Ou seja, ainda tem muito a ser descoberto e explorado na Chapada das Mesas.

Mergulho no azul turquesa do Poço Azul
Poço Azul em Riachão

A começar pelo Parque Nacional da Chapada das Mesas, criado em 2005 para proteger o cerrado e as duas principais cachoeiras de quase viraram hidrelétricas. São 160 mil hectares ainda em processo de manejo. No entanto, a maioria das atrações está fora da área delimitada pelo parque nacional e se espalha por sete municípios: Porto Franco, São João do Paraíso, Balsas, Tasso Fragoso, Estreito, Riachão e Carolina. Desses, passei pelos três últimos, sendo Carolina minha base. Uma cidade na beira do Rio Tocantins com história desde o período colonial e expressividade cultural.

Cachoeira de São Romão no Parque Nacional da Chapada das Mesas
Cachoeira de São Romão no Parque Nacional da Chapada das Mesas

Outra característica que torna a Chapada das Mesas única é a vegetação, uma mescla de cerrado pra quem olha de cima e floresta tropical (bioma Amazônia) quando entramos nas matas ciliares profundas para alcançar nascentes, cânions e cachoeiras. Já quem visualiza do alto ou no sobe e desce da bela rodovia entre Carolina e Riachão, compreende bem o nome observando as formações rochosas de arenito que lembram mesas de diferentes tamanhos.

Nascer do Sol visto do Portal
Nascer do Sol visto do Portal

Retomando o tema felicidade, esta foi uma viagem desejada há tanto tempo que nem pensei se seria problema viajar sozinha ou enfrentar horas de estrada até Carolina quando surgiu a oportunidade de complementar o roteiro da Rota das Emoções. E não foi! Afinal, viajar sozinha nos deixa mais observadores e abertos para conhecer pessoas. O resultado foi voltar encantada com as belezas naturais, com os moradores orgulhosos da sua terra e com a semelhante alegria encontrada nos demais viajantes. Agora, tenho muito pra contar e começo pelo roteiro de 4 na Chapada das Mesas

Dia 1 — Itapecuru, Portal da Chapada e Rio Tocantins

Os passeios começaram a tarde e foram os mais leves da viagem porque passei a noite na estrada vindo de São Luís. Pra se refrescar e passar o dia, existem opções de balneários e cachoeiras nos arredores de Carolina, a escolha foi a mais popular — Cachoeiras Gêmeas do Itapecuru. Logo no primeiro banho, fui agraciada de perto por um arco-íris de mais de 180 graus como jamais havia visto.

Arco-íris na Cachoeira do Itapecuru
Arco-íris na Cachoeira do Itapecuru

No final da tarde uma pequena trilha até o Portal da Chapada para ver o terreno do alto ou emoldurado pela pedra furada. A ideia era ficar ali até o pôr do sol, mas parecia meio nublado e o guia sugeriu ver no Rio Tocantins, onde teria menos obstáculos no horizonte. Acertamos.

Pôr do Sol no rio Tocantins
Pôr do Sol no rio Tocantins

Dia 2 — Parque Nacional Chapada das Mesas e Carolina

Partimos cedo do hotel e passamos boa parte do tempo em estrada de terra abrindo e fechando porteiras. O Parque Nacional da Chapada das Mesas ainda está sendo estruturado, por isso apenas duas cachoeiras são visitadas – São Romão e Prata. Ambas dentro de fazendas, com trilhas razoáveis, poucos turistas e muita beleza. O encanto maior foi pela São Romão por causa da caverna e o show das andorinhas. Assisa o vídeo no link acima.

Dentro da caverna atrás da Cachoeira São Romão
Dentro da caverna atrás da Cachoeira São Romão

Conforme a hora que voltar a Carolina, pode visitar o Museu Histórico de Carolina, o centro histórico e praça principal. Nessa última, fui quase todas as noites para jantar e ver o movimento da cidade e jantar.

Dia 3 — Rio Boqueirão e Santa Bárbara

O dia começou com um passeio exclusivo para uma atração que não está aberta ao público. Pelo menos por enquanto, a previsão é ainda este ano e promete estar entre as preferidas da região. A trilha foi pesada, mesmo assim, o poço cristalino, todavia sem nome, compensou todo o esforço. Quem se empolgou com a trilha mais difícil, as alternativas são é subir o Morro do Chapéu. Dizem ter uma vista linda e a maior diferença é não ter o banho no rio. Por outro lado, tem a vista para a Chapada das Mesas.

Encanto Azul em Riachão
Encanto Azul em Riachão

Logo após, pegamos a estrada rumo a Riachão para conhecer o complexo Santa Bárbara. Local pra passar o dia com várias opções de ecoturismo. Entre as belezas naturais, há os imperdíveis Poço Azul, Encanto Azul e Cachoeira Santa Bárbara. Todos pedem banho demorado e, se for à hora exata em que o sol ilumina, as fotos ficam mais especiais.

Dia 4 — Portal da Chapada e Pedra Caída

Momento de madrugar para ver o sol nascer no Portal da Chapada. Este aconselho fazer logo no segundo dia para poder repetir se o tempo nublar. Neste dia nublou, mas teve segundos de abertura que já valeram a foto.

O passeio seguinte tem a atração mais famosa e imperdível da Chapada das Mesas — Santuário da Pedra Caída. É uma das 25 cachoeiras do Complexo Pedra Caída que também oferece uma séria de opções de lazer e tem a melhor infraestrutura da região. Me joguei na tirolesa e mergulhei nas cachoeiras Capelão e Caverna, além de entrar no cânion com água até o pescoço para ver o Santuário.

Nascer do sol no Portal da Chapada
Nascer do sol no Portal da Chapada
O buraco de onde cai a Cachoeira da Caverna
O buraco de onde cai a Cachoeira da Caverna

E chegou a hora de voltar à realidade com desejo de retornar porque o território é promissor para ser explorado.

Para mais detalhes sobre as atrações no sul do Maranhão, clique nos links em vermelho no meio do texto.

Tome nota Chapada das Mesas

Quando ir
A melhor época é relativa porque faz calor o ano todo e a temperatura da água é agradável sempre. Lá só existe verão (seca de junho a outubro) e inverno (chuvas entre novembro e maio), quando as cachoeiras aumentam o volume d’água e ficam impressionantes, mas as piscinas naturais são menos cristalinas e algumas desaparecem. Julho é considerado alta temporada devido ao período de seca e férias escolares, o que pode incomodar quem prefere encontrar lugares tranquilos. Por outro lado, eu fui durante a semana agora em julho e vi uma movimentação razoável ou deserta nos lugares mais afastados.

Como fazer os passeios
As distâncias entre as atrações são consideráveis e a maioria exige veículos 4×4 com motorista experiente em areia fofa. O ideal é contratar uma agência como a Cia do Cerrado, responsável por todo o meu roteiro. O guia – motorista foi o Wellington que aparece no vídeo e foi uma excelente companhia.

Como chegar a Chapada das Mesas
Pode ser de carro, ônibus, barco, avião ou balsa, para quem vem do vizinho Estado do Tocantins. O jeito mais prático é pegar um avião em Brasília e descer direto no recém reinaugurado Aeroporto de Carolina. Mas como estava em São Luís e decidi de última hora, peguei um ônibus intermunicipal até Estreito. E de lá outro até Carolina. Foram 17 horas mais confortáveis que poltrona de avião.

Quantos dias ficar na Chapada das Mesas
Três dias inteiros é o mínimo para valer a ida até lá, mas o guia Wellington garante que arruma atrativos diferentes para até 15 dias na região. Recomendo de 5 a 7 dias para quem gosta de fazer trilhas e não quer perder o básico.

quero dicas do Brasil

Altier foi pra lá dias antes e fez a trilha para o Morro do Chapéu, leia no blog Pé na Estrada.

Vista para o Morro do Chapéu
Vista para o Morro do Chapéu

Por fim, a única coisa lamentável na Chapada das Mesas são as marcas deixadas pelas pessoas nas pedras de arenito ao alcance das mãos. São nomes, datas e frases de quem bestamente e inutilmente quis marcar território.

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Autor Roberta Martins

Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 16 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram

2 Comments

  1. A vida que sempre pedi a Deus, muito bom, agradecido por esse trabalho maravilhoso.

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