Navegue e tome banho no Rio Amazonas, se encante com as árvores gigantes da Trilha da Samaúma e converse com os moradores da Ilha de Santana. Para quem está de passagem pelo Amapá interessado em fauna, flora e cultura ribeirinha da Amazônia, conto os detalhes para fazer esse passeio a partir de Macapá.
Acesso rápido:
O Brasil tem algumas localidades com esse mesmo nome, mas a Ilha de Santana é única. Um local preservado no meio da maior floresta tropical do mundo além de rodeada pelo maior rio do planeta. Localizada no município de Santana, Amapá, a ilha está cerca de 23 km do centro da capital Macapá com acesso somente por barco pelo rio Amazonas.
O que fazer na Ilha de Santana?
Victor Hugo, da Amapá Ecocamping, recomenda uma série de atividades culturais e ecológicas que devem ser planejadas, sendo esse feito por mim, o passeio ideal para quem gosta de caminhar. Trilha da Samaúma na Ilha de Santana dá uma boa ideia de imersão na floresta Amazônica por água e por terra.
O tour dura 4 horas ao total, sendo só a trilha de pouco mais de uma hora conforme o ritmo e curiosidade do grupo. O guia Carlos Haussler vai tirando dúvidas, contando a história e várias curiosidades durante estas atividades:
Começou assim, nos buscaram na hospedagem (todos estávamos no Hotel Amapá por ser o melhor da cidade) e o transporte foi de carro até o porto de Santana. Ali pegamos um barco típico e navegamos pelo rio Amazonas até o início da trilha na Ilha de Santana.
Passeio pelo rio Amazonas
O percurso de quase uma hora é tranquilo apreciando a paisagem da floresta, estaleiros e casas de ribeirinhos, alguns passaram por nós em canoas e embarcações semelhantes à nossa.
A trilha da Samaúma
Descemos na praia e pegamos uma passarela de madeira por área que costuma alagar durante a estação das chuvas. Logo no início, passamos por plantações de açaí e duas samaúmas gigantes.
O caminho segue por estrada de terra alaranjada até encontrarmos o guardião do local. O caseiro naturalista Zebedeu abre a porteira e nos acompanha, dando explicações sobre a vegetação na floresta. Vimos o sobreiro, a matéria-prima da cortiça; um pracaxi cujas sementes saem o azeite de cozinha dos locais; a andiroba que faz um óleo para várias utilidades medicinais; a árvore do taperebá (o mesmo cajá do nordeste), meu suco preferido no norte; e muitas sementes, cada uma com sua utilidade.
Os cenários com cipós retorcidos em meio aos tons de verde e marrom são lindos com a iluminação do sol do meio-dia entrando pelas frestas das copas. Além de nos permitir brincar de Tarzan, os cipós guardam água da chuva e podemos beber para sobreviver na floresta.
Chegamos a outra samaúma (cada vez maior), nesta havia muitos mini caranguejos no piso e elianas de diferentes tamanhos.
O caminho é bem fácil por cerca de 3 km (ida e volta), apenas deve estar atento ao chão para não tropeçar e onde coloca a mão por conta dos insetos. Cada samaúma chega a abrigar 33 espécies de formigas e sou alérgica a maioria delas.
Se encantar com as samaúmas
A gigante da Amazônia impressiona não só pelo tamanho (alcança 70 metros), também pela sua importância na floresta. Sua copa serve de abrigo e proteção para outras espécies de flora e para inúmeros pássaros e insetos, além disso, são guias de navegação pela mata. Outra utilidade é a comunicação, bater nas suas raízes grandiosas emite um sol alto avisando quem está na mata de haver mais pessoas na trilha.
Para o ribeirinho, a samaúma é a mãe da floresta porque faz sombra para as outras plantas crescerem. Para os indígenas, é considerada uma árvore sagrada, o espírito protetor da floresta. Atenta à explicação do guia, lembrei de história parecida ouvida na América Central sobre a ceiba. A memória não foi à toa porque a árvore é a mesma, o nome científico da samaúma é Ceiba pentandra, a diferença é ser bem mais alta na Amazônia.
Quando pequena é uma árvore toda espinhenta, conforme cresce os espinhos caem e inicia a simbiose com outras duas plantas: a sapopemba (aquela parede gigante que dá sustentação ao tronco) e elianas (os cipós de vários calibres).
Por curiosidade, o filme Tainá 2 foi gravado ali, exatamente embaixo da maior samaúma visitada nesse dia. Mas a produção foi multada por alterar o ecossistema priorizando o cenário e não a natureza.
Um pouco da gastronomia
Saímos da floresta e fomos nos refrescar tomando chopp e café fresquinho na casa de uma moradora muito simpática. Lucicleide Nascimento vende os sacoles de frutas locais, no norte são chamados de chopp (e eu pensando ser cerveja). O melhor foi de taperebá, mas têm de açaí e cupuaçu.
Voltando ao início do passeio, quando pegamos o barco no porto de Santana, vimos frutinhas de açaí no chão. Devem ter caído dos carregamentos que chegam ali diariamente. Então, o guia Carlos pegou e iniciou a primeira explicação sobre a fruta e o processo para chegar ao líquido roxo amado na região.
A frutinha é grande perto da parte retirada para o alimento, comemos só a capa que ganha consistência após passar pelo batedor. Conforme explicação, são dois tipos de açaí, o paraense e o nativo do Amapá. O segundo é o mais alto, os que vi de perto eram paraenses e não deu para colher no pé por estarem muito pequenos. Os frutos eram pontinhos avermelhados nos galhos em um e bolinhas verdes no outro. Mas um ramo caiu do alto e o guia nos ensinou a provar, o que não recomendo para quem tem dentes sensíveis, precisa roer e foi dolorido.
Banho no Rio Amazonas
Voltamos pelo mesmo caminho e chegou a hora do esperado banho de rio no Amazonas, que pode ser ali ou em outra praia próxima, depende da maré.
Momento de relaxamento com a temperatura da água maravilhosa para refrescar no calor do Amapá. O rio é limpo e dá para ver peixes no raso, a cor barrenta é pela areia no fundo remexida pelas correntes e seres vivos.
Enfim, nadar nas águas do Rio Amazonas sem dúvida é uma experiência incrível, mas é importante tomar cuidados extras para garantir a segurança, além de estar atento à correnteza e somente entrar nos pontos indicados pelos guias.
Basicamente, são duas regras para entrar nos rios da Amazônia:
- Não fazer xixi porque pode atrair o candiru, aquele peixinho que entra na uretra e saí apenas com cirurgia.
- Caminhar arrastando os pés levemente ao invés de pisar diretamente no chão, assim diminui as chances de pisar em uma arraia e levar uma ferroada dolorida.
Dicas para fazer a Trilha da Samaúma
Quando ir: pode visitar a Ilha de Santana o ano todo, mas no inverno amazônico esse trajeto fica alagado e embarrado para caminhar. Fui em agosto, no início da estação da seca e foi perfeito.
Quem leva: Amapá Ecocamping, o receptivo especializado em atividades na natureza e cultura local com guia bilíngue.
O que levar:
- Repelente e protetor solar à prova d’água para ser reaplicado várias vezes. Adentrar na floresta fica menos quente, mas a umidade é bem maior e o suor escorre facilmente;
- Roupas leves para caminhada, roupa de banho e meias de algodão. Evite o preto, ela atrai mosquitos e esquenta mais ao sol;
- Tênis confortáveis ou botas de trilha;
- Boné ou chapéu não é só pelo sol forte. Havia achado desnecessário pela minha densa cabeleira, mas lá descobri a existência de uma mosca que deixa larvas no nosso couro cabeludo e deveria ter levado;
Tudo isso em uma mochila pequena e também recomendo um saco estanque dentro se a bolsa não for resistente à água.
Eu, vestida para a trilha na floresta amazônica, usei:
- Tênis leve com garras para entrar na água e secar rápido;
- Camiseta e meias de algodão, além da calça-bermuda que tirei as pernas pelo calor;
- Mini câmera de ação pendurada no pescoço;
- Mochila pequena;
- Óculos de sol.
© Todos os direitos reservados. Fotos e relato 100% originais. Imagens sem marca d’água da Amapá Ecocamping e turistas.
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