Meses depois de contar o início desta história de comer trufas na Itália, especificamente em Bondeno. Volto para narrar a melhor parte. A experiência de caçar e se deliciar em um jantar com pratos consagrando o tartufo (como é chamado em italiano).

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Outubro começa a caça às trufas e segue até janeiro na Emilia Romagna
Trufas brancas

Pra começar, o que é trufa?

Trufa é um fungo subterrâneo idolatrado pela culinária desde a época dos romanos e queridinho dos chefs franceses. É um alimento saudável e nutritivo por ter baixas calorias e ser rico em água e proteínas. Além do sabor forte, o perfume é único. Por isso, apenas lascas são utilizadas junto aos outros alimentos.

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Quando madura exala um odor característico que atrai javalis, caramujos e roedores para o seu habitat. Nós humanos não percebemos o aroma por estar cerca de sessenta centímetros dentro da terra, motivo de contarmos com o faro de um cachorro. O animal é treinado para encontrar trufas, cavar, indicar o local e não destruir o cogumelo. Não existe uma raça específica, mas algumas acabam sendo mais comuns como o Lagotto Romagnolo, Braco, Spinone, Springer Spaniel Inglês e Spaniel Bretão.

Braco Alemão
Braco Alemão
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Tore, o tartufino, e a cadela Laika
Tore, o tartufino, e a cadela Laika

Como é a caçada da trufa?

Cada caçada é uma surpresa, nunca se sabe o que vai encontrar e a possibilidade de voltar de mãos vazias é alta. No mesmo solo podem ter diferentes tipos e tamanhos de trufas, inclusive as não comestíveis. As mais conhecidas são as negras e as brancas, sendo a última a mais rara e cara (2 mil euros o quilo). Encontrar uma trufa branca de um quilo é o sonho de qualquer tartufino (como é chamado o caçador de trufas). O tamanho normal varia de 200 a 400 gramas.

Apesar de ser a minha maior vontade, caçar trufas não estava no roteiro planejado pelo órgão de turismo local e nem existia a possibilidade do passeio turístico na cidade. Como os anos estudando italiano estavam bem vivos no meu cérebro, conversei com os donos de restaurantes e descobri que cada um tem seus próprios cachorros para ter a iguaria sempre fresca neste período do ano. Percebendo o meu interesse Mattia Bagnolati ligou para um caçador e organizou meu encontro com ele.

Minutos depois peguei a estrada rumo a um bosque em Sant’Agostino, distante 22 km de Bondeno, para encontrar Tore, o tartufino. Lá conheci a simpática Laika, da raça barco alemão, e ouvi uma breve introdução sobre a caçada. Pelo tarde da hora não havia muito tempo, então ele deu ordens à Laika, que saiu bosque adentro, correu atrás dela e nós fomos seguindo. A cadela era muito rápida, mudava de direção a todo momento, não haviam trilhas demarcadas e nem tempo de cuidar onde pisa. Pula tronco e raízes, resvala na areia úmida, leva folhada na cara e adrenalina vai subindo, mas o pensamento é focado em não perder Laika de vista.

Correndo pelo Bosco della Panfilia
Correndo pelo Bosco della Panfilia

Algumas paradas frustradas até que ela latiu mais forte e começou a cavar. O tartufino interrompeu e continuou tirando a areia até encontrar o que parecia uma pedra coberta de terra. Ele tirou com cuidado de dentro do buraco e o aroma ambiente mudou completamente, confirmando que havíamos encontrado uma trufa. Antes de limpar o fungo, o caçador brinca com Laika para agradecer o trabalho bem feito e sorri nos chamando para perto. Era uma trufa branca! Sorte de principiante.

Agradecimento do tartufino
Agradecimento do tartufino

O Bosco dela Panfilia já estava escuro quando voltamos para a estrada e encontramos um cenário perfeito, o pôr do sol e a silhueta de três músicos tocando violão.

Músicos ao pôr do sol
Músicos ao pôr do sol

Chegou a hora de comer trufas na Itália

O dia ainda não havia acabado, chegou o horário do tão esperado jantar Sagra del Tartufo. Evento da Festa Provinciale del Tartufo, del Pane e delle Perle Ferraresi introduzido no texto anterior. A oportunidade de provar trufas brancas e negras em diferentes receitas e pagar um valor acessível.

Meu companheiro de viagem achou um tanto forte, mas achei incrível, principalmente o cappelletti e Il Coccio, o exclusivo lombo de porco com queijo e trufa branca. Salivo só de lembrar. Então vou compartilhar esse momento mostrando as fotos de tudo o que provei neste jantar:

Um recheio com muita lascas de trufa e abóbora entre os ingredientes
Antipasto al Ramiol: polenta com queijo e trufa
Cappelletti di magro casalingui al tartufo
Cappelletti di magro casalingui al tartufo
Pasticcio Ferrarese al tartufo: pasta doce recheada com macarrão e ragú com trufa
Pasticcio Ferrarese al tartufo: pasta doce recheada com macarrão e ragú com trufa
Il coccio:lombo de porco com queijo e trufa branca
Il coccio:lombo de porco com queijo e trufa branca
Tortino ferrarese su crema di zucca e tartufo
Tortino ferrarese su crema di zucca e tartufo
Marcarpone al tartufo
Marcarpone al tartufo
Dolci classici ferraresi
Dolci classici ferraresi
Lasca de trufa negra
Lasca de trufa negra

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Tome Nota comer trufas na Itália

A trufa é encontrada na Europa, Nova Zelândia e Estados Unidos e a época de caça muda conforme a variedade. A temporada de caça na Emilia Romagna começa em 1 de outubro e segue até 31 de dezembro em regiões específicas. Em Bondeno se estende até final de fevereiro.

Bondeno não é a região mais famosa pelas trufas, mas está trabalhando neste sentido e, talvez, caçar trufas seja um passeio turístico em breve. Se estiver na Itália em outubro, verifique as datas da Festa Provinciale del Tartufo, del Pane e delle Perle Ferraresi.

Essa viagem foi patrocinada e fez parte da ação BlogVille Emilia Romagna.

Fotos de Leandro Gabrieli e Roberta Martins.

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Autor Roberta Martins

Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 16 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram

3 Comments

  1. Fresco Tuber Borchii Reply

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