Uma cidade histórica, ao lado de São Luís do Maranhão, é passeio obrigatório para quem gosta de fotografar detalhes arquitetônicos e a rotina pacata do interior. Conheci a Alcântara fotogênica das ruínas, dos azulejos e do Doce de Espécie.
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Bate e volta em Alcântara
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Após pouco mais de uma hora navegando pela Baía de São Marcos, avistei as casinhas coloniais coloridas e o Porto do Jacaré. Desci do barco, peguei um mapa, comprei água e subi a Ladeira do Jacaré sem pressa até a Praça Matriz. Havia contratado o passeio no dia anterior e um guia conduzia o grupo contando os fatos do lugar.
O dia nublado decepcionou no primeiro momento porque o tempo bom era praticamente garantido pela proximidade com a linha do Equador. Alcântara fica a apenas dois graus e isto significa estabilidade meteorológica. Infelizmente, peguei os raríssimos dias sem sol e as fotos não ficariam tão boas. Por outro lado, as imagens ficam mais originais e bastou um olhar mais atento aos detalhes para render um exagero de fotos. Tanto que ficava para trás do grupo e quase não prestei atenção nas histórias do guia, que não foram poucas.
Encantada com os detalhes pelas ruas de Alcântara
Entre ruínas em péssimo estado, azulejos quebrados e casas semi reformadas eu via maçanetas, portas, janelas, desenhos e molduras para os meus registros. O centro histórico está em melhor estado de conservação que o de São Luís, talvez por ser bem mais compacto e ter ficado no esquecimento por anos. Para ter uma ideia, a luz elétrica só chegou quando já existia o conceito de fiação subterrânea. Para a alegria dos fotógrafos os fios não atrapalham! Também é mais seguro para caminhar despreocupado com equipamento fotográfico do que na capital, pelo menos de dia.
Alcântara teve seu auge do final do século XVIII até meados do século XIX, quando entrou em declínio e daí o motivo de tantas ruínas. Muitas construções foram abandonadas ou são obras inacabadas, mas todo o conjunto arquitetônico foi tombado em 1948.
Veja mais fotos de Alcântara:
Foto da Semana #128 Praça histórica em Alcântara
Um ângulo pouco convencional da Praça da Matriz chamou minha atenção enquanto caminhava por Alcântara. Ao fundo as ruínas da Igreja de São Matias (1869), o pelourinho e a antiga Casa de Câmara e Cadeia, atual prefeitura da cidade.
Roteiro por Alcântara
A Praça da Matriz fica no alto com vista para Baía e rodeada por casarões do período colonial. No centro ficam as ruínas da Igreja Matriz de São Matias, a cadeia e o Pelourinho, o único original preservado do Brasil. Tem crianças jogando bola ou em bicicletas, tem cachorro de rua, tem vaca pastando e tem turistas.
Seguimos pela Rua da Amargura para ver mais ruínas como o Palácio Negro, era a rua onde as famílias ricas moravam e caminho para a Igreja e Convento do Carmo (1646), um dos símbolos da cidade visto desde a Baía de São Marcos. Em frente estão as ruínas do que deveria ter sido o Palácio do Imperador, projetado para receber o D. Pedro II que acabou cancelando a visita e a obra nunca foi finalizada. Então descobri serem duas ruínas de dois Palácios do Imperador. Duas famílias ricas da época queriam receber D. Pedro II e brigavam para mostrar quem iria construir o palácio mais imponente.
Pelas ruas de pedra imitando o desenho do rabo de jacaré, ou símbolos geométricos da maçonaria, continuamos a passos lentos capturando todos os detalhes até a Igreja Nossa Senhora Rosário dos Pretos (1803), onde finalmente pude ouvir o tambor de crioula*. A igreja foi construída por e para os escravos. Eles deixavam os patrões na igreja dos brancos, corriam para essa e tinham que sair antes da outra missa terminar para levar os patrões para casa.
A fome bateu e o almoço foi ao ar livre com vista para as ilhas da Baía de São Marco, em frente a atual Igreja São José. Ali deixei as casas de lado e atentei às flores. Não tem jardins bem cuidados pela cidade, mas tem flores e palmeiras interessantes no meio do verde.
Cuidamos a hora de voltar porque quando a maré baixa, só pode voltar no dia seguinte. O que não teria sido má ideia para conhecer as praias desertas, mangues e fotografar o Guará. A ave de cor vermelho vibrante é típica da região e faz um show nas revoadas em grupo.
O sol deu o ar da graça e refiz as fotos da Ladeira do Jacaré. Quando cheguei ao local de embarque não parecia o mesmo lugar, a maré estava tão baixa que apenas canoas navegavam. Havia lama e crianças tentando empurrar sem sucesso barcos encalhados. Alguns minutos de espera o e cenário foi mudando, o nosso barco estava por perto e avançava conforme a água subia. A volta foi tranquila, mas a maré ainda não estava plena para chegar ao porto e descemos no meio da lama em um ponto mais perto (leia sobre as marés em São Luís). Dava para ver a linha de prédios da capital e as nuvens pesadas em cima.
Por fim, o passeio de um dia em Alcântara foi o melhor da viagem a São Luís. Como era feriado religioso, muitas atrações e lojas estavam fechadas, enquanto as cidades vizinhas se preparam para receber os turistas.
Curiosidades
Alcântara é nacionalmente conhecida pelo Centro de Lançamentos de Alcântara, a base de lançamentos de foguetes espaciais, no entanto, a entrada não é permitida para turistas desde 2003. Existe a Casa de Cultura Aeroespacial, porém, o interesse no dia era pela arquitetura histórica, logo não sei nada sobre o museu.
O que é o tambor de crioula? O Tambor de Crioula do Maranhão é uma forma de expressão afro-brasileira exibida através da dança, canto e percussão de tambores. Como não é realizada em feriados religiosos e visitei na Páscoa, assisti apenas uma demonstração de tambores no interior da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Veja no vídeo
Tome Nota Alcântara
Como chegar: Alcântara fica do outro lado da Baía de São Marcos e tem acesso via marítima e terrestre. A opção mais rápida é de barco e leva 1h20 partindo do Cais da Praia Grande. Os horários variam conforme a tábua de maré, podem sair entre 7h e 9h da manhã e voltar entre 16h e 18h. Verifique o horário do dia. Pode contratar pela agência ou comprar na hora.
Quem leva: vale contratar um guia local ou com agência em São Luís. Comprei o passeio da Slz Turismo e gostei, organizaram os bilhetes do barco, reservaram o almoço no melhor lugar e o guia foi atencioso. Tem saídas diárias na av. Castelo Branco, 297c.
Quando ir: vale a pena em qualquer época do ano, o que atrapalha são as condições climáticas para a travessia de barco. Entre março e abril é uma época boa, fui no feriado de Páscoa sem inconvenientes. Dizem que o pior mês é agosto devido aos ventos que agitam o barco e causam enjoos até nos mais acostumados a navegar.
Gastronomia
As opções são poucas e simples. Para garantir os melhores é preciso reservar antes e a agência cuida disto.
Nos levaram no Restaurante Cantaria onde fizemos o pedido (cardápio com quatro variações de peixe e só) logo na chegada ao porto e voltamos na hora combinada. As mesas são ao ar livre protegidas por telhado de palha e tem algumas moscas. Mas a comida estava ótima. Fica ao lado da Capela Nossa Senhora do Desterro, na beira do barranco.
Não deixe de provar o Doce de Espécie. Feito de ovo e coco, entrou na lista dos meus doces favoritos. A receita é local e vem da época dos escravos, mas é encontrada em todo o Estado. Comprei na rua das Mercês, 400 por causa da placa.
Onde ficar em Alcântara: como fiz o passeio de um dia me hospedei no Stop Way, em São Luís, mas existem opções na cidade, veja resenhas no Booking.
Fotos de Leandro Gabrieli e Roberta Martins.
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