AMAPÁ

Três passeios gratuitos que unem natureza e história em Macapá


Fui para Macapá em busca da natureza pouco explorada do extremo norte da Amazônia e encontrei uma rica história desconhecida. Descobri desde uma gigantesca fortaleza colonial, a sítios arqueológicos entre os mais interessantes do Brasil e modos de vida que resistem e se reinventam. Compartilho três passeios imperdíveis e gratuitos mesclando natureza, cultura e muito aprendizado. Também onde me hospedei.

O que fazer em Macapá: roteiro cultural gratuito

Muralha de pedra da Fortaleza de São José de Macapá e vista para o rio Amazonas. Céu azul com nuvens.
Muralha da Fortaleza de São José de Macapá

1. Fortaleza de São José de Macapá: a maior da América do Sul construídas por portugueses

Às margens do rio Amazonas e rodeada por um belo parque urbano no cento de Macapá, ergue-se imponente a maior fortaleza do Brasil. Construída pelos portugueses (entre 1764 e 1782) com mão de obra indígena e escravizada para defender a Amazônia dos interesses coloniais dos outros europeus, na época, holandeses e franceses ameaçavam conquistar o território. Hoje é símbolo da resistência, porém, o orgulho é dividido já que alguns teriam preferida ser colônia de outros países.

Vista para o Rio Amazonas e trapiche do alto da Fortaleza de São José de Macapá
Vista para o Rio Amazonas

Com suas muralhas preservadas, conserva aspectos e materiais da época que revelam o passado em cada pedra. Canhões cenográficos e um visual incrível para o pôr do sol e o centro de Macapá complementam o cenário. A fortaleza é perfeita para explorar por dentro e por fora. O entorno exibe árvores, pista de bicicleta e caminhada, além da grama aparada. Local ideal para praticar esportes ou fazer um piquenique com vista para o rio.

Crianças brinca com pipa azul no céu com nuvens e em frente a muralha da fortaleza de pedra.
Brincadeiras com pipas no Parque do Forte

Nos finais de tarde do fim de semana me surpreendi com a quantidade de crianças e adultos empinando pipas ao lado das muralhas. Deixando o Parque do Forte com clima colorido e divertido.

Uma reforma iniciou logo após a minha visita e deve melhorar bastante as explicações para quem passeia por ali por conta própria. Encontrei entulhos e portas lacradas, mas também um pequeno museu com maquete e painéis com linha do tempo. A ideia é transformar o cartão-postal de Macapá em centro museológico e cultural, com café e restaurante. A previsão de conclusão das obras é dezembro de 2026.

Dica

Visite em dias de sol porque não tem cobertura para chuva. Também prefira o início da manhã para minimizar o sol forte na cabeça. Mas volte quase no horário de fechar para apreciar as luzes do entardecer. Leve água e passe repelente.

Onde: na rua Cândido Mendes, 1611, aberto de terça-feira a domingo das 8h às 17h. Já o Parque do Forte tem diferentes entradas e funciona até às 20h30.

2. Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva

Discreto por fora e rico por dentro. O museu é uma excelente introdução para entender a formação do Amapá e de Macapá, inclusive sobre a Fortaleza e a disputa entre Brasil e França pelo território. Grandes mapas e painéis com textos e fotos explicam a trajetória da região enquanto um monitor acompanha tirando dúvidas em um rápido tour. Destaque para os documentos e peças de cerâmica pré-históricas como as urnas funerárias originais.

Urnas funerárias milenares no acervo do museu
Urnas funerárias podem ser milenares

O patrimônio arqueológico do Amapá é um dos mais impressionantes do Brasil, sendo encontrado principalmente nas regiões de Maracá, Calçoene, Oiapoque e Pacuí.

Fachada colonial do
Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva pintada de amarelo, no centro de Macapá
Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva

Onde: na avenida Mario Cruz, 0376. Aberto de terça a sexta-feira das 9h às 18h e sábado até às 13h. Acessível para mobilidade reduzida.

quero dicas do Brasil

3. Museu Sacaca: atrativo mais interessante de Macapá

Um mergulho no modo de vida das comunidades tradicionais do Amapá desde os primeiros habitantes, além da fauna, botânica e curiosidades da região. O Museu Sacaca surpreende pela proposta e execução. Logo na entrada, terá a oportunidade de conhecer o legado do mestre Sacaca, personalidade local que difundiu a medicina natural no estado e deu nome ao atrativo.

Casa de ribeirinho nas margens de rio verde rodeado por vegetação intensa
Casa de ribeirinho

Em curtas caminhadas por passarelas e ambientes recriados para se sentir na floresta amazônica, aprendi sobre os povos originários, a vida ribeirinha e o cotidiano do caboclo. Além de centro cultural repleto de informações interessantes, é local agradável para relaxar em meio a natureza com praça de alimentação e bancos espalhados.

Algumas partes estavam em reforma, mas sem atrapalhar. Ao contrário, melhorias como novos caminhos, réplicas revitalizadas e sinalização trilingue (português, francês e inglês) mostram como o lugar está se preparando para receber viajantes. Lembrando que o Amapá faz fronteira com dois territórios franceses: Suriname e Guiana Francesa. Vi muitos turistas desses países circulando nos atrativos e eles não falam português.

Casa familiar dos povos Wajãpi onde a parte de cima é para dormir e a de baixo para atividades cotidianas como brincadeiras e cozinhar
Casa familiar dos povos Wajãpi onde a parte de cima é para dormir e a de baixo para atividades cotidianas como brincadeiras e cozinhar

Pontos imperdíveis do Museu Sacaca

Mulher de óculos escuros e blusa roxa sorri na proa de barco típico da Amazônia.
Na proa do Regatão

Algumas paradas têm luz linda para fazer fotos como no Regatão. Um comércio ambulante existente desde o tempo do Brasil Colônia. O barco venda funciona levando comida, remédios, notícias e o necessário para as comunidades ribeirinhas. E nem sempre a moeda foi dinheiro, o pagamento podia ser em borracha, sementes, cacau, animais ou o que tivessem da mata para oferecer como escambo.

Ossada de baleia Jubarte em exposição no museu de Macapá
Ossada de baleia Jubarte

Destaque também para a baleia jubarte encalhada encontrada na foz do Rio Amazonas, os ossos foram reposicionados e os painéis explicam o acontecimento.

Escada frágil para buscar castanha ou coco
Escada frágil para buscar castanha ou coco
Raiz da palmeira paxiúba
Palmeira paxiúba

Fui no meio da tarde, durante a semana, e achei muito tranquilo, com som dos pássaros e poucos visitantes. Eu, distraída com tantas árvores diferentes, demorei para perceber centenas de jabutis no chão. Eles não alcançam as passarelas, mas são super curiosos (imagino que esperem comida, porém, fiquei só nas fotos e recomendo fazer o mesmo). Aí foi fácil começar a ver pequenos lagartos, cágados e até camaleão de longe. Tem até mata mata, o único carnívoro dos cágados.

Dica

Reserve ao menos duas horas para visitar todos os espaços, e muito mais para tirar fotos e relaxar.

Onde: na avenida Felíciano Coelho, 1509. Aberto de terça-feira a domingo das 8h30 às 17h30.

Onde me hospedei em Macapá

Durante esta viagem fiquei hospedada em três lugares diferentes, mas só recomendo dois. Assim como em Belém, as notas e comentários são ruins e faltam boas opções. Portanto, não deixe para reservar de última hora como eu fiz, só por isso acabei em uma hospedagem desagradável pelo mofo.

Para quem não abre mão do conforto e excelente café da manhã, Amapá Hotel é o melhor pela estrutura e localização central com vista para o rio e curta caminhadas dos principais pontos turísticos do centro.

Quando visitei o Museu Sacaca estava hospedada no Hotel Norte e fui a pé por estar menos de 1 km de distância. Hospedagem simples, limpa, com bom café da manhã e mais perto do aeroporto.

Para fechar por hora

Macapá me deu mais do que esperava e confesso, achei muito mais agradável e organizada a Belém. Voltei com lições de história não aprendidas na escola e pouco encontradas nos livros.

Em breve, conto o meu roteiro completo de cinco dicas na capital, mas já pode ler sobre a imersão na floresta no tour Trilha da Samaúma e as delícias gastronômicas da Amazônia.

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Roberta Martins

Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 18 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram

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