Campeche: natureza e estilo de vida no sul de Floripa

A região conhecida como Campeche, na verdade, é um distrito composto pelo conjunto dos bairros: Rio Tavares, Novo Campeche, Campeche, Morro das Pedras, além da Ilha do Campeche. Um trecho contínuo de areia e mar aberto desde a divisa com a Praia da Joaquina até Morro das Pedras, com dunas e restinga para imersão na natureza. Um pedaço do sul da ilha que mistura natureza selvagem e urbanização acelerada. É um reduto descolado de gaúchos há anos e atualmente também de nômades digitais.

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Visito desde a infância e, mesmo com o avanço das construções nos últimos anos, ainda encontro refúgios em áreas preservadas onde sigo por trajetos na areia com túneis de vegetação nativa me protegendo do sol até o azul intenso do Oceano Atlântico se revelar. Prefiro caminhar por Rio Tavares e entre Campeche e Morro das Pedras. No Novo Campeche, as construções atuais mudaram a atmosfera tranquila. Embora, valha a pena pela infraestrutura, perde um pouco da conexão com o natural.

Como sempre, procuro explorar o máximo a pé, seja nas ruas asfaltadas, beira-mar ou trilhas. Nessa última visita, em julho de 2025, notei que nem sempre há calçadas entre os bairros e isso dificulta circular a pé ou de bicicleta com segurança pelas rodovias.

Um distrito em transformação: entre dunas preservadas e condomínios

A Avenida Pequeno Príncipe, principal eixo do bairro, concentra comércios, bares e opções de serviços para desfrutar durante o dia ou à noite. O nome é referência à famosa obra do escritor Saint-Exupéry, que voava entre Paris e Buenos Aires nos anos 1920 e 1940 e parava ali, onde hoje é o Aeroporto Internacional de Florianópolis, para reabastecer o avião. Conforme a lenda, ele teria apelidado a região de “Champ et Pêche” (campo e pesca), e acabou virando Campeche. Mas outra vertente diz ser o nome de uma árvore encontrada na ilha em frente chamada pau-campeche.

Com o passar das décadas, os grandes terrenos deram lugar a condomínios residenciais e especulação imobiliária na capital, principalmente no Novo Campeche. A estrutura veio, no entanto, alterou a paisagem. Felizmente, as áreas protegidas já estavam demarcadas, mantendo trechos de dunas e praias selvagens.

Praias para curtir no Campeche

A Praia do Campeche, excluindo os seus cantinhos nomeados, é a maior do sul da ilha em extensão. Tem ondas fortes, água gelada e uma faixa larga de areia. Os trechos conhecidos como Riozinho e Lomba do Sabão são os mais movimentados, famosos por atrair atletas, locais e turistas, com quadras de esportes e clima despojado.

Campeche é destino ideal para kite e surfe, especialmente no inverno, com ventos constantes e boas ondas. É importante estar atento às bandeiras vermelhas e, de preferência, entrar na água onde tenha salva-vidas.

Já Rio Tavares é mais residencial, com acessos mais reservados ao mar por trilhas curtas atravessando a restinga. Uma dessas leva ao Pico da Cruz, ponto de memória e contemplação onde uma cruz homenageia um padre morto por afogamento décadas atrás. São várias dunas para caminhar e observar fauna e flora, inclusive com lagoas sazonais.

Enquanto Morro das Pedras mistura costão rochoso com área boa para banhos, também abriga uma das trilhas mais bonitas da região rumo ao mirante de mesmo nome.

Novo Campeche tem mar agitado, mas clima calmo fora d’água. É ali onde se concentram os edifícios modernos, ruas empoeiradas pelas obras, condomínios de alto padrão e beach clubs. O acesso à praia também é por dunas com vegetação.

Ilha do Campeche: arqueologia e paraíso azul

Com apenas uma praia e 500 metros de extensão, a Ilha do Campeche tem uma das águas mais transparentes de Florianópolis. Mas não é só beleza natural, também é um dos mais importantes sítios arqueológicos de Santa Catarina, com inscrições rupestres. Por isso, é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e protegida por regras rigorosas.

A visita à ilha é limitada a 800 pessoas por dia (770 fora da alta temporada) e só pode ser feita por embarcações autorizadas ou quem se aventura de caiaque. Os barcos partem das praias do Campeche, Armação ou Barra da Lagoa com duração entre 10 e 30 minutos. O desembarque é molhado, pois não há trapiche e depende das condições do clima no dia. Prepare-se para se molhar e reserve com antecedência. Ir de caiaque parece ótimo, mas no verão e confirmando as condições do mar com os salva-vidas, a correnteza é forte e pode ser arriscado. Também precisa fazer cadastro prévio no site da prefeitura se for por conta própria.

Ali há um restaurante, percursos guiados somente com monitor credenciado, snorkel e mergulho (equipamentos disponíveis para alugar). Não há coleta de lixo, os visitantes devem levar os seus resíduos de volta. As regras ajudam a preservar esse patrimônio natural e histórico.

Além das praias, o que fazer no Campeche

A Lagoa Pequena é rodeada por trilhas curtas e calçadas para caminhadas margeando um dos lados, com parada no deck para o pôr do sol. Na última visita, achei o início da trilha pelo Google e tentei fazer, mas estava sozinha e a intuição falou alto, tinha um motoqueiro me encarando de um lado e um cara com um facão cortando galhos do outro. Na dúvida, optei por seguir pela calçada, mesmo os locais garantindo que era tranquilo andar por ali. É preservada por lei como parte do Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição.

Para os dias nublados ou um programa mais urbano, o Multi Open Shopping é completo com cinema, lojas, gastronomia e agenda de eventos o ano todo e para todas as idades.

Para quem também adora se meter no mato em busca de mirantes, a trilha Morro do Lampião  leva ao ponto mais alto: Pedra do Urubu, com vista panorâmica do entorno. São 1,5 km, o percurso, partindo da rua Pau de Canela. Outra opção é a trilha até o Morro das Pedras, com cerca de 3 km ida e volta, saindo do costão próximo da Praia da Armação ou faixa de areia do Campeche. Ambas são bem marcadas e frequentadas, seguras para fazer durante o dia, mesmo sozinho. Lembre-se de levar água e celular, vestir roupas adequadas e evitar voltar à noite.

Onde se hospedar no Campeche: prático e acessível

Não espere grandes redes ou resorts, vai encontrar muitas pousadas, hostels e casas por temporada. A melhor localização depende do seu interesse. No verão, acho bom ficar perto do mar e acabo hospedada na casa de amigos. Nas outras estações e para quem está de carro, recomendo a minha última experiência no Smart e suas duas unidades na SC-405: hostel e private com fácil acesso ao aeroporto e demais pontos turísticos de Florianópolis.

Smart Hostel Private

Fiquei alguns dias hospedada em uma suíte privativa com cama confortável, TV, Wi-Fi, ar-condicionado, frigobar, secador de cabelo, mesa de trabalho e excelente chuveiro. Tem área de convivência coberta e estão construindo churrasqueiras na propriedade. Caminhando poucos metros, está localizado o hostel onde pode utilizar a cozinha compartilhada com utensílios completos e mais áreas de convivência.

Os funcionários foram super prestativos, dando dicas de lazer e ajudando em tudo o que precisei. Mas é possível se isolar, se quiser, o atendimento é feito previamente por WhatsApp, por onde enviam o nome do quarto e as senhas de acesso às fechaduras eletrônicas para entrar e sair a hora que quiser sem depender de chaves ou portaria.

Nos quartos compartilhados estavam colocando cortinas nas camas e vi lockers de vários tamanhos nos corredores. Os banheiros são modernos e tudo estava sempre limpo quando passei por ali.

Reserve Smart Hostel pelo telefone 48 984789940 ou Booking.com, onde a nota está 8,4, Muito Bom.

Qual a melhor época para visitar a Praia do Campeche

Para quem busca temperaturas quentes, o ideal é viajar entre novembro e abril, apenas nos feriados, e em janeiro fica lotada de turistas e com engarrafamento. O inverno pode ser chuvoso como foi na minha última visita, mas tem atrativos únicos como a oportunidade de ver baleia-franca e acompanhar a pesca artesanal da tainha. Com tempo bom, é o clima ideal para fazer trilhas ou longas caminhadas pela areia da praia. Chover ou não em Florianópolis, é imprevisível em qualquer época do ano.

Onde comer e beber no Campeche

No trecho que vai da Avenida Pequeno Príncipe até a praia, estão os quiosques e restaurantes mais tradicionais e meus preferidos foram:

• Ori Boteco: um bar super tradicional do continente que ficou na moda nos últimos meses e abriu no centro e no Campeche. Peça as almôndegas.  
  
• Meninas de Minas Café, Pão de Queijo e Empório: cafeteria charmosa com produtos mineiros e chás com blends especiais a poucos passos da praia do Campeche.  
  
• Paradoxo de Fermi: cervejaria artesanal com menu variado.

Na SC-405 estão os restaurantes com bufê frequentado por moradores, como:

• Restaurante GiraSol: comida caseira e variada para o almoço.
  
• Sítio Casa Branca: bufê simples, econômico e local.

No Novo Campeche, encontrei:

• Engelke Café e Padaria Pães & Cia: cafeteria gourmet e saudável.
  
• E a UNIKA com ótimas cervejas artesanais e conceito sustentável, onde o copo não é descartável e deve pagar por ele, mas é retornável e devolvem o valor pago ao entregar o copo. Tem em dois endereços, no Multi Shopping e no Galerica NC.

Como chegar

A zona central do distrito fica a 14 km do centro histórico de Florianópolis e 7 km do Aeroporto Internacional, com acesso principal pela SC-405. Já a SC-406 é a rodovia de acesso ao Novo Campeche e ao Multi Open Shopping.

Pode ir de carro, ônibus (linha TICEN-TIRIO chega mais próximo e leva 2 horas) ou transporte por aplicativo. Porém, já tive dificuldades de conseguir UBER de madrugada, principalmente durante a semana. No verão, pelo tráfego intenso, e no inverno, pelo pouco movimento. Alugar um carro é uma boa opção para explorar com liberdade.

Para circular entre as praias e o centro, algumas linhas de ônibus, como 410 – Rio Tavares, 430 – Rio Tavares Direto, fazem esse trajeto.

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Novidades: sustentabilidade e convivência

A recém-inaugurada Praça Bosque é mais um espaço de lazer no bairro. Com 3.400 m², oferece pista de corrida, quadras de beach tennis e basquete, área pet e playground infantil. A estrutura prioriza sustentabilidade: materiais ecológicos, LED, captação de água da chuva e espécies nativas. Situada na rua Jardim dos Eucaliptos, no caminho para a Lagoa do Peri.

Verifique a agenda de eventos nos bairros durante a sua estada, na alta temporada sempre há festivais e programações culturais variadas.

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