Belém do Pará pode estar naquele ritmo caótico de buzinas, calor e pressa, mas basta entrar em um dos seus parques para o corpo desacelerar e a floresta te lembrar que a Amazônia está logo ali pulsando ao redor da cidade. Neste artigo, compartilho minha experiência em quatro áreas verdes excelentes para uma imersão na natureza, além de indicar praças mais urbanas e os novos espaços criados para a COP30 que prometem deixar um legado.
Caso queira descobrir o lado mais verde de Belém sem complicação, existe um tour guiado que te leva pelos principais parques com busca no hotel e transfer de volta — mas antes, deixa eu te mostrar por que estes lugares valem a pena.
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O que fazer em Belém do Pará: os melhores parques para uma imersão na floresta sem sair da zona urbana
Passear pelos parques urbanos de Belém está entre as melhores coisas para se fazer na capital paraense. Seja para um primeiro contato com a biodiversidade amazônica, seja para respirar ar puro, descansar à sombra de árvores centenárias ou observar aves coloridas. Cada parque tem sua própria personalidade e todos oferecem um alívio para o calor abafado da cidade.

Se você, como eu, sempre sonhou em ver guarás de pertinho, prepare-se: em Belém, eles aparecem nas praças, sobrevoam os mangues e posam calmamente no Mangal das Garças ou no Bosque Rodrigues Alves.
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O que esperar do Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna
Maior parque da capital paraense, o Parque do Utinga tem mais de 1.300 hectares de floresta protegida. Considerado o início da Amazônia para quem chega do mar, o parque foi criado para a preservação dos mananciais que abastecem Belém com água potável.
Na entrada, uma samaúma ainda jovem dá as boas-vindas, e logo adiante um prédio moderno, inspirado nas ocas indígenas, abriga uma praça de alimentação com sombra e brisa leve. Uma curiosidade é ver uma escultura de mosquito gigante no espelho d’água. Esses insetos são terríveis, mas sua importância para o equilíbrio do meio ambiente é inegável.
Mais alguns passos e encontramos de onde partem as aventuras: pode alugar bicicletas, triciclos, caiaques, contratar tour de boiacross ou seguir a pé por 4 km de trilha pavimentada até a Lagoa da Água Preta.

A floresta fecha em volta e o ar muda: fica mais fresco na sombra, porém também mais úmido. Andar por lá exige hidratação constante, afinal, a selva tem seu próprio clima, abafado e denso.
Ao longo do caminho, vi cutias, macacos-de-cheiro-de-cabeça-preta e várias aves, mas é bom ficar em silêncio para notar os sinais da floresta e saber para onde olhar. A trilha principal passa pelo Lago Bolonha e leva até a Lagoa da Água Preta, com paradas no mirante, Memorial Verônica Tembé e o Projeto de Reintrodução e Monitoramento de Ararajubas.
O Memorial Verônica Tembé é dedicado aos Povos Originários da Amazônia, exibe artefatos indígenas e o projeto bem-sucedido de reintrodução da ararajuba, ave símbolo do Brasil em risco de extinção. Antes de serem soltas, elas passam um tempo em viveiros de aclimatação — onde podemos observá-las de perto e torcer para que logo ganhem os céus.

Onde: Parque Utinga fica na avenida João Paulo II, s/n, bairro Curió-Utinga. Aberto de terça-feira a domingo, das 6h às 17h com entrada gratuita. Chegue cedo para minimizar o calor.
Por que visitar o Mangal das Garças
Logo ao entrar, entendi o porquê do nome: garças majestosas a perder de vista. Também lar de flamingos, tucanos, patos, papagaios e araras livres. O parque é pequeno e pode ser percorrido em poucas horas, mas deixei o tempo correr onde meu corpo pediu para desacelerar.

O Borboletário foi um desses lugares. Mesmo com o abafamento por ser uma estufa, fiquei horas ali observando os insetos coloridos flutuarem entre plantas nativas, fontes d’água e algumas aves. Apenas lembre que as borboletas dormem cedo, e precisa chegar quando elas ainda estão voando.

Esse foi o meu parque preferido para o fim de tarde, vi pessoas felizes. Famílias, casais e viajantes como eu. Todos encantados com a fauna e a flora. Há lagos com vitórias-régias, passarelas sobre manguezais, viveiros com aves soltas e outras ainda presas, mas em espaços visivelmente reduzidos.

Recomendo entrar no Memorial Amazônico da Navegação. Através de painéis, maquetes e embarcações, o museu conta diversas curiosidades sobre a navegação na floresta amazônica, além de importantes momentos históricos envolvendo a Marinha Brasileira.

O Farol é o ponto alto, literalmente com 47 metros de altura. Sobe-se de elevador até o mirante com vista para a Baía do Guajará, a cidade histórica e uma sequência de prédios dando uma dimensão do tamanho da capital. Deixei o atrativo por último com esperança de ver o pôr do sol, mas o parque fecha antes, ao menos peguei o início da hora dourada.
Onde: a entrada para o Mangal das Garças está na rua Carneiro da Rocha, s/n, bairro Cidade Velha. Por segurança, preferi não ir a pé até lá, pois os arredores podem ser menos movimentados ao entardecer e os moradores não aconselharam. Funciona de terça-feira a domingo, das 8h às 18h. A entrada é franca, apenas os atrativos Borboletário, Farol e Memorial Amazônico da Navegação cobram ingressos acessíveis.
O que ver no Bosque Rodrigues Alves

Bastaram alguns passos depois do portão para o barulho da cidade desaparecer e dar lugar ao som dos pássaros. São 15 hectares de floresta amazônica nativa cercada pela cidade pensando na sua preservação desde o século XIX. Ali vi aves soltas, cutias atravessando os caminhos de terra e uma vegetação densa que filtra o calor. Mas também vi animais em cativeiro, o que me deixou desconfortável. As estruturas de ferro antigas e vazias contam uma parte incômoda da história, porém estão ali como memória viva de outro tempo. Embora uma pequena parte dos bichos ainda viva enjaulada, como os macacos e os jacarés.
É no inesperado que o bosque surpreende. Me deparei com uma ruína intrigante — paredes cobertas de cipós e raízes pendendo como cortinas verdes. Não havia placa, nem explicação. Depois, fui descobrir que aquilo não era ruína de verdade, mas uma criação romântica, do início do século passado, inspirada nas falsas ruínas inglesas do século XIX, conforme o artigo de Gustavo Lopes de Souza¹ . As Ruínas do Castelo, como são chamadas, foram pensadas para causar exatamente essa sensação: nostalgia, imaginação e uma vontade de se perder no tempo.


Onde: o portão principal do Bosque Rodrigues Alves fica na avenida Almirante Barroso, 2305, bairro Marco. Visitas de terça-feira a domingo, das 8h às 16h, pagando um valor simbólico.
1. Gustavo Lopes de Souza, 2017. FALSAS RUÍNAS EM BELÉM DO PARÁ. Anpap. https://anpap.org.br/anais/2017/PDF/HTCA/26encontro______SOUZA_Gustavo_Lopes_de.pdf
Museu Emílio Goeldi: entre o incômodo e o encantamento
Conversando com outros viajantes, vi uma resistência sobre visitar o Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi por ser um zoológico e a ideia de ver bichos enjaulados, ainda mais em uma cidade onde a selva está tão viva e tão perto, sempre me causa desconforto. Mas esse lugar merece a visita pelo seu valor histórico (fundado em 1866) e os ensinamentos profundos ao entrar no museu.

Ali dentro, em salas bem cuidadas e organizadas, estão as histórias da Amazônia desde os seus primeiros habitantes. Objetos do cotidiano indígena, painéis interativos, maquetes, fósseis, desenhos… quase tudo convida a tocar, a ler, a ouvir. A Amazônia de 12 mil anos atrás começa a se revelar em detalhes — não só no tempo, mas na cultura ainda muito presente na região.
Entre uma sala e outra, entendi também o porquê de alguns animais estarem presos no terreno. Segundo a administração do parque, muitos foram resgatados pelo IBAMA e não teriam chance de sobreviver na floresta. Ainda assim, é impossível não se sentir dividida: ao mesmo tempo que entendo o propósito, meu coração prefere ver a vida em liberdade.
Por outro lado, só estar ali caminhando entre a vegetação observando o movimento das folhas conforme a rajada do vento já é motivo de relaxamento. A diferença desse parque histórico é que as plantas foram plantadas por cientistas inicialmente para pesquisas, enquanto no Bosque foram cercadas quando a urbanização se expandiu.
Onde: o Museu Goeldi fica na avenida Governador Magalhães Barata, 376, bairro São Braz. Aberto de quarta-feira a domingo, das 9h às 15h, pagando um valor simbólico.
Parques urbanos em Belém: outras opções para curtir
Além dos parques com mata densa, Belém tem outros espaços agradáveis para relaxar ou fazer caminhadas curtas:

- Parque da Residência: palco de feiras e eventos culturais
- Ver-o-Rio: perfeito para assistir ao pôr do sol
- Praça Batista Campos: recém-reformada, ótima para um fim de tarde com água de coco
- Parque Porto Futuro: bom para caminhadas curtas

O que levar para visitar os parques de Belém
Ao visitar os parques de Belém, é importante estar preparado para o clima úmido e quente. Use roupas leves, confortáveis e sapatos adequados para caminhadas. Não se esqueça de levar:
- repelente
- garrafinhas de água (você vai precisar!)
- chapéu, óculos escuros e protetor solar
Quer ir além dos parques?
Quem prefere praticidade, o passeio pelos Parques Amazônicos da Civitatis é uma ótima opção. Um guia local explica curiosidades, responde perguntas e você não precisa se preocupar com transporte. Mas lembre-se: é preciso reservar com pelo menos 3 dias de antecedência.
Outra alternativa é conhecer as ilhas próximas em passeios de um dia. A Ilha do Combú, por exemplo, é um refúgio de mata preservada e casas de palafita onde se produz o famoso chocolate artesanal do Pará. Já a Ilha do Marajó encanta com suas praias de rio, búfalos e tradições únicas. Dá para combinar esses destinos com o conforto da estrutura urbana de Belém, embora Soure mereça mais dias.
Novos refúgios urbanos para a COP30
Em preparação para a Conferência do Clima da ONU, em novembro de 2025, Belém está recebendo importantes transformações. A cidade ganhará quatro novos parques:
- Parque da Cidade: a maior intervenção urbana dos últimos 100 anos, com mais de 500 mil m².
- Linear da Tamandaré
- Linear da Doca
- Parque Urbano São Joaquim
Esses novos espaços devem melhorar a mobilidade urbana e paisagística, mas não substituem a imersão natural dos parques descritos acima.
Enfim, Belém me mostrou como a Amazônia também pode ser vivida em pequenas doses enquanto desfruta da comodidade urbana. Em passos leves por trilhas sombreadas ou no voo rasante de um guará colorindo o céu da cidade.
Fotos da fauna e flora dos parques de Belém do Pará












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