ESTADOS UNIDOS

Para conhecer Portland de verdade (com strip-tease)


Passeio por uma casa de strip-tease? Portland é uma das que tem mais casas do ramo dos EUA? Sua namorada é quem está te levando? uh? Sério?

Verdade. E seria uma comédia se não fosse um suspense. Tudo começou quando fui visitar a namorada em Portland. A cidade que fica perto de Seattle ostenta a fama de ser uma das que mais possuem casas de strip-tease do país. Já tinha ouvido um boato sobre isso, mas claro, nem comentei com a gata. Mesmo sendo americana, não sabia qual poderia ser a reação dela. Preferi não arriscar.

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Portland

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Últimos dias antes de voltar, ela começa a me mostrar o que faltou conhecer da cidade para dizer que tive uma experiência completa. Passei por um lanche tradicional de queijo torrado, um caminho que beirava o rio da cidade e até um lanche de pasta de amendoim com geleia de morango – estranho pra caramba (que minha namorada não leia) e, por fim, o “gran finale”. O que estava faltando? Me fiz de desentendido e perguntei.

Caminho beirando o rio que corta Portland
Caminho beirando o rio que corta Portland

E ela, na maior naturalidade, me “lembrou”: uma experiência numa casa de strip-tease. Sério? Se fosse antes, quando era novo, acharia a ideia única. Imagina contar para os amigos que tinha ido ver strip levado pela namorada? Era quase uma cena de filme. Daquelas que não acontecem NUNCA na vida real. Você lá, vendo mulheres com corpos lindos, dançando e se contorcendo nas barras de ferro e sua namorada ao seu lado, tranquila e achando tudo normal. Não… isso nunca aconteceria.

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Para conhecer Portland de verdade

Ainda não tinha entendido o truque, perguntei qual dos seus amigos iria comigo e aí veio o suspense. “EU vou te levar lá. Eu e minhas amigas” (!!!) Ah? Como? Digo… quando? Fiquei sem palavras. Ela? E ainda com amigas? Já vi tudo. Elas queriam era ver minha reação e discutir entre elas o que achavam, tipo aqueles experimentos com animais onde o macho é colocado entre mil fêmeas ao redor pra estudá-lo. Claro que elas tinham aquela ideia de que todo brasileiro é doido por mulher e queriam ter certeza (era só perguntar que eu confirmava poxa, risos).

Mas ela parecia tão calma, como se aquilo não tivesse nenhuma importância. Ok. Para. Pensa. Pensa mais. Mais um pouquinho. Faz cara de que está tudo bem. Ela pensa que está tudo bem. Beleza. Agora, o que fazer? Correr? Inventar que está com dor de barriga? Dizer que já viu muitos lugares como esse e que não seria diferente? Mas preferi dizer…”Sure, cool!” (claro, legal!) O negócio agora era partir para a experiência.

Encontramos as amigas dela num bar, antes de partir para o strip. Fui dirigindo o carro mais quieto que um mudo numa ópera. Até que chegamos. A casa não parecia nada secreta, uma grande placa no alto já mostrava sua arte: Devil’s Point (ponto do diabo).

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O strip-tease

Posando de tranquilo com as amigas da namorada antes da experiencia
Posando de tranquilo com as amigas da namorada antes da experiencia

Uma geral do segurança e voilá! O lugar era grande. Meus olhos brilhavam como os de uma criança que entra numa fábrica de chocolates. Opa. Não demonstra alegria pra gata. Tranquilo, sabia que aquelas aulas de teatro tinham valido a pena. Ela checava minha fisionomia de tempos em tempos. De rabo de olho já vi uma mulher dançando no palco do canto, linda! Fomos para o bar na frente do palco principal e sentamos numa mesa bem na frente. Olhei ao redor e não acreditei. Mulheres e homens dividiam o espaço para ver as meninas dançarinas. Uh? Sei que mulheres sempre leem revistas masculinas, que gostam de ver as fotos, de discutir o corpo das modelos com as amigas… mas isso? Dei umas piscadas para ver se era verdade mesmo. Não tinha como não perguntar: É comum as mulheres virem aqui? “Claro!”, ela respondeu. “Amamos isso!”.

Enquanto tentava entender aquilo, uma menina com corpo de bailarina começou a dançar bem na nossa frente. Minha namorada começou a falar sobre a dançarina com as amigas. Então é isso. Elas veem aqui pra falar mal das garotas. Nessa minha viagem mental, uma das amigas me pergunta o que eu tinha achado da menina. O que dizer? A verdade? Que ela era linda, que cada parte do seu corpo parecia uma escultura? Ou mentir? Dizer que não era nada especial, que já tinha visto melhor? Optei pelo meio…”É, ela é bem bonita, dança bem”. Elas concordaram e continuaram a elogiar a menina. Nada de criticas. Hum, julguei mal.

E não pararam. A cada nova dançarina, novos elogios. E assim a noite foi passando. Cervejas vem, dólares vão – eu mesmo coloquei varias notas no balcão onde elas dançavam, sem ao menos pensar se a namorada ligaria (e ela ainda dizia “essa realmente valeu a pena”). E assim fui acreditando, pouco a pouco, que realmente era normal.

Conclusão

Percebi que o strip-tease por aqui não é um tabu como no Brasil. É só um lugar para encontrar amigos, beber e, como distração, ver umas mulheres quase nuas dançando na sua frente. Claro que a linha da normalidade passou longe dos meus parâmetros. Uma coisa é admirar uma foto de uma mulher numa revista, outra é estar conversando com um amigo e, de repente, uma mulher aparecer na sua frente, mostrando sua sensualidade e a conversa continuar normalmente, como se não fosse real.

Notei também que essa busca por ser moderninho, pode deixar uma sociedade mais fria, onde nem as partes mais intimas de uma mulher causam surpresa. Uma pena. Para mim, a falta de interesse pela sensualidade do ser humano pode ser o inicio da falta de respeito pelo próprio ser-humano.

Ainda prefiro nossa forma – hipócrita, alguns vão dizer, de esconder a sexualidade brasileira. Ajuda a manter tudo único e especial. Mas que a experiência de conhecer Portland foi interessante, foi.

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Rodrigo Baena

Rodrigo é natural de São Paulo, mas é cidadão do mundo. Ele morou na Inglaterra, Índia, Itália e agora em Portland, no norte dos Estados Unidos, onde já está a mais de 12 anos.  Formado em Jornalismo e apaixonado por histórias, ele vem dividindo sua experiência como colaborador escritor em vários blogs internacionais. Ele fundou recentemente o LONG LIFE LOCALS, um projeto para influenciar pessoas a se conectarem com pessoas e empresas locais quando viajarem. Rodrigo é autor de 3 livros (um em português: “Me reinvento sempre que a vida pede um pouco mais de mim”), é palestrante, produtor de eventos, pesquisador de felicidade e dono do CafeFavela Brazilian Cafe, um café brasileiro em Portland, Oregon, nos Estados Unidos. | Siga no Instagram

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