Roteiro um dia e meio em Pelotas

Tenho o maior orgulho em afirmar como achei a minha cidade natal a mais preparada para receber turistas entre todas da Rota Caminho Farroupilha. Sem querer desmerecer as outras com seus charmes e peculiaridades. Apenas analiso todo o conjunto e Pelotas pareceu oferecer a estrutura mais completa. Inclusive se apresentou muito melhor agora do que nas minhas antigas tentativas de fazer turismo. Trago hoje o roteiro um dia e meio para quem esta só de passada.

O texto continua após os serviços recomendados.

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Pelotas

Pelotas é uma cidade universitária. Tem vida cultura ativa, bons hotéis e muita história preservada (a primeira referência data de 1758). E como eu falo desde sempre, ótimas opções gastronômicas. Além dos grandes amigos e família que deixei por aqui, minhas melhores lembranças são relacionadas ao paladar e assim começou o roteiro turistando na terra nacional do doce.

Primeira noite em Pelotas (terceiro dia da Rota Caminho Farroupilha)

Chegamos na terça a noite morrendo de fome e sem nada marcado, eu e Criz pensamos direto no X. O mega recheado sanduiche prensado famoso em todo Rio Grande do Sul tem as receitas mais saborosas em Pelotas. Costumava ser vendido em bicões (os food trucks de hoje) onde estacionávamos o carro, dávamos sinal de luz e um funcionário vinha pegar o nosso pedido ou ligava pra tele-entrega para comer em casa.

Alguns evoluíram levando o trailer para dentro do restaurante e foi a nossa escolha porque também seria novidade pra mim, mas não gostei do atendimento nem da forma como foi prensando. Por isso recomendo o que costumo pedir por telefone: Cannil Lanches. Depois nos dividimos entre os hotéis Curi e Curi Palace, ambos com localização central e quartos reformados recentemente.

HOTEL EM PELOTAS

Passei duas noites confortáveis no apartamento superior do Curi Palace Hotel, hospedagem com mais 40 anos de tradição na cidade. A suíte é silenciosa e equipada com ar condicionado, frigobar, secador de cabelo, amenidades e TV a cabo. O sinal wifi é liberado aos hóspedes, mas só ficava rápido pela manhã. O café da manhã é farto servido em sala decorada por fotos antigas de Pelotas. Também tem restaurante e estacionamento.

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A história, os doces e a comilança no segundo dia

Carolina, do Pelotas Convention & Visitors Bureau, nos esperava para uma caminhada pela Praça Coronel Pedro Osório, o melhor ponto de partida para um passeio histórico. Dentro da praça e nos seus arredores se concentram construções históricas importantes. Entre elas o chafariz, os casarões de famílias tradicionais, o teatro mais antigo do Rio Grande do Sul, a Prefeitura, a Biblioteca, o Mercado Central e outros.

Ali pegamos o Expresso Quindim, ônibus turístico de 1961 que nos leva para um city tour especial até as charqueadas com paradas na Catedral Metropolitana São Francisco de Paula e Baronesa. Quem ainda não associou o nome do negócio ao produto, charqueada é onde faziam o charque. Ingrediente principal do Arroz de Carreteiro, nossa receita campeira mais famosa.

Na Charqueada São João teve visita guiada pela propriedade, aula sobre charque e passeio de barco mostrando outra perspectiva das charqueadas da região (passeio semelhante fiz na Charqueada Boa Vista e conto no link). Como a maioria das casas não está aberta ao público, ver as fachadas delas e ouvir as explicações do Marcelo na calmaria de um belo dia de sol é um rico de um passeio, como falam por aqui.

DICAS DE PASSEIOS

Expresso Quindim parte da praça em frente ao Mercado Central

Primeiro baixe o aplicativo Pelotas Tem Para ter informações atualizadas, história das construções, mais opções de lazer e roteiros com mapas. Se estiver em um grupo com menos de 10 pessoas, aconselho verificar com antecedência as opções oferecidas pelos receptivos locais porque a maioria dos atrativos não funciona para turistas individuais.

Interior do barco da Charqueada São João

Expresso Quindim tem roteiros comercializados pela Terra Sul Turismo que devem ser adquiridos com antecedência. Informe-se na loja do Mercado Central de Pelotas.

Charqueada São João (1780) é a mais antiga e diretamente ligada à origem do município. Pelotas é o nome das embarcações de couro utilizadas para levar o charque pelo Arroio Pelotas. É aberta ao público sob agendamento oferecendo visitas guiadas, passeios de barco e espaço para eventos. Reservas pelo site.

Antigo Prédio do Banco do Brasil (1918) visto do alto

No Centro Histórico vá até o segundo andar da Biblioteca Pública para ver a praça do alto e reserve um bom tempo para o Mercado Público.

Impressões Pelotenses — Pinturas de Aldo Locatelli na Catedral

Catedral Metropolitana São Francisco de Paula teve a capela construída em 1813, mas só nos anos 1940 assumiu a configuração atual baseada no projeto de 1847. Quando virou uma grande e imperdível obra de arte pintada pelos artistas italianos Aldo Locatelli e Emilio Sessa.

A visita guiada pela fábrica de doces Imperatriz foi especial para o nosso grupo, mas o roteiro deverá ser lançado em breve.

Nós visitando a fábrica de doces Imperatriz

Na sequência teve almoço Crêperie Bistro, visita guiada a fábrica Imperatriz Doces Finos e, no final de tarde, parada para um café na confeitaria Imperatriz. Agora dentro do agradável Mercado Central de Pelotas (foto destaque). Para finalizar a fartura, uma parrilla típica uruguaia no Mercado del Puerto.

ONDE COMER EM PELOTAS

Os restaurantes visitados neste roteiro já não existem mais, mas tenho um texto atualizado sobre o tema com outras indicações no texto A comida daqui.

Imperatriz Doces Finos fica na banca 40 do Mercado Central. Além dos tradicionais doces de Pelotas, tem café, compotas e salgados.

Cannil Lanches não fez parte do nosso roteiro, mas eu prefiro recomendar esta opção. O trailer abre todas as noites na frente a praça da Caixa Dágua. Na rua Pinto Martins, 343 ou no tele-entrega: 53-3225.3177.

Pala para esquentar comprado na Sallaberry de Pelotas

Compras antes de pegar a estrada rumo ao Pampa

Depois do sucesso que as fotos de prenda em Guaíba fizeram nas redes sociais e Gardênia querendo levar um pelego de ovelha para sua mãe, levei as amigas na Agropecuária Sallaberry. Quem só conhece pela fachada nem imagina os artigos de vestuário, bazar e acessórios que se escondem no meio dos produtos veterinários. Entre roupas de gaúcho, encontramos até brinquedos da Revolução Farroupilha e o pala que serviu de figurino em um dos cenários mais bonitos da viagem. E claro, aproveitamos pra fazer fotos pilchadas, que eu acho mais elegante a se vestir de prenda. Concorda?

VAMOS ÀS COMPRAS!

Agropecuária Sallaberry tem sua maior loja na Avenida Fernando Osório, 1531. Via de entrada ou saída para quem vai ou vem de Porto Alegre com amplo estacionamento. Bem mais prático do que parar nas lojas do centro.

Aproveite também as lojas do Mercado Central para comprar souvenires moderninhos como a formiga da Fenadoce. Destaque para os delicados produtos criados pelas rendeiras da colônia de pescadores ou pelo grupo Bichos do Mar de Dentro ou pelas artesãs da Ladrilã de ovelha. Todos disponíveis na banca 43 – Artesanato da Costa Doce.

Para concluir, apesar de dificuldades impostas ao turista como exigir reservas com antecedência e número mínimo de pessoas para algumas atrações acontecerem ou de alguns empresários locais desvalorizarem a possibilidade de ser um potencial destino turístico, a Princesa do Sul (nome anterior) parece estar no caminho certo e merece a sua visita. Organize uma parada quando estiver a caminho do Uruguai ou planeje uma viagem pela Costa Doce, caso não possa fazer o Caminho Farroupilha completo.

E A REVOLUÇÃO FARROUPILHA?

Segundo historiadores, Pelotas foi palco da primeira batalha naval travada em águas brasileiras em junho de 1836, quando os Farrapos venceram os Imperialistas. Além dos sangrentos confrontos em busca da saída para o mar pelos canais e Lagoa dos Patos, a riqueza gerada na época pelo charque foi fundamental para bancar a revolução que se estendeu por 10 anos (1835-1845).

A viagem #RotaFarroupilha é um projeto do Territórios em parceria com As Peripécias de uma Flor, Café Viagem, Mochilinha Gaúcha e participações especiais de Andarilhos do Mundo e da jornalista Criz Azevedo. O roteiro teve o apoio de empresas regionais como BC&M Advogados e Agropecuária Sallaberry, além do suporte do Sebrae Costa Doce e de algumas secretarias de turismo. A ideia surgiu ao saber da Rota Caminho Farroupilha elaborada pelo Sebrae RS. É oferecida como pacote turístico pela Tchê Fronteira Turismo.

Fotos de Roberta Martins e Gardênia Rogatto.

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