Você tem olhar de turista no local onde mora ou naquelas cidade que vai com frequência visitar a família? Eu tenho, mas chegar a este estágio foi um processo iniciado quando fui morar sozinha em Porto Alegre e se repetiu mais tarde em São Paulo. O experimentar de forma turística a região onde eu nasci veio nos últimos anos e foi uma bela surpresa. O que eu fiz e vi em Bagé é o tema deste artigo. E Rainha da Fronteira é o apelido majestoso.

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Bagé, um olhar turístico sobre a Rainha da Fronteira

Bagé foi a minha primeira viagem e entre os lugares mais recorrentes até hoje. Meus pais e avós são de lá e os motivos sempre se limitavam a algum evento social ou encontro familiar. Então combinei com uma amiga paulista uma viagem de carro para explorar os vinhos da campanha (leia o roteiro 4 dias no pampa gaúcho) e o potencial da região despertou o nosso interesse. Bastou uma conversa com amigas guias de turismo em Bagé pra surgir a ideia de fazer a Rota Caminho Farroupilha.

A viagem épica transmitida em tempo real nas redes sociais foi um sucesso e me deixou super feliz em saber como serviu de inspiração para tantos gaúchos fazerem a mesmo rota. Além de ter instigado a curiosidade do povo do sudeste. Não são poucos os compartilhamentos, curtidas e mensagens recebidas confirmando o interesse desde a partida para esta jornada. Os dois dias em Bagé foram completamente distintos das outras vezes, o diferencial foi a ajuda de profissionais locais para mostrar a história e as curiosidades sem perda de tempo. O roteiro na Rainha da Fronteira foi organizado pelos receptivos Baye Turismo e Tchê Fronteira.

O que ver e fazer em Bagé em roteiro de 2 dias

Bagé é uma das 176 cidades históricas reconhecidas no Brasil, portanto vale a pena sair caminhando pelas ruas principais a procura de portas, janelas e adornos para fotografar. Os casarões foram construídos por estancieiros para mostrar sua riqueza e muitos ainda são residências dos descendentes abastados. Alguns se concentram ao redor da Praça da Matriz ou Praça Silveira Martins, mas a maioria está espalhada pela município e zona rural, motivo para contratar um guia de turismo. Além de encontrar os locais com facilidade, terá uma aula de história.

Tanto a Baye Turismo quanto a Tchê Fronteira tem pacotes prontos ou personalizados para mostrar o melhor da região. Tem opções para quem gosta de enoturismo, aventura, gastronomia, história ou vivenciar tudo isto no Pampa com direito a cavalgada, churrasco típico, gaita e violão. Como é impossível fazer tudo isso em dois dias, nos recomendaram dois roteiros além das caminhas pelo centro: Bagé Histórico e Arte Cemiterial.

City tour Bagé Histórico

Mariane e César, da Tchê Fronteira, nos apresentaram os principais pontos turísticos encaixando informações sobre a Revolução Farroupilha. Em uma tarde estendida visitamos as seguintes atrações:

Palacete Pedro Osório
Palacete Pedro Osório

Palacete Pedro Osório

Um dos casarões emblemáticos da cidade foi local de reuniões políticas na Revolução de 23. Construído por um médico vindo da Europa no início do século XX, virou o colégio onde minha mãe estudou, foi reformado em 2008 e agora é a sede da Secretaria da Cultura do município. Muitas detalhes estão preservados como as 9 lareiras ou os azulejos franceses e os adornos da fachada, mas precisa de manutenção frequente e o governo parece não dar conta das infiltrações. Vale a pena subir no terraço e ver o bosque no pátio da casa.

Catedral São Sebastião
Catedral São Sebastião
Azulejos franceses na banheiro do Palacete
Azulejos franceses na banheiro do Palacete

Catedral São Sebastião

A vila de Bagé se iniciou ao redor da catedral há mais de 200 anos. Ela foi praticamente destruída durante a Revolução Farroupilha (dizem que apenas uma imagem de anjo se salvou) e fielmente reconstruída anos depois.

Cidade Cenográfica de Santa Fé

É o cenário do filme O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo, transformado em atração turística. Na verdade, as 17 construções foram feitas para durarem seis meses e só depois surgiu a ideia de preservar. O difícil é manter a frágil estrutura por cinco anos sendo alvejada pelo vento Minuano, chuvas e geada. Mesmo assim, quem viu as duas versões do filme como eu, consegue imaginar as cenas e até ouvir as vozes dos personagens só de estar ali.

Cidade Cenográfica de Santa Fé
Cidade Cenográfica de Santa Fé

Parque do Gaúcho

É onde acontecem as comemorações na Semana Farroupilha e outros eventos. Fica na zona rural (distante 7 km) e serve de área de lazer pra fazer um churrasco ou andar a cavalo. Passamos por ali porque a cidade cenográfica fica dentro do Parque do Gaúcho.

Centro Histórico Vila Santa Thereza

Capela em Santa Thereza
Capela em Santa Thereza

Ainda na zona rural, encontramos uma capela muito bem conservada ao lado de uma auditório moderno onde acontece o Festival Internacional de Cinema e outros eventos. A Capela Santa Thereza de Ávila é uma graça por dentro e por fora. Outro contraste interessante são as obras de arte contemporâneas ilustrando a mesma história católica de sempre no interior da capela centenária.

Pinturas contemporâneas no interior da capela
Pinturas contemporâneas no interior da capela

Museu Dom Diogo

Detêm o melhor, mais organizado e preservado acervo da história do Rio Grande do Sul. Exibe artefatos de todas as guerras – como a única bandeira original da República Rio-Grandense – e explica diferentes aspectos da vida cotidiana e cultural da localidade desde os primeiros tempos até o passado recente. Só o prédio de 1870 já valeria a visita.

Museu Dom Diogo
Museu Dom Diogo

Antiga Estação Férrea

A atual área administrativa da prefeitura de Bagé está em excelente estado de conservação e aberta ao público. Pena ter ficado tarde demais pra visitar por dentro. Observamos a fachada com dificuldade porque havia anoitecido e a iluminação não ajudou.

Para personalizar um passeio ou contratar os pacotes, contate a Tchê Fronteira no e-mail fronteiraturismo@bol.com.br ou fone (53) 9241 6519.

Arte Cemiterial – Cemitério Municipal de Bagé

As gurias da Baye Turismo – Anna, Dorvalina, Iara e Kaká – já vinham nos dando aulas de história desde a chegada a Bagé e neste tour se atentaram aos personagens da revolução enterrados ali. Por exemplo, o túmulo do General Netto (proclamador da República Rio-Grandense) descansa ao lado do seu oponente imperialista Coronel João Tavares. Tanto brigaram em vida que acabaram dormindo juntos.

Túmulo do Coronel João Tavares
Túmulo do Coronel João Tavares
Túmulo do General Netto
Túmulo do General Netto

Pode parecer macabro, mas o Cemitério Municipal de Bagé é reconhecido por sua arte cemiterial da mesma forma como acontece no Recoleta de Buenos Aires. Isto porque os estancieiros levavam o mesmo conceito de construir suas moradias em vida para a morte. Quanto mais rico, mais pomposo é o mausoléu de mármore com detalhes importados da Europa.

Para este ou outros passeios, contate a Baye Turismo e Viagens pelo e-mail bayeturismoeviagens@gmail.com fone (053) 99571298. Além do lado histórico, elas são especializadas em turismo de aventura.

Parada obrigatória para se aprofundar na Revolução Farroupilha

Semelhante a Piratini, Bagé é o município responsável por bem preservar a história da Revolução Farroupilha com a diferença de estar melhor estruturada para receber o turista. Ela foi estratégica tanto para os farrapos quanto os imperialistas devido sua posição no mapa. De um lado fazia fronteira com o Uruguai, do outro estava entre as três capitais (Piratini, Caçapava e Alegrete) e ainda possuía a linha férrea até Rio Grande. O único porto com saída para o mar que os Farrapos tentaram, mas nunca conseguiram conquistar. Batalhas aconteceram nos campos do pampa gaúcho e até trincheiras foram utilizadas no centro da cidade. Não suficiente para impedir a destruição da catedral como mencionado acima.

Praça Silveira Martins
Praça Silveira Martins

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Esta cidade é um dos destinos da Rota Farroupilha. Se prefere ter todo o conteúdo sobre este itinerário para consultar durante a viagem e ainda ter sugestão de roteiros com mapa interativo detalhado, adquira o guia Guia RS Rota Farroupilha >>

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Tome Nota

Hotéis em Bagé: o hotel onde nos hospedamos fechou, mas há outras opções.

Em outras oportunidades me hospedei no Hotel Obino e na Pousada do Sobrado. O primeiro fica na Praça Silveira Martins e o segundo é uma fazenda cuja experiência também está relatada no link acima. Os três são limpos e confortáveis e a escolha depende da sua exigência quanto aos diferenciais.
RESERVE AQUI

Onde comer: conheci dois novos restaurantes desta vez, almocei na churrascaria e jantei na pizzaria.

Galeto e Churrascaria Mário serve buffet bastante variado com churrasco assado na hora. Lembrando que quanto mais perto da fronteira, melhor a carne e um churrasco em Bagé é a culinária típica. Abre no almoço e no jantar em espaço amplo e quase sempre lotado na rua Hipólito Ribeiro, 31.

Quitanda Restaurante é mais aconchegante pelo espaço reduzido e decoração. Serve bons pratos ala carte na rua Marcílio Dias, 1166. Também movimentado durante a semana.

Não deixe de clicar nos links recomendados no meio do texto para descobrir mais atrações na região.

A viagem #RotaFarroupilha é um projeto do Territórios em parceria com As Peripécias de uma FlorCafé ViagemMochilinha Gaúcha e participações especiais de Andarilhos do Mundo e da jornalista Criz Azevedo. O roteiro teve o apoio de empresas regionais como BC&M Advogados e Agropecuária Sallaberry, além do suporte do Sebrae Costa Doce e de algumas secretarias de turismo. A ideia surgiu ao saber da Rota Caminho Farroupilha elaborada pelo Sebrae RS e oferecida como pacote turístico pela Tchê Fronteira Turismo.

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Você está em INICIAL » BRASIL » RIO GRANDE DO SUL » BAGÉ » Bagé, um olhar turístico sobre a Rainha da Fronteira
Autor Roberta Martins

Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 16 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram

5 Comments

  1. Selma Barreto Reply

    Olá. Já conheço algumas cidades do Sul como as da Serra Gaúcha e Cambará do Sul, mas minha vontade não parou por aí. Pretendo conhecer ainda Bagé, Pelotas. Vacaria, Passo Fundo e as Missões. Me encantei com o Sul desde a primeira vez. Já estive duas vezes a passeio. Os gaúchos são mesmos guardiães de sua Cultura. Parabéns gaúchos e gaúchas.

  2. RAFAEL ROBAINA Reply

    Excelente!! Sou bageense, orgulhoso e apaixonado pela minha Bagé, e sempre digo, que Bagé tem um potencial turístico que poderia e deveria ser muito mais explorado! Adorei as dicas, as fotos. E por já estar fora há 13 anos, embora vá pelo menos uma vez ao ano visitar, sempre que possível, serviu para matar a saudade também. Parabéns pelo excelente trabalho e obrigado por divulgar a minha linda cidade!
    Abraço!

    • Roberta Martins Reply

      Obrigada Rafael, fico feliz em receber comentários assim.

      Toda a minha família é de Bagé e são super bairristas, dizem que estraguei a linhagem por nascer em Pelotas, kkk

  3. Flávia Rico Reply

    Olá Roberta!! Gratidão pelas informações!! Estou pensando em passar 2 dias em Bagé para conhecer a cidade do meu avô e pai.. a cidade é tranquila para uma viajante sozinha? Espero pode aproveitar um pouco dos pampas.. abs,

    • Roberta Martins Reply

      Oi Flávia, que legal é a cidade dos meus pais também. Bagé é super tranquila. Sugiro contratar uma das agência indicadas para fazer algum tour, como são moradoras, vão te dar dicas específicas para os dias que estiver por lá. Os pontos interessantes são espalhados e com a ajuda delas não vai perder tempo no deslocamento.

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